estudos bíblicos

A importância da experiência real com Deus

Cada vez nos inflamos mais com teorias e nos distanciamos do objeto do conhecimento.

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Criança andando de camelo. (Annie Spratt / Unsplash)

Suponha que estejamos falando de camelos. Eu conheço camelos através de livros, documentários, filmes, internet e revistas. Minha experiência mais viva e real com um camelo foi numa visita ao Zoo de SP quando pude ver um, a uns 20 metros de distância. Agora se tomarmos um beduíno, que não sabe ler nem escrever, sequer imagina que alguém escreva livros sobre camelos, ele sim conhece esses animais. Pois seus camelos são reais e não teóricos como os meus.

Ele conhece seu cheiro, seu ciclo de vida, sua natureza, a textura de sua pele, seu peso, o som que emitem, seu temperamento, pois, via de regra, depende deles. Muito embora ele não “tome nota” do que escrevem sobre camelos, a experiência mais viva e real de “camelo” quem tem é o beduíno. Meu camelo, é praticamente um ser imaginário, um arremedo, comparado ao do beduíno.

Quer ver a cena ficar quase psicótica, é me colocar (eu e minha experiência de camelo), junto com “especialistas” numa sala para falar sobre camelos, tais como um zoólogo, um biólogo e um “especialista” da sociedade protetora de animais.

Todos esses indivíduos terão aproximadamente a experiência que eu tenho, talvez mais inflados de informações, mas ainda assim, distantes do objeto real. Sou propenso a crer que se você quiser saber realmente algo de camelo deve consultar primeiramente o beduíno e não os tais especialistas acima. Eles vem depois da experiência real.

Supondo que tenha ficado clara a distinção entre experiência e teoria, avancemos para nossa analogia do relacionamento com Deus.

Nem a leitura de todos os livros do planeta podem se comparar com a experiência real, íntima e individual com Deus. Como no caso do beduíno, se eu quiser conhecer, de fato e em realidade a Deus, era melhor que eu começasse por Ele próprio. Lembrando Aristóteles, que ensina que o conhecimento começa pela ordem/sequência das coisas a serem aprendidas. Partimos da realidade para teorização. A teoria vem após o objeto (a experiência, a realidade).

Vejam o caso da música; certamente o primeiro músico não sabia teoria musical. Ela surgiu muito depois com fins didáticos. Ele não ficou pensando em escalas, harmonias, claves, solfejos etc. Seguiu sua intuição e tocou. Eu sou o típico caso que frequentou escola de música, aprendeu teoria musical, mas não tocou instrumento.

Uma sugestão prática para ter uma experiência real, íntima e individual com Deus é andar com quem tem intimidade com Ele. Estar nos lugares onde a presença Dele, não é circunstancial, mas habitual. Ler as Sagradas Escrituras, que é a principal fonte que conduz a Ele.

Busque a experiência com Ele, paralelamente com leitura e práticas recomendadas nas Escrituras. Peça recomendações de pessoas de sua confiança sobre o que ler. Consulte e esteja próximo daqueles que O espelham em seu modo de vida. Quando você viver a experiência real, íntima, vai ver que muita coisa lida não passava de bobagem, autores que assim como eu conheço de camelos se dispuseram a falar Dele, nos oferecendo pura verborragia barata; mas aquelas coisas que vieram de pessoas íntimas Dele, vão dar sentido e lançar clareza ao seu conhecimento.

Para esclarecimento final; jamais quero ser confundido com apologista da estupidez. O que sugiro nesse texto é uma ordem de coisas com um fim determinado. O conhecimento teórico é louvável, importante e tem o sentido cumulativo na história da humanidade.

Porém, na ordem que andam as coisas, como disse o Rev. Hernandes D. Lopes, cada vez nos inflamos mais com teorias e nos distanciamos do objeto do conhecimento. E esse objeto que falamos não é um qualquer, mas o próprio Deus. Minha biografia e meus amigos estão ai para testemunhar como defendo a leitura e a busca pelo conhecimento.

Sugiro que comece como o beduíno e fuja da sala dos psicóticos. Quem sabe, você conhecendo a realidade ajude a tirar os tais dessa sala. Busque, mas leia também.

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