estudos bíblicos
Sansão e as consequências de ter “Atualizado” a Palavra de Deus
Não se deixem iludir, heresia continua sendo heresia.
Em Juízes 16.20-22 está escrito:
“E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o Senhor se tinha retirado dele. Então os filisteus pegaram nele, e arrancaram-lhe os olhos, e fizeram-no descer a Gaza, e amarraram-no com duas cadeias de bronze, e girava ele um moinho no cárcere. E o cabelo da sua cabeça começou a crescer, como quando foi rapado.”
Sansão, ou (שִׁמְשׁוֹן) “Shimsom = Brilho do sol, pequeno sol ou alegria” foi um juiz de Israel que desde o ventre fora escolhido por Deus para ser um “Nazireu”.
Do hebraico “Nazir (נזיר) da raiz nazar (נזר) “consagrado”, “separado”, na perspectiva da Lei (Torá) é a palavra que representa aquela pessoa dedicada exclusivamente para os serviços de Deus. De acordo com a Palavra de Deus, o sinal mais evidente e comum da separação ao “Nazireado” era o uso do cabelo não cortado, a abstinência do consumo de vinho ou qualquer outro derivado da uva bem como tocar em defuntos, não se alimentar de carnes em diversas circunstâncias, enfim, viver em total separação.
Ainda, segundo o site judaico “Chabad:
“Se um nazir for visto perto de um vinhedo, as outras pessoas devem adverti-lo: “Não caminhe pelo vinhedo; caminhe ao redor dele! Isso ajudará a impedir que coma uma uva por engano. Um nazir não pode ter seus cabelos cortados. D’us disse: “Como o nazir prometeu abster-se de vinho para se afastar do pecado, ele também não deve cortar seus cabelos.” Por que um nazir é proibido de cortar o cabelo? Um corte de cabelo faz com que a pessoa tenha boa aparência. O nazir deixa seu cabelo crescer longo e à vontade. Ele não dá importância a sua aparência. Ao invés disso, concentra-se em seu comportamento e pensamentos. Um nazir não pode tocar o corpo de um morto: D’us disse: “Aquele que cumpre as leis de um nazir a meus olhos é tão grandioso e sagrado como um Sumo Sacerdote. Por isso, assim como o Sumo Sacerdote, ele não pode tornar-se impuro por tocar numa pessoa morta. Não pode nem ao menos enterrar seu pai ou sua mãe.”
Percebe-se a grande responsabilidade do juiz Sansão diante deste propósito tão sagrado em que ele vivia. Entretanto o filho de Manoá resolveu fazer, digamos, uma “releitura”, uma “atualização” dos princípios que norteavam as Escrituras Sagradas, ou seja, resolveu caminhar em “rumo de colisão” com todas as proibições de seu Nazireado.
Sansão enfrenta um leão, rasgando-o de alto a baixo matando-o. Após alguns dias retorna à carcaça do animal e percebe uma colmeia com mel no interior do defunto, maculando seu Naziredo. Sansão retira o produto, come e leva a sobra aos pais sem dizer a origem.
Em nosso ministério temos a tendência de chegar a este mesmo estágio de Sansão.
Com o passar do tempo passamos a acreditar que, em virtude de nossa sofisticação teológica, reconhecimento, projeção, fama e ascensão eclesiástica, possuímos alguns “direitos adquiridos” para, de vez em quando, violarmos nossos santos propósitos, alianças ortodoxas e, quiçá, trazer uma “doce nova revelação”, uma “atualização”, ainda que provenha das entranhas daquilo que um dia nos quis matar. Não nos enganemos, nem tudo o que se apresenta agradável ao paladar será benéfico ao organismo.
O ponto culminante do desvio de Sansão foi exatamente quando ele flertou com a verdade, sendo acariciado por Dalila (דְּלִילָה = Dalila = Ser oprimido, secar, ser escravizado, fracassar ou ser empobrecido).
Parece um paradoxo, mas enquanto ele mentia estava em segurança, mas à partir do momento que resolveu dizer a verdade e revelar o motivo de sua força e poderes descomunais passou a correr risco e perigo, e assim foi.
Sansão experimentou o caminho de afastamento de Deus por brincar com o sagrado. Incrível a sequência lógica desta senda de separação e humilhação que ele testemunhou.
Está claramente registrado em Jz 16.21:
“Então os filisteus pegaram nele, e arrancaram-lhe os olhos, e fizeram-no descer a Gaza, e amarraram-no com duas cadeias de bronze, e girava ele um moinho no cárcere.”
a) Os “Filisteus pegaram nele” – Ou seja, perdeu sua liberdade, passou a ser oprimido, lhe tiraram a capacidade de fazer suas escolhas, tornou-se um prisioneiro, um escravo. Aqueles que optaram por fazer uma “atualização” da Palavra de Deus com certeza perderá sua capacidade de discernimento, uma vez que viverá de intepretações terceirizadas, tornar-se-á escravo de um sistema ou de um guru pseudo-inspirado.
b) “Arrancaram-lhe os olhos” – acredito que das cinco portas de acesso de nossas almas para o mundo a visão seja uma das principais. Contudo, a pior visão que se pode perder não é a física, mas a capacidade de discernir entre aquilo que provém de Deus daquilo que foi engendrado nas profundezas do inferno. Depois que o incauto é feito escravo do sistema ou de um falso profeta ser-lhe-á retirada a capacidade de “ver” e discernir a Verdade do Evangelho de Jesus; pior, será capaz de morrer em defesa daquele que o escravizou.
c) “Fizeram-no descer a Gaza” – Gaza era uma das cinco principais cidades dos Filisteus. Estes eram um povo inimigo e idolatra. Tinham costumes e natureza completamente diferentes do povo de Israel. Assim também são aqueles que flertam com o engano e por ele se deixam dominar, cedo ou tarde mudarão seu costume e a sua natureza. Gaza também pode significar cabra (עָז) em hebraico, um animal muito pouco seletivo que come tudo o que encontra pela frente. Diferentemente da ovelha que tem uma alimentação assaz seletiva. Quem se decidiu por ser “cabra” corre o risco de se alimentar com o que não deve.
d) “amarraram-no com duas cadeias de bronze” – Bronze é uma liga metálica resultante da união do cobre + estanho. O cobre, na fusão, com o passar do tempo cria sobre si, por ação do ar, uma crosta esverdeada venenosa chamada “azinhavre” que se ingerido pode ser letal. Este agora será o estado daquele que deu início à “releitura e atualização” das Verdades bíblicas, tornou-se venenoso. Sua mente, suas convicções, sua “nova visão”, seus procedimentos e práticas teológicas e doutrinárias, tudo em sua vida emanará o resultado de sua mudança de natureza, o veneno e a morte.
e) “e girava ele um moinho no cárcere” – O último estágio nesta via de desconexão com a Verdade é uma vida errante e sem objetivos. São pessoas que jamais se satisfazem ou se encontram em nenhuma comunidade. Giram e giram sem nunca chegarem ou se fixarem a lugar algum. Sempre veem erros, defeitos e problemas em tudo e em todos. Porém não percebem que o mal está em si próprios.
Os líderes deste afastamento se valem do prevalente analfabetismo bíblico que estamos vivendo para atrair os pobres incautos radicais livres, trazendo um outro evangelho mais palatável e “doce como o mel”, porém de origem maligna e com efeito mortal.
Não se deixem iludir, heresia continua sendo heresia, ainda que seja proferida por “celebridades gospel” ou Pastores e Líderes de uma “Igreja de Griffe”.
Louvo a Deus que nem tudo está perdido neste caminho de separação, pois nosso Deus sempre nos proporciona mais uma chance, como se vê em Jz 16.22:
“E o cabelo da sua cabeça começou a crescer, como quando foi rapado.”
Sim, os filisteus se esqueceram que os cabelos de Sansão cresceriam e suas forças seriam como antes. E conhecemos o final da história deste juiz, na sua morte matou mais inimigos do que em toda a sua vida.
A lição que fica para todos nós é que, não importa para quão distante tenhamos nos afastado do Pai ou quão profundo tenhamos caído, o Senhor sempre nos dará mais uma chance, mesmo para aqueles que retiraram os “marcos antigos” e se perderam em suas nefastas “atualizações”.
Que Jesus nos Abençoe.