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Pastores reagem à sanção de Moraes: ‘Excessos têm preço’
A sanção aplicada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelos Estados Unidos no âmbito da Lei Global Magnitsky, nesta quarta-feira, 30 de julho, gerou forte repercussão entre líderes evangélicos. Nas redes sociais, pastores atribuíram a penalização a uma série de abusos de autoridade e violações de direitos cometidos pelo magistrado.
O Departamento do Tesouro norte-americano anunciou a sanção durante a tarde, alegando “graves violações de direitos humanos” como justificativa para aplicar a legislação que impõe congelamento de bens e restrições de vistos. A decisão repercutiu entre vozes proeminentes do meio evangélico brasileiro, que interpretaram a medida como consequência direta das condutas do ministro ao longo dos últimos anos.
O pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança, em Niterói (RJ), publicou uma curta mensagem em tom de alívio em sua conta oficial no X: “Grande dia!”, escreveu. Em posicionamento semelhante, o reverendo Ageu Magalhães, da Igreja Presbiteriana de Vila Guarani, em São Paulo, acrescentou um apelo espiritual: “Grande dia. Finalmente, aquele que exerceu injustiça ao máximo encontrou uma punição. Que a aplicação da Lei Magnitsky o quebrante e o faça se arrepender dos seus abusos. E que ele busque em Cristo o perdão para seus pecados”.
O deputado federal e pastor Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) também comentou a sanção. Em publicação no X, relacionou a penalização a condutas atribuídas ao ministro Moraes: “Ele rasgou a Constituição. Pisou no devido processo legal. Calou brasileiros, censurou jornalistas, prendeu sem crime. O Senado foi omisso. Fingiu que não viu. Mas ele não parou. Atacou também direitos humanos de cidadãos americanos, feriu a liberdade de expressão além das nossas fronteiras. E o que o Senado brasileiro não teve coragem de fazer… os EUA fizeram com força”.
Cavalcante ainda declarou que o episódio revela um sinal preocupante sobre o estado institucional do país: “Quando o mundo reage ao que o Brasil tolerou, é porque a democracia aqui já foi longe demais na direção errada”.
Mudança de percepção
Entre os que inicialmente duvidaram da possibilidade de sanções está o pastor batista e influenciador digital Yago Martins, do canal Dois Dedos de Teologia. Em 09 de julho, ele havia ironizado os boatos recorrentes sobre a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro: “Todo mundo sabe que esse papo de Lei Magnitsky é só mais um pendrive do Dudu, mais um ‘só mais 72h’”.
No entanto, após a confirmação da medida pelos EUA, Yago Martins voltou à rede social nesta quarta-feira para reconhecer sua surpresa: “Eu absolutamente não achei que isso ia pra frente (dado o histórico do Dudu de prometer e nunca fazer nada: era pendrive, tictac, 72h etc.). Me impressionou terem finalmente feito algo concreto contra o Xandão. Curioso pelas cenas dos próximos capítulos nessa briga”.
O pastor batista Judiclay Santos, conhecido por posicionamentos firmes, publicou em seu perfil do Instagram uma frase curta que sintetiza a percepção de diversos líderes: “Excessos têm preço e a conta chegou”.
Contexto da sanção
A Lei Global Magnitsky é uma legislação dos Estados Unidos que permite sancionar indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. O programa foi inicialmente sancionado em 2012, em memória de Sergei Magnitsky, advogado russo que morreu sob custódia após denunciar corrupção em seu país. Desde então, passou a ser aplicada em casos de repressão, tortura, censura e perseguição política em diferentes regiões do mundo.
Segundo o Departamento do Tesouro, a medida contra Alexandre de Moraes se fundamenta em ações que teriam violado liberdades fundamentais garantidas internacionalmente, inclusive contra cidadãos norte-americanos.