Bíblia de Estudo Rota 66 é lançada pelo pastor Luiz Sayão

 

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O teólogo e hebraísta Luiz Sayão anunciou o lançamento da Bíblia Rota 66, uma nova Bíblia de Estudo com comentários próprios, elaborada em parceria com a Editora Geográfica. O projeto, segundo ele, visa tornar o conteúdo bíblico acessível a todos os leitores, inclusive àqueles que ainda enfrentam dificuldades para entender a Palavra de Deus. A obra busca aliar profundidade teológica com uma linguagem simples e bem contextualizada para a realidade brasileira.

Mesmo em processo de recuperação de um acidente vascular cerebral (AVC), Sayão tem apresentado os detalhes do novo material. Reconhecido por sua contribuição em traduções bíblicas — como a Nova Versão Internacional (NVI), lançada em 2001 — ele afirmou que a Bíblia Rota 66 nasceu como um desdobramento de seu comentário bíblico em áudio veiculado na Rádio Trans Mundial: “Se tornou mundialmente conhecido. São quase 300 horas de explicação, muito ouvidas ao longo dos anos”, afirmou.

Estilo criativo e contextualizado

A proposta da nova Bíblia é apresentar o texto bíblico com criatividade, sem perder a fidelidade ao conteúdo. “Os textos são trabalhados de uma forma que se conecta com a nossa realidade. Os títulos são impactantes, e o conteúdo não é particularizado. É uma teologia bíblica que lida diretamente com o texto”, explicou o pastor.

Alguns exemplos de títulos chamam a atenção pela abordagem bem-humorada e culturalmente próxima: “Temperatura Máxima”, no episódio da fornalha ardente em Daniel; “Exame Pré-Natal”, no relato do nascimento de Jesus; e “A Dama de Vermelho”, no livro do Apocalipse.

Segundo Sayão, a proposta é tornar a leitura bíblica mais envolvente, estruturando cada livro como se o leitor estivesse em uma jornada. Por isso, os blocos de estudo são organizados com títulos como “Ponto de Partida”, que introduz o conteúdo; “Abrindo o Navegador”, que oferece um resumo do capítulo; “Recalculando a Rota”, com perguntas para reflexão; e “Fechando a Trilha”, uma aplicação prática. Outros elementos, como a “Parada Obrigatória”, com imagens históricas, e o “Pisando Fundo”, com estudos mais densos sobre temas como divórcio e lei, completam a estrutura.

Compreensão do Antigo Testamento

Um dos objetivos centrais da obra é ajudar os leitores a entenderem passagens do Antigo Testamento que, muitas vezes, parecem distantes da realidade atual. Sayão citou o exemplo dos sacrifícios de animais. “O povo de Israel na antiguidade era um povo nômade, pastoril. Eles não tinham supermercado para comprar comida. Viviam num ambiente desértico, não tinham grandes plantações. O que tinham? Cabras e ovelhas. Era isso que eles ofereciam a Deus”, explicou.

O pastor ressaltou que compreender o contexto histórico, linguístico e cultural ajuda na correta interpretação e aplicação do texto: “Quando você entende onde está acontecendo e segue um bom caminho de exegese e hermenêutica, descobre a lição principal, que é: ofereça para Deus o seu melhor. […] Mesmo que você tenha falhado, é possível se aproximar novamente de Deus, resolver a questão por meio do perdão e seguir adiante”.

Esse entendimento se alinha ao princípio apresentado em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”

Traduções fiéis e compreensíveis

Sayão também comentou sobre a importância das traduções bíblicas serem fiéis e atualizadas. Segundo ele, à medida que pesquisas linguísticas, arqueológicas e históricas avançam, as versões da Bíblia devem ser revistas para melhor transmitir o sentido original. “Uma boa tradução é aquela que corresponde à pesquisa atualizada e detalhada do sentido do texto original”, afirmou.

Entre as versões recomendadas pelo teólogo estão:

• Nova Versão Internacional (NVI)

• Nova Versão Transformadora (NVT)

• Nova Almeida Atualizada (NAA)

• Almeida Século 21

Todas elas, segundo ele, mantêm a fidelidade ao texto original e são compreensíveis ao público brasileiro.

Como estudar a Bíblia

Ao ser questionado sobre como estudar a Bíblia de forma eficaz, Luiz Sayão destacou que cada pessoa tem seu próprio ritmo e deve descobrir o método que melhor funciona. “Tem gente que funciona bem às cinco da manhã; outros, só conseguem se concentrar depois das dez. Uns precisam de silêncio absoluto, outros aprendem melhor ouvindo áudios enquanto dirigem”, comentou.

Mais do que o método, o pastor enfatizou a importância da perseverança e da disposição espiritual. “Escolha um caminho e vá até o fim. […] O estudo da Bíblia precisa ser contínuo”, afirmou. Ele recomendou que o leitor mantenha um caderno de anotações, registre dúvidas e busque respostas com dedicação.

Sobre a atitude correta diante do estudo bíblico, Sayão fez uma analogia: “Já tentou oferecer comida para quem não está com fome? Não adianta. Mas se a pessoa está interessada, ela vai fazer de tudo para aprender”.

O estudo que transforma

Encerrando sua fala, o teólogo reforçou que o conhecimento bíblico precisa gerar transformação prática na vida do cristão e da comunidade. “Estudar sem colocar em prática é como puxar o ar e nunca soltar, não funciona”, declarou. Para ele, o verdadeiro aprendizado leva o cristão a viver o evangelho no cotidiano.

“O mais importante é que o conteúdo bíblico seja praticado. […] Tem muita gente que aprendeu muita coisa, mas não sabe usar isso direito. Por isso, o estudo da Bíblia precisa ser transformador e vivido”, concluiu Luiz Sayão na entrevista concedida ao Guia-me.