estudos bíblicos
Jesus, o homem perfeito
A dupla natureza de nosso Senhor: a divina, que é eterna, e a humana, que é infinita.
Jesus, o verdadeiro homem
Jesus estava no seio do Pai
O texto de João 1.18 dá-nos uma bela declaração sobre a profunda relação entre o Filho encarnado e o Pai, que é espírito (Jo 4.24). Diz o texto: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (Jo 1.18). Esse versículo nos diz que o Filho encarnado é a mais sublime revelação de Deus em todos os tempos! Não à toa Jesus foi chamado de Emanuel, que quer dizer “Deus conosco”, ou “Deus entre nós”, ou ainda “Deus a nosso favor” (Mt 1.23).
Mas atentemos ainda para uma parte especial daquele versículo joanino, que nos diz que o Filho “está no seio do Pai”. O que quer isto dizer? Novamente citamos William MacDonal, que é esclarecedor em seu comentário:
“Ele [Jesus] sempre ocupa um lugar de intimidade especial com Deus Pai. Mesmo quando esteve aqui na terra, Jesus ainda estava no seio do Pai. Ele era um com Deus e semelhante ao Pai. Essa Unidade abençoada revelou completamente aos homens como Deus realmente é. Quando os homens viram Jesus, contemplaram Deus. ouviram Deus falar. Sentiram o amor e a ternura de Deus. Os pensamentos e as atitudes de Deus para com a humanidade foram totalmente revelados por Cristo”[3].
Profetizado no Antigo Testamento
O primeiro prenúncio da vinda de Cristo no Antigo Testamento (que não chamaremos de “profecia”, porque profecia é palavra de Deus na boca de um homem), foi feito pelo próprio Deus, quando repreendendo a serpente, de que satanás se havia instrumentalizado para enganar Eva, disse-lhe assim: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). A vitória de Cristo, a semente da mulher, sobre a serpente, “a antiga serpente” (satanás; Ap 20.2), estava aí anunciada por antecipação.
Pelas páginas de todo Antigo Testamento vemos abundantes menções ao Cristo vindouro. Moisés profetizou sobre Cristo, o Profeta que havia de vir (Dt 18.15); Miquéias profetizou o lugar de nascimento do Cristo, a saber, a cidade de Belém (Mq 5.2); Isaías profetizou o nascimento, a morte vicária e a ressurreição de Jesus (Is 9.6; 53.1ss); Zacarias profetizou a entrada de Jesus em Jerusalém, montando num jumento (Zc 9.9); Davi profetizou a vitória de Cristo sobre seus inimigos (Sl 2; At 4.25,26). Enfim, como atestou o próprio Senhor, todas as Escrituras do Antigo Testamento falavam e apontavam para ele (Lc 23.27; Jo 5.39).
Encarnado no Novo Testamento
O Novo Testamento tem este nome justamente porque aponta para a nova aliança que Deus estava fazendo com o mundo através da pessoa bendita de seu Filho Jesus. Até então os hebreus estavam debaixo da aliança que Deus havia estabelecido no monte Sinai, entregando a Moisés os mandamentos da Lei. Naquela ocasião, tendo sangue animal em suas mãos, Moisés disse ao povo: “Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras” (Êx 24.8); porém, na noite da Ceia, ladeado pelos seus discípulos e repartindo com eles o cálice que simbolizava o seu sangue a ser vertido na cruz, Cristo declarou: “Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado” (Mc 14.24).
O Novo Testamento é mais que um segundo volume de livros bíblicos; é um novo pacto de Deus firmado com o mundo, um novo tempo inaugurado em Jesus Cristo, que “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Aliás, nesse sentido poderíamos dizer que Jesus não nasceu no Novo Testamento, mas que o Novo Testamento nasceu em Jesus encarnado!
Jesus nasceu na plenitude dos tempos
É de Paulo esta expressão: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5). O que o apóstolo queria dizer por plenitude dos tempos?
“A plenitude dos tempos é o tempo perfeito na história, o tempo determinado por Deus Pai (Gl 4.1) para seu Filho nascer e, mais tarde, morrer pelos pecados do mundo”[4]. Segundo o especialista em Novo Testamento, Craig Keener, no contexto do quarto capítulo da carta aos gálatas, essa expressão é tomada por Paulo para comparar o tempo determinado por Deus “ao ponto em que um menino alcança a maturidade e passa a ser considerado adulto”[5].
Jesus não foi gerado no ventre de Maria por acidente, nem nasceu em tempo inoportuno. Ele nasceu exatamente no centro da vontade de Deus, no tempo que Deus mesmo havia estabelecido, a fim de cumprir cabalmente o plano traçado na eternidade.
Independente das condições políticas e sociais serem favoráveis ou não, aquele era o tempo determinado por Deus. Alguns comentaristas entendem que “plenitude dos tempos” seja sinônimo de “tempo favorável” (e o comentarista da Lição da CPAD parece caminhar nessa direção), mas esta não é uma interpretação unânime, devido não estar sustentada nem exegeticamente, nem contextualmente. Basta pensarmos, por exemplo, na hostilidade que o próprio Herodes demonstrou para com o menino Jesus, a ponto de José e Maria precisarem se exilar no Egito, ou na hostilidade dos próprios conterrâneos de Jesus em Nazaré, que recusaram crer nele, ou na hostilidade que as lideranças religiosas demonstraram para com ele, por vezes tentando matá-lo.
Aliás, aqui está uma grande lição: tempos de paz para nós podem ser tempos inoportunos para Deus; enquanto que tempos atribulados para nós podem ser tempos ideais para Deus realizar sua obra. O tempo oportuno para Deus manifestar-se a Mizael, Hananias e Azarias, foi justamente no meio da fornalha ardente, aquecida sete vezes mais!
Em Israel, Jesus é apresentado ao mundo
Nasceu em Belém, cresceu em Nazaré, fez moradia em Cafarnaum, entrou triunfantemente como rei em Jerusalém, nas mãos de cujas lideranças religiosas foi entregue para a condenação e a morte.
Israel foi o palco que Deus escolheu para apresentar seu Filho ao mundo. Assim entendemos porque Jesus disse “a salvação vem dos judeus” (Jo 4.22).