Igreja de 16 mil membros deixa a Assembleia de Deus nos EUA

Em um comunicado inesperado, a Igreja James River, a maior congregação das Assembleias de Deus no estado do Missouri, anunciou que decidiu encerrar sua filiação com a denominação pentecostal. A decisão foi tomada por unanimidade pelo conselho administrativo da igreja e comunicada publicamente durante o culto de quarta-feira à noite, segundo fontes ligadas à denominação.

A Igreja James River, que reúne aproximadamente 16 mil fiéis semanalmente, afirmou que, apesar do desligamento institucional, continuará alinhada com a doutrina pentecostal e engajada no apoio a missões:

“Recentemente, o Conselho Administrativo da Igreja James River decidiu encerrar nossa filiação denominacional formal com as Assembleias de Deus. Somos gratos pelas Assembleias de Deus e pretendemos continuar a parceria com elas de diversas maneiras — incluindo nosso apoio contínuo aos missionários e aos esforços missionários para levar o Evangelho ao redor do mundo”, declarou a igreja em nota oficial.

A liderança da congregação acrescentou que a decisão não implicará em mudanças teológicas. “A Igreja James River não está mudando sua doutrina e continua comprometida em pregar a Bíblia e impactar a comunidade local e o mundo pela causa de Cristo”, diz o comunicado.

A Southern Missouri Ministry Network of the Assemblies of God, rede ministerial que reúne igrejas da denominação no sul do Missouri, foi comunicada da decisão, segundo informou o superintendente Don Miller. Ele declarou que a entidade está acompanhando o processo de desfiliação:

“Estamos cientes do impacto que a James River causou no Reino e somos gratos por tê-la como parte das Assembleias de Deus. Nas Assembleias de Deus, existe um processo em vigor para resolver questões dessa natureza, e a Southern Missouri seguirá esse processo”.

Um funcionário do escritório nacional da Assembleia de Deus, que preferiu não se identificar, afirmou ao CP que a decisão causou surpresa. “Eles informaram a todos, o público e o AOG, no culto de quarta-feira à noite”, disse. Segundo ele, a liderança denominacional não havia sido previamente avisada e não havia nenhum conflito evidente que justificasse a saída: “Não há nenhum tipo de disputa. Não havia nenhum tipo de situação em andamento. Eles apenas anunciaram, e pronto”, relatou.

Ainda assim, a denominação expressou gratidão pela trajetória da igreja. “A Igreja James River tem um rico legado de ministério e serviço dentro das Assembleias de Deus e nossas orações agora estão com eles pelas bênçãos de Deus e um ministério contínuo e eficaz”.

A Igreja James River, fundada em 1991 sob o nome James River Assembly, já esteve no centro de outras controvérsias recentes. Em março de 2023, o pastor sênior John Lindell acusou publicamente o pastor Mark Driscoll de tentar minar sua liderança durante a Conferência dos Homens Mais Fortes. Segundo Lindell, Driscoll teria caracterizado como “demoníaca” a participação de um engolidor de espadas na programação do evento, chamando-o de “stripper masculino”.

Ainda em 2023, a igreja voltou às manchetes após Lindell declarar, durante uma transmissão ao vivo, que uma mulher teria sido curada milagrosamente em um culto, tendo os dedos amputados “crescido novamente”. A declaração gerou ampla repercussão e levou diversos críticos a exigirem provas do suposto milagre.

Apesar das controvérsias, a James River mantém grande influência na região e no meio evangélico americano, especialmente entre igrejas com ênfase no avivamento, dons espirituais e ações missionárias. A decisão de romper formalmente com a maior denominação pentecostal do mundo abre espaço para novas configurações ministeriais, mas ainda não foram divulgados detalhes sobre os próximos passos da congregação.

Até o momento, a liderança da Igreja James River não respondeu a perguntas sobre os motivos específicos da decisão nem sobre o tempo de planejamento que antecedeu o anúncio. Também não há confirmação se a congregação pretende se filiar a outra denominação ou se manterá totalmente independente, segundo informações do The Christian Post.