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estudos bíblicos

A salvação pela graça

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 7 do trimestre sobre “A obra da salvação”

em

III. O ESCÂNDALO DA GRAÇA

  • Graça e justiça

Neste tópico, o comentarista faz uma importante pergunta, mas que infelizmente ele deixa sem resposta: seria a graça injusta? Vamos colocar essa pergunta de outra forma: de que modo a graça de Deus está em perfeita harmonia com a justiça de Deus? Ainda melhor: vamos transformar essa pergunta em duas, e então perceberemos como a graça é maravilhosa:

  1. Foi justo que Cristo fosse punido, sendo ele inocente, em nosso lugar, sendo nós os pecadores? (suponho que os gregos e os romanos teriam interesse em saber a resposta desta pergunta)
  2. É justo que Deus perdoe e justifique os pecadores pela fé somente, não exigindo deles antes previamente obras que os tornem dignos do perdão? (suponho que os judeus não convertidos gostariam de ler a resposta a este questionamento, que era justamente o questionamento deles na época dos apóstolos)

Os teólogos pentecostais quadrangulares Guy Duffield e Nathaniel Van Cleave nos ajudarão a responder ambas as perguntas e levar-nos a compreender como a graça de Deus está em perfeita harmonia com a sua justiça.

Sobre a primeira pergunta, os autores supracitados, discorrem:

“Argumentou-se ser imoral Deus punir um inocente pelo culpado, e, portanto, a ideia de substituição seria insuportável. Devemos dizer, em primeiro lugar, que Deus não cogita de punir o inocente pelo culpado. Jesus tomou sobre si nosso pecado, a fim de assumir nossa culpa. Segundo, não é ilegal que um juiz pague ele mesmo a pena imposta. Cristo é verdadeiramente Deus; e teve, portanto, o direito de pagar pela penalidade do nosso pecado. Terceiro, isso só poderia ser considerado imoral se Jesus fosse obrigado a sacrificar-se por nós, mas se Ele tomou voluntariamente essa decisão, não houve qualquer injustiça”

Mas à frente, Duffield e Van Cleave são ainda mais assertivos: “É necessário compreender muito bem que não somos salvos pelo assassinato de um homem, mas por alguém que se ofereceu voluntariamente por nós” (7). Fica respondida, então, a primeira pergunta: sim, Cristo assumindo a punição em nosso lugar, voluntariamente e estava em seu poder recusá-la, demonstra que a dádiva da salvação é justa. Deus não se torna comparsa dos pecadores, ao evitar puni-los e ainda presenteá-los com dádivas eternas. O pecado foi punido! A sentença foi aplicada! Cristo a suportou em nosso lugar. E ele disse: está consumado! (Jo 19.30)

Quanto a segunda pergunta em destaque, ainda Duffield e Van Cleave também nos oferecem uma solução para ela:

“A única base sobre a qual um Deus santo poderia perdoar o pecado era fazendo seu Filho suportar o castigo da culpa do pecador. Ele não perdoaria simplesmente perdoar mediante o arrependimento do pecador, mas só quando a penalidade tivesse sido inteiramente paga. Deus não perdoa os pecadores, como alguns pregam, porque os ama. Seu amor o levou a dar seu Filho unigênito como resgate pelo pecado, a fim de que o pecador possa ser perdoado” (8).

Assim fica respondido que sim é justo que Deus perdoe os pecadores em virtude da resposta da fé, mas não porque Deus dá perdão de modo banal ou porque Ele resolveu ignorar a ofensa dos pecados dos homens, mas porque tal ofensa recebeu a sua justa retribuição lá no Calvário, quando Cristo foi “ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades” (Is 53.5).

Portanto, de qualquer ângulo que se observe, a graça de Deus está em perfeita sintonia com a justiça de Deus, não sendo de modo algum antagônica a ela! Não existe graça X justiça, mas graça & justiça. Graça e Justiça não são irmãs rivais, disputando espaço em casa. São irmãs que estão unidas fraternalmente, e que se abraçam!

  • Graça supridora e transformadora

Pela graça vivemos, pela graça comemos, pela graça nos vestimos, pela graça falamos e agimos, pela graça cantamos, pregamos e oramos, pela graça recebemos a Bíblia, o Espírito e os dons, pela graça de Deus casamos, constituímos família e trabalhamos. A cada corrente de ar que atravessa os nossos pulmões, ali está manifesta a graça de Deus! É por esta graça que milhares de pecadores em todo mundo têm tido um encontro real e transformador com o Senhor Jesus! É por esta graça que a garota de programa pode abandona a vida de prostituição, casar-se e ser mãe de filhos, mulher sábia e santa! É por esta graça que muitos jovens têm largado o vício e o tráfico de drogas, bem como a vida de delinquência para encherem as trincheiras dos jovens guerreiros do Senhor na santa obra de Deus! É por esta graça que muitos marginais têm substituído facas e revolveres por Bíblias e revistas da Escola Dominical! É por esta graça que muitos pais de família têm abandonado as mesas de bares para estarem mais presente às mesas de suas casas na companhia da esposa e filhos! É por esta graça que milhares, não, milhões de almas dantes perdidas e agora achadas cruzarão os portais da glória celestes e ouvirão o Salvador Jesus dizer: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que para vós foi preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). A alta conta do nosso pecado foi pago graciosamente por Jesus Cristo! E agora, ele abriu graciosamente para nós um novo e vivo caminho para o Pai (Hb 10.20).

O ímpio questiona: “mas como isso é possível? Roubou, xingou, prejudicou, matou… e agora diz que é salvo e vai morar no céu?”. Sim, é possível! É graça! É dádiva de Deus que é recebida pela fé no Salvador Jesus! É a porta da graça aberta para todos os pecadores em todo mundo, e que exige apenas o passaporte da fé, do despojar-se de todo sentimento de autossuficiência, e que se confie totalmente no Cristo da cruz e da tumba vazia!

Como compôs o poeta Haldor Lillenas (1885-1959), ministro wesleyano, também num belíssimo clássico cantado por muitos corais no Brasil:

Graça! Quão maravilhosa graça de Jesus!

Alta como o firmamento, é sem fim!

É maravilhosa, é tão grandiosa,

É suficiente para mim!

É maior que a minha vida inútil, 

Bem maior que o meu pecado vil.

O nome de Jesus engrandecei

E glórias dar!”

A graça de Deus nos basta! (2Co 12.9). Que possamos dizer como Paulo: “…a graça de nosso Senhor transbordou sobre mim…” (1Tm 1.14)

Boa aula para você neste domingo!

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REFERÊNCIAS

(1) Comentário Bíblico Beacon, vol. 7, CPAD, p. 33

(2) A. Carson. O comentário de João, Shedd Publicações, pp. 132,3

(3)D. L. Moody, sermão O sangue, parte 2

(4) Abraão de Almeida. O sábado, a Lei e a graça, 19 ed., CPAD, p. 47

(5) Myer Pearlman. Conhecendo as doutrinas da Bíblia, 3 ed., CPAD, p. 235

(6) Elienai Cabral. Teologia Sistemática Pentecostal, CPAD, p. 322

(7) Guy Duffield e Nathaniel Van Cleave. Fundamentos da Teologia Pentecostal, vol. 1, 2 ed., editora Quadrangular, p. 251,2

(8) Guy Duffield e Nathaniel Van Cleave. Op. cit., p. 246

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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