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opinião

Entendo as fases e os efeitos na sua saúde mental da quarentena

Veja ações para prevenir e manter a saúde emocional.

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Jovem com proteção contra coronavírus. (Foto: Amin Moshrefi / Unsplash)

A partir do momento em que a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou de forma oficial uma pandemia, milhões de pessoas na maior parte do mundo começaram a ter que lidar com sentimentos desconfortantes como angústias, dúvidas, medos e incertezas.

Somado a isso, fomos convocados a restringir nossos movimentos e a nos resguardar em nossas casas para, assim, reduzirmos o risco de contaminação, o que agrava a prevalência da ansiedade e da depressão durante o momento de crise.

A Covid-19 deve, com certeza, ser levada a sério, contudo, para que ela tenha grande impacto em nosso organismo, é necessário que o nosso sistema imunológico esteja mais fragilizado. Por isso, é importante pontuar que o estresse, a preocupação, a solidão, a falta de sentido e significado, o vazio espiritual e a insônia são também gatilhos que viabilizam o surgimento de transtornos ansiosos e depressivos.

Somos seres sociais. Nosso cérebro precisa se conectar a outras pessoas. Quer uma prova?

Pare e pense quantos porcento dos seus pensamentos durante o dia têm a ver com outras pessoas? Provavelmente mais de 80% ou 90% dos seus pensamentos estão conectados com outras pessoas. Um cérebro com funcionamento dentro da normalidade irá sempre buscar conexões e socializações.

Por isso, neste momento de isolamento, um dos maiores estressores é sentir solidão. Preste atenção: você pode estar só e não sentir solidão.

Solidão é diferente de solitude. Solitude é quando estar só não gera angústia ou desconforto; já na solidão, a pessoa se sente angustiada, vazia, não amada e muitas vezes até aflita.

Quando o estresse é negativo?

O estresse excessivo promove a liberação de hormônios que alteram o nosso estado corporal. O principal hormônio que está relacionado a este sistema de resposta é o cortisol. A concentração de cortisol no sangue aumenta abruptamente após a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que ocorre no período de estresse e de depressão clínica, e isso abaixa a imunidade e nos torna mais propenso a infecções e inflamações.

Encontrar meios de gerir a ansiedade, protege não só a saúde mental, como também permite que estejamos aptos a operar com foco, prudência, discernimento e criatividade diante dos gigantes que que temos de combater.

De acordo com as observações realizadas, na quarentena muitos fenômenos comportamentais e emocionais são desencadeados e, para lidarmos com eles, é importante que conheçamos quais são e como eles agem em nossa mente.

Vale pontuar que, ao enfrentarmos a quarentena, passaremos por algumas fases que tendem a ser comum entre nós. A primeira semana é preocupante, mas é mais leve. A questão ainda está em elaboração e a mente ainda está recebendo os estímulos sem interpretar de fato os acontecimentos ou, se a mente os interpreta, ela o faz com certa distância emocional. Para alguns é como se estivessem “entrando de férias”.

Na segunda semana, acontece um movimento de despertamento da solidariedade entre as pessoas. A preocupação com o próximo fica bem evidente. Movimentos de ajuda começam a ser elaborados por diferentes segmentos, cantos nas varandas, acenos, palavras de apoio e suporte e atos generosos e altruístas são percebidos.

A partir da terceira e quarta semanas, começa ocorrer um comprometimento emocional maior. As ansiedades começam a aumentar, as tristezas tendem a se intensificar, os que já têm algum tipo de transtorno como TOC, depressão, fobias, transtorno explosivo intermitente, que é uma desordem comportamental caracterizada por explosões de raiva e violência que são desproporcionais à situação ou aos gatilhos presentes e que se tornam mais comuns.

As pessoas começam a ficar menos tolerantes umas com as outras e a frequência de violência doméstica pode aumentar consideravelmente.

Preste atenção: é importante que tenhamos consciência das fases que podemos enfrentar durante a quarentena para que saibamos que os sentimentos e pensamentos que nos acometem neste período são normais e esperados, mas que podemos controlá-los.

Você não está enlouquecendo, você está experimentando um estresse muito elevado e passando por uma crise que desorganizou sua mente. É importante procurar ajuda neste momento, pois a mente não aguenta períodos longos de desorganização.

A palavra crise no ideograma chinês é composta por dois caracteres. Um representa perigo e o outro representa oportunidade.

Quando a crise se configura como perigo? Quando ela paralisa ou torna você disfuncional.

E quando a crise se configura uma oportunidade? Quando ela te torna mais resiliente e forte. Ninguém sairá dessa quarentena igual ao que entrou. Sairemos mais fortes, ou mais abalados, dependendo de como trabalharmos isso tudo com nós mesmos.

O sintoma em comum de todos os transtornos ansiosos é a experimentação de ansiedade, que pode ser:

Ansiedade Física Ansiedade Psíquica
Palpitação Angústia Preocupação Excessiva
Sudorese Tontura Antecipação Negativa do Futuro
Tremores Parestesias Medo Excessivo de Algo ou Alguém
Falta de Ar Náuseas Comportamento Evitativo / Recluso
Dor Torácica Dor Abdominal Remoer” de Pensamentos

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Pastor, psicólogo (CRP 43974-6). Doutor em Psiquiatria (FMUSP). Mestre em Ciências Médicas (FMUSP). Especialista em aconselhamento, professor na Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Visite: www.gaip-saude.com.br

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