igreja perseguida
Político oferece recompensa por ataques a cristãos na Índia
Em 17 de junho, durante uma marcha com tochas no distrito de Sangli, estado de Maharashtra, o parlamentar hindu Gopichand Padalkar, do partido nacionalista Bharatiya Janata Party (BJP), incitou publicamente a violência contra missionários e líderes cristãos. Na ocasião, o político acusou pastores e padres de promoverem conversões forçadas, mas não apresentou nenhuma evidência para sustentar a alegação.
Padalkar declarou: “Devemos manter prêmios para aqueles que atacam os missionários que vêm converter pessoas. 500.000 rúpias (5.756 dólares) devem ser dados para a primeira pessoa que espancar tal missionário, o segundo receberá 400.000 rúpias (4.605 dólares), enquanto o terceiro receberá 300.000 rúpias (3.454 dólares) como prêmios”. Além disso, o parlamentar anunciou uma recompensa de 1,1 milhão de rúpias (12.663 dólares) por ataques a líderes cristãos.
Em seu discurso, Padalkar também se referiu aos cristãos como “pítons” e pediu a demolição de igrejas consideradas ilegais. Ele exigiu que as autoridades locais listassem todas as “igrejas não autorizadas” no distrito, para que fossem demolidas. Segundo ele, “se uma pessoa tem um emprego no governo com base em reservas sob o Dharma hindu e está seguindo uma religião diferente, ela deve ser demitida”.
O político ainda declarou que a Assembleia Legislativa de Maharashtra se comprometeria a propor uma legislação contra a conversão religiosa durante a sessão das monções, afirmando: “Elimine aqueles que se convertam, e eu cuidarei da polícia”.
Protestos cristãos se espalham por cidades indianas
As declarações de Gopichand Padalkar geraram forte reação da comunidade cristã. No dia 30 de junho, cristãos realizaram uma marcha no distrito de Jalna, com cartazes que pediam justiça e punição para o parlamentar. Em 8 de julho, membros do Fórum Cristão protestaram em frente ao Escritório do Coletor Distrital em Pune.
No maior ato registrado, milhares de cristãos de diferentes denominações participaram de um protesto de seis horas em Mumbai, no dia 11 de julho. O evento reuniu líderes religiosos e políticos cristãos, com o apoio de mais de 20 organizações.
Entre as principais reivindicações dos manifestantes estavam a destituição de Padalkar de seu cargo político e sua responsabilização criminal por incitação à violência, incitamento ao assassinato e incitação a tumultos.
O reverendo Vijayesh Lal, secretário-geral da Irmandade Evangélica da Índia, condenou a postura do parlamentar: “Nenhum representante eleito deve incentivar ataques a qualquer cidadão com base em sua fé”. Em entrevista ao Morning Star News, Lal afirmou: “Tais declarações não apenas colocam vidas em perigo, mas minam os próprios princípios sobre os quais nossa nação foi fundada. Apelamos por uma ação decisiva para garantir que essa retórica não se traduza em violência real”.
Melwyn Fernandes, secretário da Association of Concerned Christians, também se posicionou: “É um ataque direto ao próprio tecido de nossa democracia secular. É chocante e desanimador que nossos líderes eleitos não tenham tomado conhecimento de uma retórica tão perigosa, minando e isolando os cristãos em seu próprio país”.
A Conferência dos Bispos Católicos da Índia (CBCI), por meio de comunicado emitido em 28 de julho, criticou a ausência de providências legais contra o parlamentar. “Expressamos profunda angústia pelo crescente clima de hostilidade e violência dirigida contra as comunidades minoritárias no país. [As declarações de Padalkar] justificam uma intervenção legal imediata e decisiva, particularmente quando o incitamento é explícito, direto e representa uma ameaça iminente à ordem pública”, afirmou a entidade.
Cristãos na Índia
O episódio envolvendo Padalkar ocorre em um contexto de crescente perseguição religiosa no país. Atualmente, 12 dos 28 estados indianos possuem leis que restringem ou regulam conversões religiosas. A maioria desses estados é governada pelo BJP, partido de orientação nacionalista hindu. Segundo organizações cristãs, essas legislações têm sido utilizadas como instrumento de assédio e perseguição contra igrejas e comunidades cristãs.
De acordo com o United Christian Forum (UCF), a comunidade cristã na Índia sofre atualmente pelo menos dois ataques por dia. Em 2024, foram registrados 834 episódios de violência, em comparação com 734 em 2023 e 601 em 2022 — um crescimento contínuo e preocupante.
A organização internacional Missão Portas Abertas posiciona a Índia no 11° lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, que classifica os países com maior nível de hostilidade contra cristãos.