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Igreja Universal do Reino de Deus: nem cristã, nem protestante, nem evangélica, nem pentecostal
A correta caracterização da IURD como seita paraprotestante que absorve e reelabora crenças e práticas do gradiente espírita-umbandista, e suas semelhanças genéticas com a Umbanda e a Cultura Racional

Igreja Universal, Umbanda e Cultura Racional: função terapêutica; função de integração na sociedade urbano-industrial; sincretismo religioso e disputa do campo mediúnico.
De algum modo, a Igreja Universal do Reino de Deus, a Umbanda e a Cultura Racional, todas nascidas na cidade do Rio de Janeiro, abeberam-se na fonte das religiões de matriz africana. Mais do que isso, todas elas resultaram de processos formativos artificiais e meteóricos, seja por tentativa e erro (IURD), seja por doutrinação intelectual (Umbanda), seja, ainda, por simples letramento (Cultura Racional)[93].
Como já demonstrado, o fato de a Universal criticar a Umbanda e congêneres não invalida a hipótese de que se trata de uma origem menos evangélica do que se pensa, assim como a Cultura Racional não deixa de pertencer ao gradiente espírita-umbandista pelo fato de criticar o espiritismo.
Sociologicamente, tanto a Universal como a Umbanda nasceram em momentos de transformação da sociedade brasileira, com progressiva industrialização e urbanização, o que provocou instabilidade social e emocional nos contingentes populacionais que migravam do campo para a cidade.
A obra Católicos, protestantes, espíritas, organizada por CÂNDIDO PROCÓPIO FERREIRA DE CAMARGO, explica o processo histórico da Umbanda e sua dupla função terapêutica e de integração social. Publicado em 1973, o livro capta, ainda, o contexto histórico-social que levaria, pouco depois, ao nascimento da Universal.
Diante desse cenário de transformações, ambas as seitas foram estimuladas e favorecidas pelo desempenho de uma função terapêutica, no sentido de socorrer os desajustados, enfermos e oprimidos, mas trilharam caminhos diversos: enquanto a Universal se hospedou na linguagem evangélico-pentecostal, a Umbanda criou toda a sua doutrina a partir dos postulados de religiões como o Candomblé, o que disfarça a realidade de que tanto uma como outra são caudatárias do baixo espiritismo influente na sociedade brasileira.
Outro aspecto digno de nota é que a Universal e a Umbanda resultaram de processos de reinterpretação de antigos cânones religiosos, com uma correspondente mistura (sincretismo), com a diferença – já mencionada – de que a primeira recorreu à tentativa e erro, ao passo que a outra se pautou por doutrinação intelectual.
Dessa forma, função terapêutica, função de integração na sociedade urbano-industrial, sincretismo religioso e disputa do campo religioso mediúnico são fatores que aproximam a IURD da Umbanda.
O mesmo se pode afirmar quanto à Cultura Racional, com o elemento adicional do suposto oportunismo financeiro, que a torna ainda mais parecida com a Universal. Senão vejamos:
Segundo RICARDO NEUMANN, o fundador da Cultura Racional investiu no letramento como meio exclusivo de salvação porque mirava no crescente mercado religioso mediúnico, que, não obstante, buscava uma religião mais “racionalizada” e menos vinculada ao “caráter ritual”[94]. Enfim, a sugestão é de que o fundador da Cultura Racional buscava dinheiro, algo que Tim Maia, ex-adepto da seita, chegou a afirmar numa entrevista a Jô Soares[95].
Outra semelhança entre Edir Macedo e Manoel Jacintho Coelho é a forte presença da personalidade do líder na construção da doutrina e apropriação de ideias religiosas.
É mesmo isso o que diz NEUMANN sobre o fundador da Cultura Racional, que, de forma “oportunista”[96], teria feito “muito uso daquele momento particular de metamorfose do campo religioso mediúnico, dando ênfase total ao escriturístico em sua criação”, com o objetivo de atrair adeptos a seu movimento mediante uma proposta que atendesse às demandas do seu público religioso, o que incluiu mudança de premissas[97] e “estratégia de mercado”[98].
Algo parecido ocorreu com Edir Macedo, que vivenciou mudanças significativas no cenário religioso dos anos 1970, quando surgiam inflexões em igrejas do Pentecostalismo de Segunda Onda. Macedo, assim como Coelho fizera em relação à Umbanda, imitou e adulterou o repertório pentecostal.
Em contraste, enquanto Manoel Jacintho Coelho partiu para o letramento e afastamento dos rituais da Umbanda, Edir Macedo buscou a ritualização progressiva do seu culto, no que foi mais bem-sucedido perante sua clientela.
NEUMANN observa que o destaque ao “caráter ritual” retornaria décadas depois às religiões mediúnicas e principalmente às afro-brasileiras, e que esse mesmo caráter ritual é o “motivo de sucesso das igrejas pentecostais[99] e neopentecostais”[100].

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