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opinião

O templo de Mica

Se existe uma atividade que deixa o Senhor irado é a idolatria.

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Havia um homem chamado Mica, dos montes de Efraim,
que disse certa vez à sua mãe: “Os treze quilos de prata que lhe foram roubados e pelos quais eu a ouvi pronunciar uma maldição. Na verdade a prata está comigo; eu a peguei”. Disse-lhe sua mãe: “O Senhor o abençoe, meu filho! ” Quando ele devolveu os treze quilos de prata à mãe, ela disse: “Consagro solenemente a minha prata ao Senhor para que o meu filho faça uma imagem esculpida e um ídolo de metal. Eu a devolvo a você”.

Mas ele devolveu a prata à sua mãe, e ela separou dois quilos e quatrocentos gramas, e os deu a um ourives, que deles fez a imagem e o ídolo. E estes foram postos na casa de Mica.
Ora, esse homem, Mica, possuía um santuário, e fez um manto sacerdotal e alguns ídolos da família e pôs um dos seus filhos como seu sacerdote.
Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo.

Se existe uma atividade que deixa o Senhor irado é a idolatria.

A idolatria se conceitua em adoração a ídolos, ato de prestação de culto divino a criaturas, amor cego, paixão exagerada. A veneração também se classifica como idolatria, pois outro ser está ocupando um lugar que pertence única e exclusivamente a Deus.

Segundo a Bíblia Shedd, sobre Jz. 17:1. “Os capítulos 17-21 distinguem-se dos demais do livro de Juízes. Não obedecem qualquer sequência cronológica. Os acontecimentos não tem indícios de data. A seção é um apêndice do livro.”

O protagonista do capítulo 17 do livro de Juízes é Mica, cujo nome significa: “Quem é como Jeová” ou “Aquele que se parece com Jeová”, verdadeiramente um nome de peso. Infelizmente este personagem nos trará lições preciosas de como a idolatria pode cegar o homem no tocante a vida espiritual e também pode dar início a uma jornada de sincretismo religioso e doutrinas heréticas.

Pelo contexto entendemos que Mica e sua casa eram judeus, entretanto serviam aos falsos deuses e também ao Senhor. Era uma época sem liderança em Israel, “cada um fazia o que lhe parecia certo.” (v.6)

Mica havia roubado treze quilos de prata de sua mãe. Por isso dia e noite ele a ouvia amaldiçoando o ladrão em nome dos deuses cananeus. Amedrontado, ele, então, confessa o furto. Sua mãe, tentando neutralizar a mandinga resolve, então, fazer uma imagem de fundição e uma esculpida dos ídolos que eram devotos. Tipo uma negociação para neutralizar as maldições que havia proferido.

Era comum entre os judeus desviados cultuarem a deuses domésticos chamados de “Terafins” ou “Baalins”. Estes podiam ter o tamanho de uma estatueta de uns dez centímetros até a medida de um ser humano natural.

Mica coloca as imagens em seu santuário particular, faz uma vestimenta imitando a dos sacerdotes do Senhor e consagra seu próprio filho como o sacerdote do “panteão” (Lugar onde antigamente os Gregos e Romanos depositavam seus deuses).

De acordo com os oráculos do Senhor, o sacerdote deveria ser um levita e passar por todo o ritual de consagração com água, óleo e sangue, para poder exercer sua função. Não vemos nada disso acontecer com o filho de Mica, foi consagrado simplesmente porque era seu filho.

Vergonhosamente assistimos esta mesma atitude quando, em algumas igrejas, ao substituírem pastores que estão jubilando, não se ora mais para o Espírito Santo dirigir na escolha do candidato, descaradamente aplicam o nepotismo e apadrinhamento colocando pessoas despreparadas e sem chamado ministerial para posições de destaque na igreja.

Quando olhamos para a origem de algumas igrejas denominadas “Cristãs Evangélicas” e percebemos seus cultos completamente desfocados dos parâmetros Bíblicos, testificamos que este sacerdócio estabelecido por Mica ainda prevalece até hoje.

Seguindo o significado do próprio nome, Mica. “aquele que se parece com Jeová”, são movimentos que à primeira vista pode até ser classificado como “Igreja do Senhor”, mas quando observamos o cerne concluímos que não passam de mais um antro herético de abominações, idolatrias e perversões, completamente desconectados das verdades do Evangelho de Jesus.

Algumas até com Templos suntuosos e onde procuram ressuscitar os cultos da época da Lei, os utensílios, vestimentas, e rituais que eram meros símbolos do que se cumpriu em Cristo Jesus. Não passando de um culto herético. Parecem ser de Deus mas não são.

O pior é quando igrejas históricas, que tinham um perfil doutrinário alinhado com as Santas Escrituras, que entraram no caminho de Mica, se transformam em mais uma agência do inferno.

Nada está tão ruim que não possa piorar mais um pouco. Na sequencia, nos é dito no texto que, do nada, aparece um levita vindo de Belém de Judá, seu nome era Jônatas, filho de Gerson e neto de Moisés, o rapaz tinha “Pedigree”. Mica lhe pergunta: Donde vens? E ele lhe respondeu: Sou levita de Belém de Judá, e vou peregrinar onde achar conveniente.”(v.9)

De vez em quando bate em nossa porta um “Levita” de “Pedigree”  procurando um lugar que lhe seja conveniente, que tenha sombra e água fresca, um lugar que tenha empresários novos convertidos que possa enganar com profetadas, irmãzinhas encalhadas e desconsoladas que ele possa trazer algum conforto lascivo, líderes que não conheçam Bíblia que ele possa enganar e crentes generosos que ele venha tirar proveito. São aqueles que dizem viver da fé, só que é da fé dos outros.

Acredito que o Senhor chame homens e mulheres para uma obra exclusiva sim, mas isto é para os poucos fiéis e não para vagabundos aventureiros.

Imagine o que se passou pela cabeça de Mica, ele já tinha um santuário particular, um sacerdote e agora sentia-se “abençoado” por um “Levita” original, neto do próprio Moisés ir bater em sua porta. Só pode ser Jeová neste negócio!

Não se engane!

Este “levita” não poderia ser consagrado, pois era muito novo, segundo Numeros 8.24 para oficiar diante do Senhor deveria ter mais de vinte cinco anos; não havia passado pelo processo de consagração pública, não poderia servir em um sistema sacerdotal separado; não pertencia à família de Arão e o Senhor não chama desocupados para a Sua Obra.

O fim da história de Mica é triste, como a história de muitos que se enveredaram pelo seu caminho. Mica perdeu o Sacerdote, lhe roubaram os ídolos e o manto. Na rapidez que começou seu ministério profano o viu terminar.

Que o Senhor nos guarde de entrar por esta vereda.

Graduado em Teologia. Pós-graduado em Teologia Bíblica. Mestre em Sociologia da Religião. Doutorando em Teologia.

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