estudos bíblicos
A instituição da monarquia em Israel
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 5 do trimestre sobre “O Governo Divino em Mãos Humanas – Liderança do Povo de Deus em 1º e 2º Samuel”.
III. O rei que o povo escolheu
1. Uma escolha pautada na aparência
Na verdade, o povo de Israel não escolheu Saul devido sua formosura. Na verdade, nem estava explícita ou implícita na queixa dos anciãos de Israel a busca por um rei formoso, senão por um rei habilidoso na guerra.
Entretanto, a beleza de Saul, quando apresentado ao povo como o rei que Deus escolhera, certamente saltou aos olhos da multidão, que pode ter sido levada a pensar que a beleza tenha sido um dos critérios de Deus na escolha do primeiro rei. É provável que o próprio profeta Samuel tenha se deixado enganar neste ponto, julgando equivocadamente que a beleza de Saul fora um dos critérios levados em conta por Deus para a unção do rei. É inusitado o discurso de Samuel quando apresenta Saul: “Vocês estão vendo quem o SENHOR escolheu? Pois em todo o povo não há ninguém semelhante a ele” (1Sm 10.24).
Mais à frente, por ocasião da unção do rei que substituiria Saul, Samuel ainda parece pensar que a beleza é um critério. Na casa de Jessé, o belemita, Samuel se deixa impressionar com o porte físico dos primeiros jovens e diz “certamente está diante do SENHOR o seu ungido” (1Sm 16.6). Porém, ali Deus ensinara a Samuel uma Lição que ele não mais esqueceria: “Não olhe para a sua aparência nem para a altura, porque eu o rejeitei. Porque o SENHOR não vê como o ser humano vê. O ser humano vê o exterior, porém o SENHOR vê o coração” (v. 7).
Beleza física nunca foi um critério de Deus para escolha de seus sacerdotes, reis, profetas, apóstolos, evangelísticas e demais líderes de sua obra!
2. Os direitos do novo rei
Um rei tinha direitos (1Sm 8.10-17) e tinha também deveres (Dt 17.16-20). Em momento algum podia usurpar a glória de Deus nem oprimir o povo sob o qual fora ungido. Ainda que em bens viesse a sobressair-se, não poderia enriquecer demasiadamente e as custas da opressão social. A Lei do Senhor deveria estar sempre perto para lhe dar a orientação sobre como agir para com Deus e para com os seus súditos.
Infelizmente a história dos reis de Israel (e posteriormente de Judá) demonstram que, com raríssimas exceções, todos os reis falharam tanto no usufruto de seus direitos como no cumprimento de seus deveres. Muitos abusaram dos direitos e negligenciaram seus deveres, especialmente o de honrar a Deus e a sua Lei.
3. O novo sistema político e o aspecto teológico
Como já dissemos, o tipo de governo que predominava entre os hebreus desde o êxodo era a teocracia, governo do qual o próprio Deus era o Senhor e Rei. Payne comenta sobre o regime teocrático:
Se Deus era rei de verdade, então tomava as decisões políticas por Israel, fazia as leis e a constituição, decidia acerca de guerras e alianças e fazia tudo o mais que um rei humano podia fazer em outros países. (É claro que Deus precisava de seus mensageiros para anunciar suas decisões e decretos, e os profetas, em particular, cumpriram esse papel). [4]
Agora, porém, com a unção de Saul para rei, o novo sistema político que passa a reger o povo de Israel é a monarquia, que segundo nossos dicionaristas trata-se de um sistema de governo em que o monarca (rei) governa um país como chefe de Estado.
Numa monarquia a transmissão de poder ocorre de forma hereditária (de pai para filho), portanto não há eleições para a escolha de um monarca. Este governa de forma vitalícia, ou seja, até morrer ou abdicar. Todavia, tamanha foi a tragédia do governo do primeiro monarca de Israel que Deus o rejeitou (e a sua descendência) para que não mais reinasse, vindo ele a ser substituído por Davi, filho de Jessé, de Belém (1Sm 16.1ss).
Isso demonstra que apesar do governo está em mãos humanas, ele ainda pertencia a Deus. Como diz bem o título da revista deste trimestre, O governo divino em mãos humanas. Embora rejeitado pelo povo, o Senhor não o entregou a própria sorte, antes esteve a todo momento controlando todas as coisas soberanamente!
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