estudos bíblicos
Estilos de liderança
Os estilos moldam a maneira de liderar.
Estilos de liderança são perfis profissionais de liderança que um indivíduo carrega em seus “genes administrativos” ou adquire ao longo de sua carreira profissional.
Existem dois tipos de líderes: os que são chamados e capacitados por Deus para liderarem e os que lideram apenas porque se deparam ou são impelidos a situações que exigem liderança (líder situacionista). Porém, tanto para estes como para aqueles é preciso que tenham estilos de liderança com os quais desenvolvam atividades com mais significância e obtenham sucesso.
Os estilos moldam a maneira de liderar. Os líderes situacionistas podem adaptar-se a um ou mais estilo de liderança. Diferente dos líderes nato, que já nascem com um estilo próprio, que por sua vez pode ser aperfeiçoado e até mesmo adquirir novos estilos.
Assim, tanto o líder capacitado por Deus para liderança como o líder situacionista pode desenvolver mais de um estilo de liderança. Caroline Marcon, gerente do Hay Group, instituição americana especializada em consultoria empresarial, afirma que “o líder pode até ter tendência a um perfil específico, mas tem de ter flexibilidade suficiente para aprender e incorporar outros estilos em caso de necessidade”.
Bárbara Ladeia, articulista da revista Exame, comenta sobre os seis estilos de liderança da era moderna definidos por Caroline. Compararei esses estilos de liderança com personagens bíblicos descritos por Billie Davis em seu livro: “Pessoas, Tarefas e Alvos” (ICI, 1983).
São seis personagens bíblicos que se destacaram com seus respectivos estilos de liderança e se tornaram um modelo para pastores e líderes da atualidade, tanto aqueles que administram igrejas como aqueles que dirigem departamentos ministeriais, cristãos que exerce função de liderança intermediária em uma igreja local e pastores auxiliares.
Neemias: o líder coercivo e de liderança produtiva
Billie Davis apresenta-o como um líder decidido nas suas ações. Solucionava problemas emergenciais sem a participação coletiva de seus conselheiros e demais pessoal. O estilo coercitivo tende a funcionar bem em situações de emergência, em que “mandar fazer é mais fácil que discutir soluções com toda a base de empregados”, afirma Caroline Marcon. Ela ainda diz que líderes coercivos são “vigilantes e críticos, são ácidos e duros em suas críticas”.
No caso de Neemias, as palavras “ácidos” e “duros” podem ser trocadas por “firmes” e “decididos”. Ele era um líder coercitivo sobre os assuntos de negligências espirituais (Ne 13.23-26). As suas ferramentas de correção e tomadas de decisões eram sempre a Palavra de Deus e a disciplina corretiva inspirada pela ordem divina.
O líder com esse estilo de liderança não deve exercê-la de forma aleatória, pautada por suas convicções ou mesmo baseada pela prepotência do cargo que exerce – zelo sem amor causa tirania espiritual. Mas deve agir sob o manto da inspiração bíblica, com amor e serenidade, bem como regida pelo Espírito Santo. A tomada de decisão é o fator mais importante e característico desse estilo de liderança. O “mandar fazer”, o qual especifica Caroline, é uma ação particular do líder coercivo na resolução de problemas que, muitas vezes, é necessária para resolver agravantes urgentes. Billie Davis afirma: “Há ocasião em que um líder precisa resolver pessoalmente qual medida deve ser tomada” sem ser insuflado por terceiros.
Josué: o líder dirigente e de liderança comunicativa
Outro estilo de liderança moderno mapeado por Caroline é o líder dirigente. Ele dá direções claras para a sua equipe, dizendo exatamente o que espera de cada um. “É um estilo que exige experiência e preparação do chefe em questão. É uma gestão baseada em diálogo e comunicação”, afirma a especialista.
Billie identifica Josué como esse tipo de líder. Ele o define como um líder com uma mensagem clara e, no quesito das experiências, ele foi mentorado por ninguém menos que Moisés (Ex 17; 33 e Nm 15.5-10).
Quanto à comunicação, Josué compreendia e utilizava com sucesso sem igual seus princípios fundamentais (Js 2.1; 3.2-4,9; 8.3-8).
Todo líder cristão deve levar em consideração esse estilo de liderança. O pastor que sabe se comunicar com sua igreja será bem sucedido. De acordo com Caroline, esse líder garante a motivação dos funcionários através da transparência. “Ele quer engajar as pessoas para que elas sintam vontade de seguir suas orientações”, reitera a especialista.
Davi: o líder afetivo e de liderança espiritual
Houve um tempo em que o rei antecessor de Davi, Saul, foi atormentado por um espírito maligno. Isso lhe causava tormento, depressão e assombro. Logo seus criados deram a sugestão de chamar alguém para que tocasse de forma afetiva e espiritual para seu rei e o livrasse daquele tormento (1Sm 16.18).
Os adjetivos atribuídos a Davi: “animoso” e de “gentil presença” caracteriza-o como um dos líderes mais humano e fraternal das páginas sagradas. Essa virtude lideracional o identifica com o estilo de liderança moderno que Caroline o chama de Afetivo. “Quem dá mais atenção às pessoas que às tarefas é o chamado líder afetivo. Ele trata bem seus colaboradores e, não raro, são recompensados com lealdade e alto desempenho”.
Billie atribui esse mesmo pensamento a Davi dizendo que “ele mostrava-se leal e cheio de consideração ao tratar tanto com os seus superiores quanto com os seus subordinados”. Caroline diz que o líder afetivo tem um interesse genuíno nas pessoas e isso faz com que crie harmonia e proximidade na equipe. Foi exatamente o que Davi fez com os seus valentes (1Sm 22). A afetividade de um líder está interligada a sua espiritualidade. Um líder afetivo é um líder que lidera com mecanismos espirituais, Davi dá prova disso em seus salmos. Portanto sejamos pastores afetivos – espirituais!
Moisés: o líder democrático e de liderança relacional
Moisés aprendeu cedo a arte de delegar tarefas através de seu sogro Jetro (Ex 18). Embora a liderança espiritual exercida por um servo de Deus numa instituição religiosa, como a Igreja de Cristo, não seja uma democracia, essa liderança deve ser compartilhada entre seus auxiliares para que chegue ao sucesso institucional. O que definirá esse compartilhamento será a delegação de poder.
Dado as circunstâncias, Jetro instruiu Moisés para um dos estilos de liderança moderno mais participativo já visto: a liderança relacional. Moisés aprendeu e se tornou um líder democrático, que, nas palavras de Caroline, “é o melhor líder para criação de ambientes de alta performance. Isso porque o compartilhamento das responsabilidades faz com os liderados se sintam corresponsáveis e parte de uma construção coletiva”.
Na ótica da liderança democrática, Billie afirma “que o líder que prefere o estilo democrático trabalha mais dentro do grupo. Conduz o grupo para estabelecer regras. Permite que seu grupo participe de modo significativo na tomada de decisões”.
José (filho de Jacó): o líder modelador e de liderança intermediária
Como líder modelador, José foi um exímio gestor, detalhista e de recomendações assertivas em todas as situações que exerceu liderança. “As instruções detalhadas e a alta exigência são marcas registradas do líder modelador”, acrescenta Caroline ao se referir a esse estilo de liderança.
Podemos inserir e analisar José nesse contexto de liderança, pois ele detalhava suas instruções a fim de solucionar alguns problemas de gestão, como foi no caso da interpretação do sonho de Faraó (Gn 41.33-36). Além disso, ele exerceu liderança em um ambiente que era apenas intermediário. José “era apenas um escravo, e precisava receber ordens da parte de seu senhor”.
Nesse sentido, Billie afirma que a maioria dos líderes nas igrejas exerce liderança intermediária. Como por exemplo, o líder de departamento de jovens, de senhoras, supervisores de congregações, etc. Nessas circunstâncias, é imprescindível que o pastor, presidente da igreja local, saiba interagir equilibradamente com esse tipo de liderança, pelo fato dele próprio não fazer parte diretamente da gestão de tais setores.
Portanto, cabe a ele (líder intermediário) confiar integralmente nos demais líderes e, ao mesmo tempo, manter-se próximo para evitar extremos e revelias administrativas, mas com a independência que lhes é permitida.
Paulo: o líder treinador e de liderança progressiva
“Como um técnico de time de futebol, o treinador investe tempo e esforços na compreensão dos pontos fortes e fracos de cada membro da sua equipe. O objetivo é trabalhar com eles para que o desenvolvimento pessoal gere bons resultados”, afirma Caroline ao falar sobre o líder treinador.
O apóstolo Paulo é esse líder treinador, porque sempre treinava um sucessor na igreja que fundava. Quando chegava a sua hora de partir, capacitava um líder e, sem hesitar, passava o bastão da liderança (Tt 1.4,5).
Billie Davis apresenta as características mentoras de Paulo para com Timóteo, que se entrelaçam com as do líder treinador abordado por Caroline: “Um líder está constantemente aprendendo e crescendo, e também ajudando outras pessoas a aprenderem e crescerem. (…) Preocupado em conhecer sua equipe, o treinador conversa muito, se interessa em conhecer cada um, com foco sempre no longo prazo. (…) É perfil ideal para a formação de novos líderes”, conclui.
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