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Médico acredita que “espinho na carne” de Paulo era deficiência visual

Em seu livro, doutor afirma que “se fosse somente pela fé, nenhum crente morreria”.

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James Faulkner interpreta o apóstolo Paulo
James Faulkner interpreta o apóstolo Paulo (Reprodução)

César Miranda que é médico e autor do livro “A Enfermidade na Vida Cristã”, esteve recentemente em entrevista no programa Mente Aberta, da Rede Super, onde falou sobre a realidade das doenças na vida dos cristãos.

Segundo ele, é normal que os seguidores do cristianismo também enfrentem as doenças e a própria morte. O apresentador Cássio Miranda entrou então na esfera da fé. “Se uma pessoa tiver fé, ela necessariamente será curada de uma doença?”.

Cássio exemplificou com casos de pastores que afirmam ao doente: “se você tiver fé, você vai se levantar desse leito”. César explica que “se fosse somente pela fé, nenhum crente morreria”.

Quando a cura não vem

Segundo o médico, Paulo é um dos exemplos mais claros do Novo Testamento. Ele pediu a cura a Deus, mas não recebeu a resposta que esperava. “Paulo ora uma, duas, três vezes. Eu imagino que era uma oração se derramando diante de Deus”, disse César.

Ele lembra que, de acordo com a Bíblia, Deus respondeu “não, porque a minha graça te basta”. A enfermidade chamada de “espinho na carne” conforme o médico, ainda é motivo de muitas discussões entre os cristãos. Qual seria essa doença?

“Muitos teólogos concordam, dentro dos quais eu, que Paulo estava com uma enfermidade grave na visão. Provavelmente, algum quadro infeccioso, alguma coisa que não era agradável de se ver”, revela.

O espinho na carne

O médico explica por que chegou a essa conclusão. “Em outras epístolas ele mostra que, os irmãos, ao verem ele, não demonstravam tanto susto ou nojo pelo quadro do rosto dele”, diz. E cita que em outra epístola existe também uma evidência de doença nos olhos.

Citando Gálatas 4.14-15: “Se fosse possível vocês teriam arrancado os próprios olhos para me dar, isso é uma conotação de que, provavelmente era uma enfermidade visual que não foi curada”, emenda.

O doutor afirma ainda que muitos crentes firmes e fiéis morrem, mesmo tendo fé. “Morrem de uma enfermidade, muitos morrem de um câncer, de um derrame. Outros são assaltados, são alvejados e morrem”, acrescenta.

A oração da fé cura o enfermo?

A Bíblia mostra que muitos não foram curados de seus males, mesmo sendo fervorosos em sua fé, como Estevão, por exemplo. “Estevão foi apedrejado, uma morte terrível, agonizante. Esse jovem, diácono da igreja, cheio do Espírito Santo ‘não foi curado’. Ele tinha plena fé, a ponto de ver o Senhor, mas morreu de politraumatismo”, citou.

Ele lembra também que é preciso tomar certos cuidados com o paciente que está hospitalizado. Ungir com óleo pode ser um malefício para um doente, pois ao tocá-lo, a pessoa pode transmitir bactérias.

“O termo no grego ‘unção’ é no sentido medicamentoso e higiênico. Existe o termo ‘unção com óleo’ que é cerimonial, religiosa e sacramental”, explica. Segundo o doutor, no livro de Tiago (5.14) o termo ungir está relacionado ao “medicamento-óleo”.

Seja com oração ou óleo de unção, não ser curado não é falta de fé, conforme o médico explicou. “Paulo tinha fé. Estevão tinha fé. Outros tinham fé e Deus não permitiu (a cura)”, disse. Concluindo esse assunto, o Dr. César alerta que a responsabilidade de cura não deve ser transferida para o enfermo.

“Não encontramos fundamentação bíblica para fazer isso e eu creio que você vai transferir um peso a mais para alguém que está fragilizado, necessitado e com sofrimento” conclui.

Jornalista e pesquisadora apaixonada pela Bíblia. Desenvolveu um trabalho de "Jornalismo Investigativo Bíblico", é autora dos livros Derrubando Mitos e Apocalipse Investigado. Seus temas envolvem missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análises de textos bíblicos.

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