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opinião

Damares está lembrando às meninas o que as feministas esqueceram de ensinar

É em situações como essa que a verdadeira face do feminismo se revela: preocupação exclusiva com a revolução sexual, e nada mais.

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Damares Alves. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Tem gente dizendo que a proposta da ministra Damares Alves – em promover uma forte campanha de abstinência sexual – é um “golpe contra a ciência”[1]. Outros atormentados – com labaredas nos assentos – vincularam a sugestão de combate à gravidez precoce como uma pretensão conservadora das entidades religiosas [naquela pegada de taxar como ruim e opressor qualquer direção inspirada no cristianismo][2].

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Parece que os defensores de um Estado social não ficaram felizes em uma política pública que ensina sobre RESPONSABILIDADE para as adolescentes. Mas, o feminismo não é tão preocupado com o bem-estar da mulher? Ah, esse bem-estar vem abarrotado de direitos, entretanto não é muito preocupado em lembrar dos DEVERES.

Eis a falha, ou melhor, a metástase do feminismo: não promover ensino sobre responsabilidade. Querem liberdade, junto com um Estado para lhes servir: isso para garantir que o Sistema Único de Saúde viabilize seu abortamento. Na pior das hipóteses, umas creches para jogar as crianças. Assim, diante da situação de extrema pobreza, as mulheres precisam trabalhar em circunstâncias degradantes, e terminam o dia de labuta indo ao baile funk. E engravidando de novo, na maioria das histórias.

Pesado? Essa é a realidade brasileira. Em 2018, a OMS relatou que o Brasil tem gravidez na adolescência acima da média latino-americana. A cada mil adolescentes brasileiras entre 15 e 19 anos, 68,4 ficaram grávidas. O interessante é que, o relatório de 2018 já previa como meio de prevenção a promoção de “medidas e normas que proíbam o casamento infantil e as uniões precoces antes dos 18 anos; apoiar programas de prevenção à gravidez […]”[3]

Todavia, já que foi a Ministra Damares quem deu visibilidade ao assunto, a “convulsão social” deu as caras. Não apenas a mídia, mas também as adolescentes que querem ter seu [pseudo]direito de fazer sexo sem responsabilidade garantidos em fevereiro, lá no bloco das empoderadas, estão revoltadinhas. Dessas meninas orquestradas, temos duas classes: 1) as burguesas – utilitaristas, preocupadas apenas com o seu prazer e tranquilas em pagar um aborto no exterior; 2) as meninas da periferia – que vão perpetuar o ciclo integeracional da pobreza[4].

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Ambas cresceram com um governo que promovia “educação sexual”, ou seja, ensinando que elas podem fazer sexo a vontade, contanto que estejam munidas de métodos contraceptivos. A educação sexual salienta que o prazer tem que ser garantido. Mas, vamos ser realistas: além de não alertar sobre inesperados que podem acontecer no coito, a tal da educação sexual não é feliz em falar sobre as consequências a longo prazo que o sexo na adolescência pode ocasionar na vida de uma menina.

Desinteresse nos estudos, desvalorização, risco de abuso sexual, vulnerabilidade à DST’s, geração de filhos abandonados: esse é o quadro que as feministas falam tanto em combater, mas são as primeiras a estimular: perpetuando a bandeira do sexo livre e condenando uma Ministra que luta para substituir esse vício pela cultura dos estudos e da responsabilidade.

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As clássicas palavras de Camile Paglia, quando veio ao Brasil em 2015, servem para explicar a situação. Estamos diante de mulheres e adolescentes “pedindo proteção, um novo paternalismo do governo”[5] para viver uma vida sexual irresponsável.  Elas esquecem, ou simplesmente não foram orientadas que “existem muitas responsabilidades que vêm com a liberdade”[6]. O que as mulheres e as meninas (além da mídia brasileira e internacional), precisam compreender é que perdemos a noção do verdadeiro cuidado. A bandeira da coletividade do sistema esquerdista não passa de um merchandising.

Quer conhecer um modelo de pensamento verdadeiramente preocupado com o bem comum? O Cristianismo – que olha só, é a confissão de fé da Ministra Damares. Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, nos lembra do pensamento Aristotélico: “Os legisladores tornam os cidadãos bons, imprimindo-lhes bons hábitos.”[7] Quando a figura do legislador deixa de produzir leis visando o bem-comum, estamos diante da “perversão da lei”. Então, quando esse mesmo legislador começa a imprimir a ideia de que “Educação sexual” é mais importante do que a abstinência – dando passe livre para que adolescentes tenham uma vida sexual ativa – estamos diante de uma impressora bem tirânica para as mulheres, não acha?

É em situações como essa que a verdadeira face do feminismo se revela: preocupação exclusiva com a revolução sexual, e nada mais. É estarrecedor ver que o coletivo feminista rechaça a figura de uma mulher, preocupada em promover educação e responsabilidade para adolescentes, em garantir a redução da gravidez na adolescência.

A lição que tiramos disso é que permitir o prazer não significa necessariamente um benefício. Uma impressora que externa conteúdos de responsabilidade é a maior expressão de preocupação com o conjunto feminino. Entregar meninas aos seus próprios prazeres representa um risco à ordem, desqualifica seu futuro, entrega crianças nas mãos do estado e está longe de ser uma qualidade que implica em dignidade. São os cristãos que estão preocupados em fornecer educação e qualidade de vida para as meninas, e as pretensões da Ministra só confirmam essa realidade.

[1] THE INTERCEPT: Abstinência sexual, outro golpe de Damares na ciência. Veja mais em: < https://outraspalavras.net/outrasmidias/abstinencia-sexual-outro-golpe-de-damares-na-ciencia/ >
[2] O GLOBO: Damares reconhece abstinência sexual como ‘política pública em construção’. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/sociedade/damares-reconhece-abstinencia-sexual-como-politica-publica-em-construcao-1-24182738 >
[3] NAÇÕES UNIDAS. Taxa de gravidez adolescente no Brasil está acima da média latino-americana e caribenha. Veja mais em: < https://nacoesunidas.org/taxa-de-gravidez-adolescente-no-brasil-esta-acima-da-media-latino-americana-e-caribenha/ >
[4] Adolescentes da periferia, que crescem em um contexto limitado à criminalidade e sexualidade precoce, se tornarão adultos perpetuadores dessa crença. “No longo prazo, crianças que tiveram menos oportunidades de desenvolvimento tornam-se, com maior probabilidade, adultos pobres, produzindo o fenômeno conhecido como ciclo integeracional da pobreza.” – Veja mais em: VIDIGAL, Fundação Maria Cecilia de Souto. O impacto do desenvolvimento na primeira infância sobre a aprendizagem. Disponível em: < https://issuu.com/fmcsv/docs/o_impacto_do_desenvolvimento_na_pri/1?ff&e=3034920/10202608 >
[5] Roda Viva Internacional | Camile Paglia | 22/10/15. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=KlYR1isM2o8 >
[6] Ibidem.
[7] II Polit. em AQUINO, Santo Tomás de. Suma Teológica. Vol. 2 – La llae. São Paulo: Ecclesiae, 2017. p. 556.

Palestrante e articulista sobre assuntos relacionados à feminilidade bíblica. É também bacharel em Direito pelo Centro Universitário Estácio do Recife.

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