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opinião

Amar não basta

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Podemos enganosamente pensar que só porque amamos uma pessoa jamais teremos conflitos com ela. Achamos que nossos sentimentos serão suficientes para evitar qualquer discordância, suportar todos os erros e agradá-la em tudo o que fizermos. Sabemos que não é assim.

O amor é sublime, mas não é onipotente. Ele é necessário, mas não é suficiente. Ele tem o poder de nos ligar a uma pessoa de modo muito especial. Com ele somos capazes de suportar muitas situações difíceis que com certeza fariam desistir quem não ama. E ainda assim, em alguns momentos vamos nos perguntar porque apesar de todo o nosso amor, nem sempre as coisas vão bem. E a resposta é que além de amor, precisamos de sabedoria.

Não há dúvidas de que os pais amam seus filhos, provavelmente muito mais do que amam outras pessoas e muito mais do que outras pessoas os amam. Também os filhos naturalmente amam seus pais. E apesar disso testemunhamos diariamente amargos conflitos entre pais e filhos que se amam.

Assim é entre pais e filhos. Assim é entre maridos e esposas. O amor não basta, mesmo quando é grande, mesmo quando é perfeito.

Quantos pais que amaram seus filhos olham para trás, reconhecem que em muitos momentos não agiram adequadamente. Agora com a experiência dos anos percebem que lhes faltou sabedoria em algum momento. Não fizeram a coisa certa, não disseram a coisa certa, não calaram no momento certo. Se hoje tivessem a oportunidade de voltar carregando a sabedoria adquirida pelos anos, eles o fariam e com certeza evitariam muitos erros de relacionamento. Seriam mais felizes e teriam filhos mais felizes, muitas dores seriam menores ou sequer existiriam. Não lhes faltou amor, mas lhes faltou sabedoria em muitas ocasiões.

No casamento não é diferente. Nem sempre ferimos porque não amamos. Às vezes ferimos porque não sabemos o que dizer, o que fazer. Ou o que não fazer. Às vezes julgamos que o outro não nos ama, ou pelo menos não nos ama do jeito que gostaríamos. E isso, na maioria das vezes é um engano. Não falta amor ao outro, mas pode faltar sabedoria. Sabedoria para fazer a coisa certa que nos toca, para dizer as palavras que precisamos ouvir, para agir de um modo que se encaixe em nossa necessidade.

O marido que muitas vezes trabalha demais para dar o melhor à família, ama demais uma família que se sente abandonada por ele. Com o tempo ele aprende que o que ela mais quer é estar com ele e não ter coisas dele.

A mulher que muitas vezes sufoca seu marido pela reclamação da ausência, termina por aborrecê-lo com palavras agressivas e murmurações aparentemente sem fundamento. Ela age assim justamente porque o ama, embora sua falta de sabedoria no falar e no agir possa aparentar o contrário.

Conhecer o outro exige tempo, atenção. Saber “apertar os botões certos” que farão o outro feliz não se aprende da noite para o dia e nem vem junto com o amor que sentimos. O amor que sentimos muitas vezes é só isso, o amor que sentimos e nada mais. Ele nos dá o desejo de fazer o outro feliz, mas não nos dá a sabedoria para isso. Além do impulso, precisamos de direcionamento. A paixão nos impulsiona, mas é a razão que nos guia.

Essa sabedoria depende de duas coisas. Tempo e dor. Sim. Nada se aprende sem tempo e nada se aprende sem dor. São nossos fracassos ao longo dos anos que nos ensinarão como de fato ser feliz com o outro fazendo-o feliz também. Passaremos por experiências amargas que nos levarão a entender o coração do outro. Erraremos antes de acertarmos. Talvez provoquemos lágrimas antes de aprendermos a acender os sorrisos.

Se formos bons alunos o tempo será mais curto e a dor será menor. Do contrário, um longo tempo de dores desnecessárias nos espera. Nossa disposição em aprender, em entender o outro contribuirá de modo especial com esse aprendizado.

Saberemos o que dizer, quando dizer, quando não dizer. Saberemos que aquela raiva vai passar e que aquele momento só precisa de um abraço. Saberemos que nossa crítica precisa aguardar o momento certo e que o nosso pedido de perdão resolverá tudo. Saberemos que estar zangado conosco não é sinônimo de não amar. Saberemos que evitar incêndios é muito mais fácil do que apaga-los e por isso seremos cuidadosos. Saberemos, saberemos, saberemos. Coisas que ajudarão nosso amor a frutificar, pois não estaremos semeando entre espinhos.

Por fim, há algo sobre a sabedoria que precisamos aprender. Ela não é apenas fruto dos erros e do tempo. Ela é fruto de nossas orações:

Se vocês não souberem lidar com a situação por falta de sabedoria, orem ao Pai! É com muita alegria que ele os ajudará! Vocês serão atendidos e não serão ignorados quando pedirem ajuda (Tiago 1.5, 6 – A Mensagem)

Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial.

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