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Cristãos são forçados a fugir do Níger devido ao extremismo islâmico
Os vilarejos foram notificados de que devem se converter ao islã se quiserem continuar morando na região.
Há pouco mais de um mês, grupos jihadistas começaram a impor uma nova lei em vilarejos na região de Tillabéri, localizada nas fronteiras de Níger e Burkina Faso. Os extremistas intimidaram moradores do vilarejo de La Tapoa e anunciaram que, a partir de 16 de abril, todos os rapazes a partir de 15 anos que se recusarem a se converter ao islamismo seriam obrigados a pagar a jizya, uma multa baseada na sharia, aplicada a minorias religiosas em territórios controlados por radicais muçulmanos.
“Os jihadistas nos levaram para fora do vilarejo e ordenaram que seguíssemos a religião deles, mas dissemos que isso nunca aconteceria. Eles então exigiram que pagássemos 50 mil francos ou deveríamos deixar o vilarejo”, relatou o pastor Yalitchoi, uma testemunha local.
De acordo com contatos locais da Portas Abertas, todos os vilarejos próximos foram notificados de que devem se converter ao islã se quiserem continuar morando na região. Quem não obedecer à regra terá que pagar 50 mil francos (aproximadamente 80 dólares) de multa. No entanto, mesmo pagando a multa, os moradores serão obrigados a viver como escravos, e os jihadistas se tornarão automaticamente proprietários de todas as terras da região. Aqueles que se recusarem a permanecer no vilarejo poderão partir, mas apenas com a roupa do corpo, sem autorização para levar qualquer pertence.
Até o momento, os extremistas já impuseram a nova lei em outros seis vilarejos na região de Tillabéri. No dia 2 de maio, aproximadamente 357 cristãos começaram a fugir desses vilarejos e agora vivem como deslocados internos na cidade de Makalondi e em outras partes do interior do Níger. “Como fomos obrigados a partir, chegamos aqui sem nada, não temos nem mesmo comida. Está difícil encontrar um lugar para nos abrigar”, afirmou o pastor Yalitchoi.
A situação dos cristãos deslocados é desesperadora. Muitos estão morando embaixo de árvores para se proteger do sol ardente. “O período de chuvas está se aproximando, o que tornará a vida ainda mais difícil para os deslocados internos no Níger”, relataram parceiros locais da Portas Abertas.
Nos últimos anos, as condições de segurança no Níger se deterioraram significativamente. A violência extrema tem atingido cristãos nos países vizinhos, como Nigéria, Burkina Faso e Mali, na África Subsaariana. Grupos armados continuam a estabelecer bases na região e a organizar ataques recorrentes. Desde 2017, o governo do Níger declarou estado de emergência em partes do país devido ao avanço dos extremistas. Parceiros locais fazem o possível para acompanhar e socorrer os cristãos, mas o acesso às áreas rurais se torna cada vez mais difícil.
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