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Israel diz que decisões de Lula na ONU revelam ‘falha moral’

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Israel diz que decisões de Lula na ONU revelam ‘falha moral’
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O governo Lula (PT) oficializou, neste mês de julho, a retirada do Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organização intergovernamental fundada em 1998 com o objetivo de promover a educação, a memória e a pesquisa sobre o Holocausto, além de combater o antissemitismo em escala global. Desde 2021, o país participava da IHRA como membro observador.

Simultaneamente, o Itamaraty confirmou a adesão do Brasil à ação movida pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, que acusa o governo de Israel de práticas genocidas durante sua ofensiva militar na Faixa de Gaza. A medida foi oficializada poucos dias após novos bombardeios israelenses no enclave palestino, intensificando o clima de tensão diplomática entre Brasília e Tel Aviv.

Em resposta à decisão do governo brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores de Israel divulgou nota oficial com tom de forte crítica. “A decisão do Brasil de se juntar à ofensiva jurídica contra Israel na CIJ, ao mesmo tempo em que se retira da IHRA, é uma demonstração de uma profunda falha moral. Numa época em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”, afirmou o comunicado divulgado no dia 24 de julho.

A reação israelense ocorre em um contexto de crescente isolamento diplomático do governo de Benjamin Netanyahu, especialmente entre países do sul global. Desde o início do conflito em Gaza, em 07 de outubro de 2023, diversas nações latino-americanas têm expressado críticas abertas à condução militar israelense, acusando o país de desrespeitar o direito internacional humanitário.

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No Brasil, o posicionamento oficial do governo federal gerou manifestações de apoio e repúdio. O jornalista Leandro Ruschel, em publicação no X, criticou a decisão do Palácio do Planalto: “O descondenado acaba de retirar o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) — organismo multigovernamental dedicado a estudar e divulgar um dos maiores crimes contra a humanidade e a combater o antissemitismo em todas as suas formas”.

Ruschel também ironizou o apoio dado a Lula nas eleições de 2022 por parte de alguns integrantes da comunidade judaica brasileira: “Meus parabéns, em especial, aos judeus brasileiros que fizeram o L — ou permaneceram isentos — nas eleições de 2022. Ironia das ironias: a mesma esquerda que agora despreza a memória do Holocausto vive chamando qualquer opositor de ‘nazista’”.

A decisão do governo brasileiro em apoio à África do Sul, autora da ação judicial na CIJ, demonstra a intenção de condenar Israel por supostos atos com “intenção genocida” em Rafah e Khan Younes. O Brasil, ao aderir ao processo, passa a apoiar formalmente essa narrativa, o que marca uma inflexão diplomática em relação a gestões anteriores.

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Historicamente, o Brasil sempre votou favoravelmente a resoluções da ONU que condenam o antissemitismo e o negacionismo do Holocausto. A saída da IHRA rompe, simbolicamente, com esse alinhamento, ainda que o governo brasileiro não tenha divulgado nota oficial detalhando os motivos da decisão. Até o momento, o Itamaraty não respondeu às solicitações de esclarecimento feitas por veículos de imprensa.

A Aliança Internacional para a Memória do Holocausto reúne atualmente 35 países membros, entre eles Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido e Argentina. A participação do Brasil como observador permitia acesso a fóruns e grupos de trabalho dedicados à preservação da memória das vítimas do Holocausto, bem como à formulação de políticas educacionais sobre o tema.

Segundo a própria IHRA, o combate ao antissemitismo é um compromisso que transcende divisões políticas e exige cooperação internacional constante.

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