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opinião

Nicolau II e o preço da inércia

O que a inércia pode estar custando a você?

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Os Últimos Czares. (Foto: Divulgação)

Assisti esses dias pela Netflix a série: “Os Últimos Czares”, que apresenta o fim da dinastia dos Romanov, que durou três séculos (1613-1918) e foi o último bastião do absolutismo na Europa.

Após a morte de seu pai Alexandre III em 1894, Nicolau II se tornou o imperador da Rússia até ser executado pelos bolcheviques em 1918. Nick foi visto na história como um líder fraco, sempre um passo atrás, muito reativo, que não soube conduzir o legado de seu pai.

O curso natural da história era a consolidação do modelo Europeu de estados-nações democráticas, mas Nicolau II resistiu a abertura política, preferindo a autocracia e cercando-se de maus conselheiros. Isso levou a Rússia ao seu pior pesadelo. Líderes fracos promovem tempos difíceis.

Seu governo, que era ruim, deu lugar ao caos político na nação. Com a ascensão do comunismo, a Rússia viveria o seu inferno. A passividade de sua liderança fez nascer um monstro que ceifou 100 milhões de vidas. Nicolau colheu o fruto de suas omissões e de sua covardia.

Ele foi incapaz de conduzir seu país ao futuro. Se envolveu em guerras que drenaram seu tempo, seus recursos, sua energia, seu povo, sistematizou a perseguição contra os judeus com pogroms (assassinatos em massa) e apelou para o uso da violência na repressão de manifestantes que esperavam sua boa vontade como o pai da nação. Em seu primeiro dia como imperador, milhares de camponeses morreram após irem a uma festa mal planejada.

Seu reinado foi uma soma de muitas decisões desastrosas, abrindo caminho para o radicalismo e levando a Rússia a sua era mais cruel, impiedosa e implacável. Soma-se a isso, a sua inércia no caso do místico Grigori Rasputin, que tornou-se o mago da família imperial.

Rasputin e a imperatriz Aleksandra. (Foto: Divulgação / Netflix)

Rasputin era um ser leviano e promíscuo e foi levado pela imperatriz Aleksandra para dentro do palácio real para curar Alexei, o único filho homem do casal que sofria de hemofilia.

O monge hipnótico havia sido expulso da Sibéria e tinha histórias absurdas de desvios sexuais com muitas mulheres da corte. Com o império em crise devido à miséria nas ruas e agravado pela guerra, surgiu um boato de que o “homem santo” tinha um lugar especial no leito real.

Sem dúvida, Rasputin tinha forte influência na vida da czarina. Na verdade, ele exercia um domínio psicológico sobre ela. O império dos Romanov estava derretendo, e não havia um líder para colocar as coisas em perspectiva tomando medidas fortes naqueles tempos críticos. Perdendo sucessivas batalhas contra os alemães, os soldados no front se revoltaram e se juntaram aos protestos nas ruas. Os generais exigiram a renúncia do czar. O imperador foi deposto. A Rússia mergulhou em uma guerra civil.

Por fim, os revolucionários mais radicais venceram e proclamaram uma completa limpeza social com a aniquilação da propriedade privada, da monarquia, da religião, dos costumes burgueses, etc.

A falta de liderança entregou o país a uma revolução que posteriormente invadiu o leste europeu e influenciou nações do mundo todo. A família imperial ficou em prisão domiciliar por dezesseis meses numa casa em Ecaterimburgo, na Sibéria.

Em uma cena emblemática, o czar diz ao seu carrasco: “eu nunca vi pessoas assim como vocês”. Ele estava dizendo que aquelas pessoas já não eram realmente pessoas. Elas se tornaram desumanas.

A guerra faz com que o pior das pessoas venha à tona. Iakov Iurovski, o bolchevique executor dos Romanov, que a princípio foi apresentado na série como uma pessoa de honra, havia se transformado em um homem impiedoso e sem misericórdia.

Ressentidos e em busca de vingança, os bolcheviques implementaram uma política de terror exterminando sistematicamente quase toda a dinastia e executando a sangue frio toda a família Romanov, inclusive as crianças.

A Revolução Russa de 1917 colocou um ponto final no Império Russo e levou à criação da União Soviética. Se Nicolau II tivesse um pulso forte de liderança, nada disso teria acontecido. Se tivesse feito a paz, abraçado seu povo, ouvido as pessoas certas, expulsado o malfeitor de debaixo de seu teto, o que lemos nos livros de história sobre o século XX seria bem diferente. Segue o jogo!

Perguntas:

  • Existe passividade em sua liderança em casa, no trabalho ou na igreja?
  • Um passo a frente ou um passo atrás. Você é um líder reativo ou está se antecipando aos acontecimentos?
  • O que a inércia pode estar custando a você?

Teólogo, professor universitário, compositor filiado a Abramus, jornalista e escritor de 12 livros.

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