estudos bíblicos
Meteorologistas e a teologia
“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai;” (João 3.8).
O vento sopra para leste ou para o oeste e muda de intensidade porque ele segue sua natureza de vento e não porque os meteorologistas assim previram alguns dias antes. O vento segue sua própria vontade e não as previsões.
Não são os milhares de processadores dos mega-computadores ou mainframes da NASA com seus algoritmos cada vez mais poderosos que definiram a realidade, mas o vento que fez o que quis fazer.
Não são raras as vezes que nos decepcionamos com as previsões do tempo.
Profissão ingrata essa de meteorologista. A natureza independente, age como tal, desdenhando das previsões, insubmissa; alardeando para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir de acordo com sua conveniência.
No caso do tempo é fácil detectarmos a diferença entre o que se fala e a realidade. Basta olharmos pela janela e já saberemos a verdade.
Em teologia e outras ciências discursivas acontece isso também, mas é muito mais difícil detectar e separar o discurso da realidade. Não raro acontece, do “especialista do tempo” estar olhando para suas tesezinhas e esquecendo-se de olhar pela janela para ver se confere o que ele diz e o que acontece de fato. Prevê tempo bom e lá fora, ventos e chuva torrencial, ou vice-versa.
A realidade é tão importante na teologia quanto na meteorologia. A teologia não é um apanhado de ideias, mas sim, o discurso que em tese – deveria ser – racional sobre fatos. Desde aqueles que aconteceram e estão narrados na Bíblia, bem como sobre o futuro da Igreja. Tratando-se da teologia, quando a realidade perde sua importância e a conexão com os fatos, o que surge daí é o idealismo de conveniência. Mormente debates vazios, em torno de interesses, ou apenas contradições verbais sem a devida capacidade analítica.
A vinda de Cristo a essa terra, é um fato que jamais deve ser ignorado ou menosprezado. Não se trata de narrativa mitológica de um povo que viveu no oriente, como querem crer alguns, mas de um fato que repercute ainda hoje em nossas vidas e tem influência direta em nosso futuro. Tudo começa por esse fato; por essa realidade que existiu. Se isso não tiver a primazia de um princípio, será como o homem do tempo fazendo previsões para a Terra do Nunca ou País das Maravilhas.
Outro aspecto na narrativa intelectiva da realidade é que ela sempre vai surgir a reboque dessa. Com algum grau de positividade, poderá arriscar alguma previsão, mas jamais terá a capacidade de sobrepor-se à realidade. Essa é como a natureza. Independente e insubmissa. Jamais será subjugada pelo discurso.
“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai;” (João 3.8).
Podemos ser como os meteorologistas e ter um índice de assertividade cada vez maior, MAS, o vento sempre vai fazer o que ele quer e não o que previmos. É sempre bom olharmos pela janela de vez em quando para sondarmos o que dizemos e o que acontece no mundo a nossa volta.