estudos bíblicos
Jesus, o homem perfeito
A dupla natureza de nosso Senhor: a divina, que é eterna, e a humana, que é infinita.
Jesus, o homem perfeito
A humanidade de Jesus
Conforme estava predito por Deus no texto já mencionado do Gênesis, Jesus seria “a semente” ou “descendente da mulher” (Gn 3.15). Isso apontava para a encarnação do Filho de Deus, a quem Paulo faz menção como “nascido de mulher” (Gl 4.4).
Jesus não deixou de ser Deus ao se fazer e homem, antes tomou para si a mesma natureza que temos, para se fazer “semelhante aos homens” (Fp 2.7). E sua natureza humana não é apenas aparente, mas real; negar a humanidade de Jesus constitui-se uma heresia digna de total reprovação, o que os apóstolos se dedicaram a fazer firmemente (2Jo 1.7).
A Bíblia de Estudo da Reforma (SBB) traz um pertinente estudo sobre a natureza humana de Jesus, do qual extraímos os excertos abaixo:
O Filho de Deus é feito participante da carne e sangue (Hb 2.14), de tal forma que ele também pode ser chamado de varão e poder ser um varão (At 2.22); um ser humano (1Tm 2.5); o Filho do Homem, como é chamado em vários lugares nos Evangelhos; o Filho de Davi (Mt 22.43 em diante); o descendente de Abraão (Gl 3.16); o descendente da mulher (Gn 3.15) (…). Pois ele não assumiu a descendência de anjos, mas a de homens (Hb 2.16)… A Escritura ensina que Cristo, após a união [com a natureza humana], possuiu e conservou a verdadeira natureza humana e que ele ressuscitou nesta mesma substância da natureza humana, a qual foi concebida pelo Espírito Santo e obtida de Maria antes de conhecer a ressurreição. Pois ele diz em Lc 24.39: ‘Eis aqui minhas mãos, meus pés, meu lado, minha carne e meus ossos’. E ele subiu ao céu neste corpo, e retornará para o juízo do mesmo modo como foi visto subir (At 1.11).[6]
Enfatizamos: uma vez assumida a forma humana, Jesus jamais deixou de ser homem. Hoje e para todo sempre ele será “Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5), e nunca se envergonhará de nos chamar “irmãos” (Hb 2.11). Ele é a única pessoa em todo universo que é Deus e homem ao mesmo tempo. Assim como nunca deixou de ser Deus ao vir à terra, nunca deixou de ser homem ao retornar ao céu!
Jesus, o último Adão
Em 1Coríntios 15.45, o apóstolo Paulo chama Jesus de “o último Adão”. O que isto significa? No contexto em que trata da grande doutrina da ressurreição, Paulo está contrastando o corpo que ora temos, semelhante ao de Adão, sujeito às doenças, envelhecimento e morte, com o corpo que teremos na ressurreição, semelhante ao de Jesus Cristo quando deixou a sepultura. Adão é o cabeça da humanidade caída, enquanto que o “último Adão” é o cabeça da humanidade redimida.
Em Cristo Jesus, nós teremos a humanidade perfeita, não apenas no sentido moral, mas também no sentido físico: livres do pecado, do envelhecimento, da fraqueza e da morte! Jesus, que é autor e consumador da nossa fé (Hb 12.1,2), nos garante vida eterna, o que é mais que viver infinitamente, é viver com uma qualidade de vida que somente o céu e a presença bendita do nosso Deus perto de nós podem nos proporcionar!
A perfeição espiritual e moral de Jesus
Há na Bíblia palavras que somente Jesus poderia dizer. Por exemplo estas: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46).
Qualquer de nós que fizesse esta pergunta seria prontamente respondido e repreendido: “você é pecador sim; a Bíblia e seu histórico de vida o comprovam!”. De fato, há pecado no mais santo homem desta terra, e há maldade na mais benigna das mulheres! Como bem disse Charles Spurgeon: “há pecado até na nossa santidade, há incredulidade na nossa fé; há ódio no nosso próprio amor; há lama da serpente na mais bela flor do nosso jardim”. “Todos pecaram” – é como a palavra de Deus nivela toda a humanidade, com exceção dele, Jesus! (Rm 3.23).
Mas Jesus, o homem perfeito, podia inquirir e calar seus adversários, chamando-os a apresentar publicamente quais eram os pecados dele. Como escrevi em meu livro A mensagem da cruz: o amor que nos redimiu da ira, Jesus é perfeita e irretocavelmente santo. Dizia eu naquela obra que…
Deus, os anjos, homens e até demônios testemunharam que Cristo era o Santo Filho de Deus, inculpável, em quem não se achou pecado algum. Os anjos declararam que ele era santo (Lc 1.35), o Pai deu testemunho dele como o “filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17), os demônios o respeitaram e temeram-lhe como o “Santo de Deus” (Lc 4.34), Pilatos, representante de Roma, declarou “não acho nele motivo algum de acusação” (Jo 19.4), os apóstolos testemunharam de sua retidão impecável (1Pe 1.22), e ele mesmo fez a pergunta que calou os judeus, pergunta aquela que só faz sentido na boca de Jesus: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46). Céus e terra, principados e potestades, todos declaram que Jesus é santo![7]
Neste sentido podemos dizer que Jesus não foi apenas humano como nós, mas ele foi humano superior a nós, visto que jamais se deixou contaminar pelo pecado. Como disse reiteradas vezes o comentarista da atual Lição, pastor Claudionor de Andrade, Jesus não foi contaminado nem pelo pecado original (isto é, ele não trazia a natureza pecaminosa que toda humanidade herdou de Adão; logo, Jesus jamais podia de si mesmo se inclinar para o mal, pensar o mal, desejar o mal ou fazer o mal), nem tinha também o pecado experimental, isto é, jamais praticou qualquer ato pecaminoso. O cântico que Jesus recebia dos serafins, que diziam “Santo! Santo! Santo” (Is 6.3; conf. Jo 12.41), é o mesmo louvor que ele receberá desses “anjos de fogo” por toda a eternidade, exaltando a santidade imaculável de nosso amado Senhor (Ap 4.8).