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O que a Bíblia diz sobre dízimos e ofertas

Estudo bíblico sobre o dízimo e as ofertas com base no Antigo e Novo Testamento explorando a questão se eles são válidos para hoje.

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Pote de moedas. (Foto: Eric Muhr on Unsplash)

Visto que trata de um assunto delicado a muitos ouvidos sensíveis (dinheiro), e pelo fato de mexer com um dos pecados sutilmente presente no coração de muitos crentes (a avareza), esse assunto provoca polêmicas e controvérsias.

Há quem o defenda apaixonadamente, e há quem o reprove furiosamente! Todavia, como creio que escrevo a mentes limpas, corações regenerados, e a espíritos moderados, estou certo de que este estudo não causará reboliço.

Quaisquer desentendimentos que persistirem ao final desse estudo, procuremos resolvê-lo à luz da virtude maior, o amor. Sem este amor, dizimistas e não-dizimistas, ofertantes e não-ofertantes serão condenados ao fogo eterno.

As fontes de recursos da igreja local

Qualquer igreja local precisa de recursos financeiros para se manter e crescer. Isso não é novidade a ninguém, pois até o ministério itinerante de Jesus necessitou de auxílio financeiro (Lc 8.2,3). Neste tópico abordamos a origem e a administração dos recursos para os trabalhos da igreja local.

Dízimos e ofertas

Alguém já disse acertadamente que “o dinheiro de Deus está no bolso dos crentes”. Ainda que Deus seja o dono de toda a terra, de toda a prata e de todo ouro (Ag 2.8), é com os próprios crentes que Ele conta para partilharem de seus bens (que lhes foram dados pelo Senhor) na manutenção dos trabalhos espirituais e sociais desenvolvidos pela igreja local.

Assim como o jovem que trabalha deve participar do orçamento doméstico, visto que igualmente participa das despesas, também deve o membro da igreja participar do orçamento de sua igreja local, colaborando com a manutenção do culto, com o sustento dos obreiros e missionários que são fiéis ministros do Senhor, e com os programas de assistência social desenvolvidos por sua igreja, muitos dos quais dependem das entradas de dízimos e ofertas para se sustentarem.

Essa contribuição se dá por meio de dízimos e ofertas, entregues generosa e voluntariamente por aqueles que têm consciência de sua responsabilidade.

O Novo Testamento ensina que “o obreiro é digno do seu salário” (Lc 10.7), diz também que “os que pregam o evangelho vivam do evangelho” (1Co 9.13,14), isto é, recebam sustento a partir do próprio trabalho que desenvolvem em prol do evangelho. Aos que pensam que a Lei está caducada também nos princípios morais e espirituais que ela estabelece, informamos que foi na Lei mosaica que o apóstolo Paulo foi buscar respaldo para seu ensino quanto ao salário devido dos obreiros cristãos:

“Pois está escrito na Lei de Moisés: ‘Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal’ [conf. Dt 25.4]. Por acaso é com bois que Deus está preocupado? Não é certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor. Porque ‘o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo na esperança de participar da colheita’. Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais?” (1Co 9.9-11).

Além do sustento dos obreiros, a igreja deve socorrer as mulheres que são “verdadeiramente viúvas” (1Tm 5.3), bem como os órfãos (Tg 1.27). Todavia, como fará a igreja todo esse trabalho social regularmente, se não estiver regularmente provida de recursos? Precisamos aprender o que significa solidariedade!

A administração que cabe à liderança eclesiástica

O apóstolo Paulo ensina pelo exemplo o cuidado que as lideranças precisam ter ao lidarem com as finanças: “Pois zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens” (2Co 8.21). É já um adágio evangélico dizer que são três laços que mais derrubam homens de Deus: poder, sexo e dinheiro. Infelizmente, não poucos escândalos têm sido lançados no ventilador da mídia, denunciando o abuso de muitas lideranças religiosas na administração das finanças de sua igreja. Por esta razão, uma das virtudes do obreiro é não ser “cobiçoso de torpe ganância” (1Tm 3.3).

O comentarista Elinaldo Renovato, por duas vezes na Lição enfatiza a necessidade de cuidado que cabe aos líderes eclesiásticos na forma como administram e aplicam os recursos oriundos de dízimos e ofertas (confira a Introdução e o ponto 1 do tópico III na Lição). “Cabe ao cristão levar o dízimo e as ofertas à tesouraria da igreja local; e cabe à liderança da igreja a correta e transparente administração dos dízimos”, diz o comentarista da Lição.

A base bíblica para os dízimos e as ofertas

Os dízimos no Antigo Testamento

Antes da Lei

Há duas palavras no hebraico do Antigo Testamento para dízimo, que são aser e ma aser, ambas significando décima parte e dar a décima parte. Dizem respeito a prática de dar um décimo da renda ou propriedade de uma pessoa como oferta a Deus. Esse costume fora comum entre os povos pagãos, mesmo antes da regulamentação na Lei mosaica, mas da qual tomamos conhecimento pela primeira vez na Bíblia através do gesto voluntário de Abraão, que entregou dízimos ao sacerdote e rei Melquisedeque (conf. Gn 14.17-20).

Além de Abraão, ainda antes da Lei, temos o patriarca Jacó aliançando-se com Deus para entregar os “dízimos de tudo” ao Senhor, sob a condição de que fosse conduzido em paz e fosse trazido novamente à casa de seu pai (Gn 28.22). Não sabemos em que momento e a quem exatamente Jacó entregou estes dízimos, visto que certamente Melquisedeque, a quem seu avô Abraão entregara os dízimos, não vivia mais. Em todo caso, com Abraão e com Jacó vemos a atitude espontânea (de própria iniciativa) e voluntária (sem obrigação legal) para a entrega da décima parte de suas propriedades ao Senhor.

Após a Lei

Com a Lei de Moisés, os dízimos passaram a fazer parte regular do culto ao Senhor, e receberam prescrições detalhadas, algumas vezes complexas até para o entendimento do leitor moderno. Os três textos fundamentais no Pentateuco que fundamentam a entrega dos dízimos são: Levítico 27.30-32, que afirma que o dízimo da terra incluiria a semente da terra e o fruto da árvore, além da separação de um em cada dez animais de seus rebanhos e manadas para o Senhor; Números 18.21-32, que fala da entrega dos dízimos aos levitas, visto que estes não haviam recebido terra por herança; Deuteronômio 12.5-7,11-12,17-18, que instrui o povo a levar todos os dízimos acumulados para o lugar que Deus determinaria.

Com a construção do templo em Jerusalém e uma nova organização do culto, a arrecadação dos dízimos ficou ali concentrada no espaço que veio a ser chamado de “casa do tesouro” (Ml 3.10) ou “casa de depósitos”, que era construção para armazenar bens do templo, localizada junto ao templo, no pátio externo (1Cr 26.15,17). Sobre a casa do tesouro, William Greathouse comenta com mais detalhes:

“Este lugar era indubitavelmente a grande câmara que rodeava três lados do Templo. Mais ou menos nessa época, Tobias a desviou de seu propósito original, que era servir de depósito dos dízimos e ofertas alçadas do povo, e designou-a ao sumo sacerdote. Mas Neemias a restabeleceu à sua finalidade apropriada (Ne 10.38; 13.5-9,12,13). T. T. Perowne escreveu com competência: “Não é improvável que as ‘câmaras’, que eram contíguas à altura de três andares nas paredes do Templo de Salomão, tivessem sido projetadas para servir de depósito (1 Rs 6.5,6). Na grande reforma feita por Ezequias, foram ‘preparadas’, ou construídas ou restauradas, em alguma parte da área do Templo para receber o enorme afluxo de dízimos e ofertas (2 Cr 31.11,12)” [1]

Os propósitos do dízimo

A entrega dos dízimos, sob a lei mosaica, buscava tornar os crentes solidários tanto das necessidades dos ministros do culto, como do culto propriamente e dos demais membros da comunidade que viessem a padecer necessidades. Assim, o tríplice propósito dos dízimos era:

  1. Prover sustento dos levitas (inclusive sacerdotes), que eram responsáveis pelo tabernáculo e pela adoração (Nm 18.20-24);
  2. Prover recursos para as diversas festas e sacrifícios (Dt 14.22-26), algumas inclusive se prolongavam por mais de um dia de alegre celebração e ação de graças;
  3. Prover fundos para ajudar os pobres, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros (Dt 14.28,29).

A viúva que lançou na arca do tesouro as únicas moedas que tinha (Lc 21.2), não ficaria sem provisão devido seu gesto de fé, visto que, como se viu no último ponto acima, a arrecadação acumulada na “casa do tesouro” retornaria para ela em provisão conforme suas necessidades.

Aliás, visto que não havia sistema previdenciário em Israel nos dias de Jesus, é muito provável que aquelas duas únicas moedas ofertadas pela viúva já tenham sido, outrora, parte de algum auxílio que ela tenha recebido (se assim o for, a exemplo dos levitas no Antigo Testamento que também entregavam o dízimo dos dízimos a que tinham direito, esta mulher estaria entregando seu “dízimo dos dízimos” ou “oferta das ofertas”. Que exemplo!

Não há nenhuma necessidade que seja tão grande a ponto de não nos permitir repartir e demonstrar solidariedade para com outros).

O dízimo no Novo Testamento

Não há uma doutrina sistematizada, mas…

No Novo Testamento, a palavra dízimo aparece somente seis vezes, e, com exceção de uma única ocorrência (Mt 23.23), nenhuma delas prescreve uma ordenança neotestamentária para a prática do dízimo, senão apenas mencionando a prática já existente entre os judeus (Conf. Lc 11.42; 18.12; Hb 7.5-6,8-9, nestes últimos versículos faz-se menção ao dízimo entregue por Abraão ao sacerdote Melquisedeque, que prefigurava Jesus Cristo).

Com honestidade e franqueza é preciso dizer que nem Cristo nem os apóstolos deram aos cristãos alguma instrução específica quanto ao dízimo. O texto de Mateus 23.23 ou Lucas 11.42 refere-se a uma censura feita por Jesus aos fariseus que, rigorosamente dizimavam até mesmo das menores e insignificantes hortaliças, enquanto desprezavam valores morais imprescindíveis como justiça, amor e misericórdia.

A crítica de Jesus é contra a hipocrisia, o culto formalista e de mera aparência, desprovido da essência da lei, que era o amor a Deus e ao próximo. Vê-se isso na oração arrogante do fariseu no templo que se gabava de dar o dízimo de tudo quanto ganhava ao mesmo tempo em que tratava os demais homens com desprezo (Lc 18.11,12).

Todavia, nesta censura de Jesus aos fariseus hipócritas têm-se o mais forte amparo neotestamentário para a continuidade da entrega dos dízimos, ainda que não mais submetido aos mesmos regulamentos complexos da lei mosaica (a graça simplifica o complexo!). Jesus não diz que os fariseus deviam abolir o dízimo em nome do amor e da justiça, antes deveriam praticar essas coisas “sem omitir aquelas”.

Ou seja, noutras palavras, Jesus está dizendo: pratiquem acima de tudo o amor e a justiça e não deixem de oferecer os seus dízimos. Isto porque dízimos e ofertas devem ser mais que uma expressão externa de religiosidade e sim uma expressão genuína de amor e solidariedade. Embora dirigida aos fariseus que ainda viviam sob o regime da Lei, cremos que esta instrução de Jesus persiste aos cristãos, já que nada é dito em contrário.

Jesus praticou o dízimo?

Não temos um texto-prova de que Jesus tenha pago o dízimo de seu trabalho. Todavia, é bem razoável concluir que em virtude de ele ter um trabalho na carpintaria e de haver ele cumprido toda a Lei (que incluía a ordenança dos dízimos; Mt 5.17-20), certamente participou da adoração no Templo muitas vezes levando seus dízimos e ofertas alçadas. Se lhe convinha cumprir “toda a justiça”, como disse a João Batista (Mt 3.15), então certamente cumpriu os mandamentos do dízimo; e se instruiu o povo a dar a Deus o que é de Deus, certamente não deixou ele mesmo de fazê-lo no tocante aos bens (Mt 22.21).

O evangelho e a graça nos chamam a ir além dos 10%

O teólogo R.N. Champlin [2] é vigoroso em sua opinião quanto à contribuição a que os crentes devem praticar em suas igrejas locais:

“Se sob a dispensação do Antigo Testamento, os privilégios religiosos exigiam a décima parte das rendas de uma pessoa, com vistas à manutenção da adoração e do sistema religioso, e também para benefício dos pobres, muito mais deveria ser nosso privilégio, em Cristo, afetarmos o bolso e a conta bancária. Minha opinião, pois, é que o crente deve dar mais do que o décimo. […] O amor é mais exigente do que a lei […] O próprio fato de que há crentes disputando sobre se devem contribuir ou não com uma miserável parcela de dez por cento mostra o baixo nível de espiritualidade em que se encontram. Quanto maior for a espiritualidade de um crente, maior será a sua liberalidade para com o dinheiro com que contribui para a causa do evangelho, ou com que alivia as necessidades das pessoas ao seu redor”

Como já dissemos, Jesus elogiou a atitude da viúva pobre que ofertou na arca do tesouro as duas únicas moedas que tinha – alguns críticos hoje, mesmo autodenominados cristãos, diriam: “como pode?! Isso é exploração! Jesus não deveria ter elogiado a mulher viúva por entregar suas últimas economias na arca do tesouro, antes deveria ter aconselhado a mulher a usar aquele pouco dinheiro para comprar algum alimento para si”.

Na verdade, aquela viúva pobre era muito mais rica que alguns cristãos hoje em dia que estão sempre buscando pretexto para justificarem sua avareza, mesquinharia e egoísmo ao não tomarem parte na contribuição que é depositada na “arca do tesouro” de sua igreja local. Alguns hoje acham custoso demais um assalariado entregar regularmente dez por cento de sua renda na igreja local, ao passo em que aquela pobre viúva entregou tudo o que tinha!

Aliás, nosso entendimento é de que o Novo Testamento não precisou sistematizar a doutrina do dízimo cristão, simplesmente porque os primeiros cristãos estavam acostumados a entregarem muito mais que a décima parte de sua renda para a obra do Senhor (que tinha aspectos espirituais e sociais).

O próprio Jesus ensinara a que, debaixo da graça, não nos contentemos com o “piso” estabelecido pela Lei, mas que superemos em muito “a justiça dos escribas e fariseus” (Mt 5.20).

O servo que só faz o que lhe é mandado, por força de uma obrigação legal, deve julgar-se a si mesmo “servo inútil” (Lc 17.10). A graça nos foi dada para que abundemos em toda boa obra (2Co 9.8), isto é, partilhemos abundantemente e não miseravelmente com os demais.

Além da viúva que foi elogiada ao entregar de coração tudo o que tinha, vê-se nos seguintes personagens o transbordar da partilha dos bens, que demonstra a pré-disposição para ofertar muito mais que a décima parte:

  1. As mulheres ricas que serviam a Jesus com suas posses (Lc 8.2,3)
  2.  Zaqueu que prometeu dar metade de seus bens aos pobres (Lc 19.8)
  3. Os primeiros cristãos que “vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade” (At 2.45), e “os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um” (At 4.34,35)
  4. Paulo que decidiu gastar e se gastar a si mesmo por amor aos corintos (2Co 12.15)

Eu não contenderia com o cristão que me dissesse que não dizima, mas oferta regularmente valores superiores aos dez por cento de seus ganhos para auxiliar nos trabalhos missionários e sociais, dentre outros, desenvolvidos por sua igreja local; mas faço oposição a todo crente que fica aquém tanto do espírito do cristianismo como até mesmo aquém do piso estabelecido pela lei mosaica.

Diga-se de passagem, muitos dos que criticam o dízimo e se julgam especialistas no assunto, são igualmente especialistas na tática da avareza e da mediocridade. Não contribuem nem com 50%, nem com 20%, nem com 10%, nem com 8%, nem com nada! São verdadeiros parasitas, que apenas querem usufruir sem participar das necessidades de sua congregação, nem se solidarizam com as necessidades de seus irmãos na fé, muitos deles pastores em tempo integral ou missionários vivendo a duras penas no campo missionário.

Julgam eles que devido os escândalos dalguns pastores mercenários (especialmente os midiáticos) que vivem nababescamente em suas fortunas amealhadas sob extorsão dos fiéis, todos os pastores são igualmente ladrões e corruptos e todas as igrejas administram mal suas finanças; logo, concluem, não devem dizimar. Na verdade, isto é só um pretexto para se justificarem.

Não conheço ninguém que tenha deixado de contribuir com o ministério de Jesus, devido Judas Iscariotes ter sido um tesoureiro ladrão! Nem nunca vi ninguém também se queixar do fato de Jesus ter deixado um larápio cuidar das finanças de seu ministério – óbvio que isso não justifica nem o mau uso da economias da igreja hoje, nem também autoriza pastor nenhum a ignorar saque aos cofres da igreja; mas demonstra como é frágil o argumento daqueles que deixam de contribuir com seu ministério local devido “ladroíce” de um ou outro administrador.

As ofertas nas Escrituras

As ofertas, diferentemente dos dízimos, são ponto pacífico entre os estudiosos da Bíblia. Desde as ofertas apresentadas por Abel e Caim (Gn 4.3-4), passando pelas ofertas alçadas de materiais para a construção do tabernáculo (Êx 25.1-7), do templo de Salomão (1Cr 29), e a reconstrução do templo nos dias de Zorobabel (Ed 5), vê-se que era comum desde os primórdios da humanidade a prática da oferta, sob vários aspectos e propósitos (quer fosse de adoração, quer fosse de celebração, quer fosse de solidariedade).

No Novo Testamento vemos igualmente a prática das ofertas sendo mantidas, com vistas especialmente ao socorro dos necessitados e ao sustento dos apóstolos, pastores e missionários. Sempre de caráter voluntário, a prática de ofertar é especialmente ensinada pelo apóstolo Paulo, como se pode ver em especial nos capítulos 8 e 9 da segunda carta aos Coríntios. Nestes capítulos aprendemos alguns propósitos das ofertas:

  1. Suprir a falta dos que pouco ou nada têm, e não para garantir o luxo de alguns privilegiados (8.13-15; 9.9);
  2. Dar prova de amor através da generosidade (8.24);
  3. Demonstrar através de atos a gratidão e exaltação do coração a Deus (9.12,13)

A mordomia dos dízimos e das ofertas na igreja local

Como deve ser a entrega dos dízimos e das ofertas na igreja local?

O Novo Comentário Bíblico [3] traz ponderações importantes acerca do dízimo e das ofertas administrados pelos cristãos. Transcrevemos abaixo numa lista de seis pontos:

(1) Como cristãos, nosso compromisso com a Lei do Antigo Testamento, que foi dada a priori a Israel, está relacionada a Cristo;

(2) Nossas doações precisam nascer de nosso amor por Cristo, não por obedecermos a um padrão que especifica uma percentagem. Quando o primeiro dízimo na Bíblia foi dado por Abraão (Gn 14.17-20), este o fez como expressão de gratidão por Deus tê-lo livrado numa guerra. O amor e a adoração a Deus é a razão principal do dízimo ao longo das Escrituras;

(3) Tudo o que temos, na verdade, vem de Deus e pertence a Ele, não apenas o que damos, mas também o que mantemos conosco. Portanto, Ele tem todo o direito sobre os 100%de nossa renda, não apenas sobre os 10%;

(4) Entregar os 10% já é um grande começo. No entanto, estudos indicam que, de um modo geral, os cristãos não dão nem essa parcela de seu salário. Na verdade, por mais que a renda per capita tenha aumentado, os cristãos têm contribuído cada vez menos em suas igrejas; [por favor, releia este ponto atentamente! E reflita]

(5) O Novo Testamento deixa bem claro que o obreiro cristão vocacionado para o ministério tem direito à ajuda financeira daqueles que ministram (1Co 9.13,14; Gl 6.6). Além disso, muitas igrejas e outros ministérios ajudam os pobres, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. Portanto, nada mais justo do que esperar que os cristãos deem ofertas financeiras para ajudar nessas causas.

(6) Independente de quanto damos ou para quem damos, Mateus 23.23 diz que nossa prioridade deve ser nos assegurarmos de que haja justiça entre nós, que demonstremos misericórdia a nossos semelhantes e coloquemos em prática nossa fé, então apenas falemos dela.

Ressaltamos ainda que, mantendo-se o padrão de Abraão que entregou os dízimos ao sacerdote Melquisedeque, dos judeus no período da Lei que deveriam levar os dízimos e ofertas aos levitas, e dos cristãos que “depositavam tudo aos pés dos apóstolos”, cremos e ensinamos que os dizimistas e ofertantes de hoje devem também confiar aos líderes da igreja a administração de seus dízimos e ofertas, as quais, como já dissemos, deverão ser aplicadas ao socorro dos necessitados e dos ministros que trabalham exclusivamente no serviço santo, à manutenção do culto e à expansão da obra missionária. Não é coerente que o próprio ofertante ou dizimista administre a bel prazer suas contribuições, ainda que possa direcionar ofertas específicas a pessoas ou instituições, desde que não cometa injustiça contra sua própria igreja local.

Por fim, ressaltamos três princípios fundamentais na contribuição dos dízimos e ofertas: (1) o princípio da REGULARIDADE, isto é, com a mesma regularidade com que os ganhos chegam as nossas mãos, devemos reparti-los com nossa igreja local, já que o trabalho da igreja é incessante; (2) o princípio da PROPORCIONALIDADE, bem como ensinado pelo apóstolo Paulo: quem tem mais dá mais, quem tem menos, dá menos; (3) VOLUNTARIEDADE, isto é, dar com alegria e amor, não com pesar, como se o fizesse por obrigação. “Deus ama ao que dá com alegria” (1Co 9.7).

Conclusão

Que tenhamos senso de responsabilidade com nossas igrejas locais, onde nos nutrimos regularmente da comunhão, das orações, dos louvores e das pregações. Sejamos solidários com os ministros vocacionados para o trabalho exclusivo na obra do Senhor, bem como com as famílias missionárias que dependem de nossa generosidade para permanecerem trabalhando no campo missionário. Demonstremos em atitudes nosso amor para com os necessitados, tomando parte nos programas de assistência social de nossas igrejas locais.

Na pior das hipóteses, se sua igreja não administra corretamente as finanças, não tem programas missionários nem desenvolve projetos de assistência social e mal utiliza os fundos para enriquecimento de algumas lideranças, então o que você deve fazer não é deixar de ser um fiel contribuinte, mas pedir desligamento do rol de membros desta igreja e buscar uma onde Deus seja honrado e as pessoas sejam amadas.

Referências

[1] William Greathouse. Comentário Bíblico Beacon, vol. 5, CPAD, p. 366
[2] R.N. Champlin, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, 11° ed., vol. 2, Hagnos, p. 203
[3] O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento, Central Gospel, p.69

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