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O que a Bíblia diz sobre o batismo de crianças? Pastor explica doutrina

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Em entrevista concedida ao Plenicast, o pastor batista reformado Wilson Porte Jr abordou, com clareza e profundidade, as diferenças entre duas tradições históricas da doutrina cristã do batismo: o credobatismo, que é o batismo de pessoas que professam sua fé conscientemente, e o pedobatismo, que corresponde ao batismo infantil praticado em algumas denominações.

Porte Jr afirmou que, embora se identifique como credobatista, reconhece a legitimidade da fé de igrejas que praticam o batismo infantil, como as igrejas presbiterianas e luteranas. “Eu sou credobatista, mas chamo os pedobatistas de meus irmãos e entendo que o que eles fazem, fazem em fé”, declarou o pastor. Segundo ele, ainda que haja diferenças doutrinárias significativas, o diálogo entre os grupos deve ser pautado pelo respeito. “Eu entendo por que eles fazem o que fazem”, afirmou.

Durante a entrevista, Porte mencionou que seu livro Um Guia para a Nova Vida traz uma explicação didática sobre os fundamentos do pedobatismo, com o intuito de promover compreensão entre os crentes batistas e não batistas. “Eu explico isso para que aqueles que são credobatistas entendam e parem de chamar seus irmãos pedobatistas de qualquer coisa errada”, explicou.

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Entre os fundamentos apresentados pelos pedobatistas, segundo Porte Jr, está a teologia da aliança, que compreende o batismo como sucessor da circuncisão no contexto da Nova Aliança. “Eles fazem uma conexão entre a antiga e a nova aliança, dentro da teologia da aliança como entendida por eles, uma conexão entre a circuncisão e o batismo, e, por isso, batizam os seus filhos para incluí-los na família da aliança”, declarou.

Porte Jr também apontou que há percepções equivocadas e até acusações mútuas entre os dois grupos. “Recentemente, num grupo de pastores que eu faço parte […] mandaram um vídeo de um pastor presbiteriano dizendo que os batistas são hereges. Eu acho que ele nem sabe o que é ser herege”, relatou. O pastor destacou que tais posicionamentos frequentemente nascem de desconhecimento histórico, afirmando que muitos não sabem que a prática oficial e predominante do batismo infantil só se consolidou por volta dos séculos V e VI. “A gente vê isso em documentos de história da Igreja, católicos e presbiterianos, que testemunham dessa situação”, completou.

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Ao comentar sobre as motivações espirituais dos praticantes de ambas as posições, Porte Jr citou Romanos 14, defendendo que Deus considera válida a ação feita com fé. “Paulo fala em Romanos 16 que aquilo que a pessoa faz em fé não é pecado. Deus não considera pecado aquilo que é feito em fé; mas, sem fé, é pecado”, afirmou.

Em relação à distribuição geográfica das práticas, o pastor observou que no Brasil o pedobatismo é minoritário, em função da predominância das igrejas pentecostais, que adotam o batismo apenas de confessos. “Dá-nos a impressão de que quem batiza criança é a minoria”, disse. No entanto, ele ponderou que o quadro muda em regiões como a Europa, onde, segundo ele, “todas batizam só bebês”, fazendo dos credobatistas a minoria em muitos contextos europeus.

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Para além das diferenças, o pastor defendeu a importância do conhecimento teológico e histórico como ferramenta para promover um diálogo respeitoso entre as tradições. “Eu acho que o conhecimento nos dá um diálogo mais respeitoso e mais compassivo com o outro. Tanto ele tendo compaixão de mim, achando que estou errado, quanto eu tendo compaixão dele”, concluiu.

A conversa com Wilson Porte Jr faz parte de uma série de entrevistas conduzidas pelo Plenicast, um programa que tem reunido pastores e teólogos para debater temas doutrinários e aspectos práticos da vida cristã e da convivência entre diferentes expressões eclesiásticas.

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