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Sonhos: entre a intuição pessoal e a autoridade das Escrituras

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Sonhos e visões: entre a intuição pessoal e a autoridade das Escrituras

No silêncio da noite, quando a mente começa a se aquietar e o corpo repousa, muitas pessoas relatam experiências vívidas, simbólicas ou até proféticas. Sonhos intensos, visões marcantes e intuições inesperadas costumam deixar perguntas duradouras: seriam esses sinais de Deus ou meras construções do inconsciente? Para os cristãos, essa dúvida ganha contornos espirituais importantes.

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O tema dos sonhos e visões acompanha a história da fé cristã desde os tempos bíblicos, despertando interesse e também necessidade de discernimento. Em um mundo marcado por excesso de interpretações, vozes e estímulos, cresce a demanda por uma abordagem equilibrada que respeite a Palavra de Deus como critério maior.

As Escrituras registram múltiplos episódios em que o Senhor se comunicou por meio de sonhos e visões. No Antigo Testamento, Abraão (Gênesis 15), Jacó (Gênesis 28), José (Gênesis 37), Samuel (1 Samuel 3) e Daniel (Daniel 7) estão entre os que receberam revelações durante o sono ou em êxtases espirituais. Já no Novo Testamento, o livro de Atos relata o sonho de Ananias antes de encontrar Paulo (Atos 9:10-12) e a visão do centurião Cornélio, que recebeu instruções celestiais para procurar Pedro (Atos 10:3-6). Tais eventos ocorreram em momentos específicos do plano redentor de Deus.

Para o pastor e teólogo presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes, é fundamental distinguir entre experiências subjetivas e revelações com propósito divino coletivo. “Não há exemplo na Bíblia, não há promessa na Bíblia, não há nada na Bíblia que nos garanta que Deus está por detrás desse tipo assim, a pessoa tem uma intuição, a pessoa tem uma premonição, uma espécie de visão com relação às coisas futuras”, declarou.

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Ele explica que o Novo Testamento oferece outra base para a direção espiritual: “A maneira pela qual o Novo Testamento ensina o cristão quanto à vontade de Deus tem a ver com conhecer os princípios bíblicos, o uso do bom senso, escutar os conselhos e aguardar na providência de Deus”. Em sua avaliação, sonhos pessoais podem ocorrer, mas não devem ser tomados como norma doutrinária. “Aquilo é entre a pessoa e Deus. Aplicação pública é dos princípios da palavra de Deus”, disse.

Nicodemus também faz um alerta sobre os riscos de interpretações equivocadas. “Muita coisa é da cabeça da pessoa, muita coisa é dos sentimentos da pessoa, e a pessoa precisa ter cuidado porque existem espíritos enganadores”, afirmou. Ele citou o caso relatado em Atos 16, em que uma jovem possuída por um espírito de adivinhação dizia verdades sobre Paulo e Silas, mas foi repreendida por estar sob influência maligna.

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A questão também se reflete em práticas e ambientes eclesiásticos: “Uma vez, alguém me perguntou se era do Espírito Santo uma profecia que dizia que Deus tinha outra esposa reservada para ele, mesmo ele sendo casado com uma mulher descrente. Eu disse: ‘Não pode ser do Espírito Santo’. Está escrito em 1 Coríntios 7: se a mulher consente em viver com o irmão, ele não deve deixá-la”, contou o pastor.

Mesmo reconhecendo que sonhos possam ter papel inspirador, Nicodemus afirma que eles devem ser avaliados à luz da Escritura. Ele mencionou a trajetória de William Booth, fundador do Exército da Salvação, que se motivou por visões com pessoas marginalizadas e transformou tais imagens em ações concretas. “Tudo isso porque um homem decidiu não guardar seus sonhos”, comentou.

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Para os cristãos que experimentam sonhos ou visões, a recomendação é adotar uma postura de discernimento, paciência e submissão à Palavra. “Nós temos apenas a palavra como sendo a revelação final e última de Deus”, concluiu o pastor, segundo informações da revista Comunhão.

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