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Autoras alertam sobre livros pornográficos voltados a crianças e adolescentes
Durante a Bienal do Livro no Rio de Janeiro, realizada em junho, a escritora cristã e pedagoga Vitória Reis denunciou a exposição e venda de livros com conteúdo sexual explícito direcionado ao público infantojuvenil. Segundo ela, obras com aparência lúdica e capas coloridas têm disfarçado histórias eróticas, conhecidas como “livros hot”, que estão sendo consumidas por adolescentes e, em alguns casos, por crianças.
“Estou de frente para uma estante só com livros claramente focados para crianças e adolescentes, todos, sem exceção, com conteúdo pornográfico. E os próprios adolescentes colocam códigos”, declarou Vitória em um vídeo publicado em sua conta no Instagram no dia 24 de junho.
Ela mencionou títulos como No Ritmo do Jogo, Farejando o Amor, Todo esse Tempo e Ela Fica com a Garota, apontando que a estética “infantilizada” dos livros mascara seu conteúdo impróprio. “Capas infantilizadas, coloridas e aparentemente leves, têm escondido conteúdos podres e totalmente deturpados”, afirmou.
A pedagoga destacou ainda a falta de discernimento de muitos pais, que compram esse tipo de livro para os filhos sem perceber o teor das histórias. “O pior é que as mães estão comprando para as filhas. Essa é a nossa realidade hoje. Muitas mães celebram o fato de que seus filhos leem muito, mas o que eles estão lendo?”, questionou.
Vitória, que também atua como psicóloga, tem se dedicado à defesa da infância e à denúncia da erotização precoce. “A sexualização precoce avança a passos largos e eles usam todas as ferramentas possíveis”, alertou.
Impacto sobre o desenvolvimento
A escritora Tatielle Katluryn, autora de ficção cristã e vinculada à editora Mundo Cristão, reforçou o alerta. Após participar da Bienal, ela publicou um relato em suas redes sociais questionando a ausência de controle sobre o acesso de menores a esse tipo de conteúdo. “A bienal terminou e foi um sucesso de vendas. Mas você sabe que tipo de livro sua filha menor de idade levou para casa?”, escreveu em publicação.
Tatielle contou que, durante o evento, foi abordada por uma menina de 13 anos perguntando sobre um livro erótico popular. “Disse que achava que aquela leitura não era para ela. A menina disse ‘Tá bom’ e saiu. Mas acho que ela comprou o livro”, relatou.
Ela lembrou que, em anos anteriores, locadoras mantinham setores restritos para filmes pornográficos, proibidos a menores. “Nem se eu quisesse, não conseguiria alugar um filme assim por ser menor de idade. Então, por que é tranquilo crianças e adolescentes comprarem livros +18, com conteúdo explícito e inapropriado para seu desenvolvimento saudável?”, questionou.
Consequências emocionais
Vitória Reis relatou que, na adolescência, leu alguns desses livros, atraída pelas capas suaves e resumos envolventes. “Muitas vezes, me deixava levar pela sinopse e capa fofa, mas me deparava com conteúdo explícito que afetou meu imaginário e não tinha mais como ‘desler’ [sic]”, afirmou. Para ela, o argumento de que é possível “pular as páginas” não se sustenta. “Sem querer você acaba lendo e aquilo se fixa na sua mente como chiclete”, comentou.
Tatielle alertou que editoras têm utilizado propositalmente um design inofensivo nas capas para atrair leitores jovens. “Não se deixem enganar com capas fofas. Isso acaba passando despercebido pelos pais. Conteúdos impróprios vão afetar gravemente a saúde mental e física dos seus filhos!”, declarou.
As autoras defendem a adoção de classificação indicativa clara nas contracapas e a sinalização adequada de livros adultos em livrarias físicas e virtuais. O objetivo, segundo elas, é proteger os menores da exposição a conteúdos que, segundo princípios bíblicos e pedagógicos, não contribuem para um desenvolvimento saudável.
Vitória finalizou seu apelo com uma exortação aos pais: “Não basta saber que seu filho lê. É preciso saber o que ele está lendo. Nossa vigilância deve ser constante”.