estudos bíblicos
Entenda o significado e o propósito do holocausto na Bíblia
Estudo bíblico sobre a prática do holocausto, seu propósito e sua ligação com o sacrifício de Cristo.
Holocausto na História de Israel
Mesmo antes de Moisés e da Lei dada sobre o monte Sinai, ofertas queimadas já eram oferecidas a Deus. No decorrer da história, os holocaustos eram efetuados privada e publicamente. Vejamos alguns exemplos:
Período patriarcal
ABEL – Pastor de ovelhas como era, ofereceu sacrifício animal a Deus (Gn 4.4). Embora o texto não diga explicitamente que era uma oferta queimada, é o que depreende-se de todo genuíno sacrifício animal oferecido a Deus: ou eram oferecidos ao Senhor e comido pelo ofertante (como ocorreria com algumas ofertas no período mosaico), ou eram oferecidos ao Senhor e totalmente queimados. Mas de modo algum eram deixados ao sol para apodrecer e servir de alimento para abutres!
NOÉ – Nos primórdios da humanidade, encontramos Noé, pai de todos os seres humanos que viveram e vivem após o dilúvio, oferecendo holocaustos sobre um altar (Gn 8.20,21). Duas coisas são dignas de nota nos sacrifícios deste patriarca: 1) mesmo antes da regulamentação mosaica, Noé já sabia que a Deus agradava sacrifício de animais limpos (v.20); 2) o Senhor “cheirou o suave cheiro” dos sacrifícios de Noé (v. 21).
O sacrifício de Noé tinha um “suave cheiro” (isto é, perfume; hb. reyach). Que cheiro têm diante de Deus nossas orações? Há bom odor em nossos hinos? Nossos jejuns são agradáveis a Deus? E nosso proceder diário em família, no trabalho, no ambiente de estudo e na rua, tem exalado para Deus um perfume agradável? Oferecer a Deus adoração, alimentando discórdia com nossos irmãos, não é agradável a Deus (Mt 5.23,24); oferecer a Deus orações, tendo maltratado nossas esposas, não é agradável a Deus (1Pe 3.7); pretender ser amigos de Deus, enquanto procedemos segundo os costumes deste mundo, não é agradável a Deus (Tg 4.4). Devemos ser para Deus “o bom perfume de Cristo” (2Co 2.15). Deve haver cheiro de santidade em nossa adoração!
ABRAÃO – No famoso episódio em que Abraão levara seu filho para sacrificá-lo ao Senhor, Deus impediu o patriarca de concretizar o sacrifício de seu filho (era apenas uma prova da fé abnegada de Abraão, na qual ele foi aprovado com louvores), mas pôs diante dele “um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Foi lá pegá-lo e o sacrificou como holocausto em lugar de seu filho” (Gn 22.13, NVI). Abraão não perdeu a oportunidade de adorar a Deus mediante um sacrifício de holocausto, e agora ele tinha mais razões para fazê-lo: seu filho fora livrado da morte e Deus providenciara um substituto para ele!
Não temos nós, a quem o Pai providenciou o sacrifício vicário – “o filho se nos deu” (Is 9.6; Jo 3.16; Rm 8.32) – mais razões ainda para oferecermos ao Senhor o sacrifício de louvor contínuo? (Hb 13.15). Há três sacrifícios que podemos e devemos fazer por meio de Jesus para elevarmos a Deus nossa adoração: primeiro, confessar o nome de Jesus (Hb 13.15); segundo, ministrar louvores a Deus (Hb 13.15); terceiro, fazermos o bem e repartir com os que estão em necessidade, “pois de tais sacrifícios Deus se agrada” (Hb 13.16).
JÓ – As referências aos sacrifícios em Jó mostram que o holocausto não deixa de ter um sentido de expiação (aliás, este é o sentido fundamental, como se pode ver em Lv 1.4; 16.24; 2Sm 24.25). É opinião de abalizados doutores nas Escrituras que Jó foi um patriarca contemporâneo ou que viveu muito próximo de Abraão, Isaque e Jacó. É-nos dito que Jó “se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos” segundo o número de seus filhos, para que Deus não os punisse em razão de eventuais pecados cometidos nos banquetes que eles gostavam de oferecer (Jó 1.5).
Período mosaico
Como se pode ver nos primeiros capítulos de Levítico (especialmente 1.3-17; 6.8-13), livro em estudo este trimestre, no período mosaico, o holocausto passa a ser um dos elementos principais do culto e da adoração, vindo a ser uma das principais atividades dos sacerdotes: oferecer sacrifícios sobre o fogo em favor de todo o povo hebreu. Este sacrifício era oferecido em favor da nação diariamente, pela manhã e ao entardecer (Ex 29.38-43).
O altar do holocausto, construído de bronze e onde o fogo devia estar continuamente aceso na entrada do santuário (Lv 6.8-13), era o lugar santo onde estes sacrifícios foram comumente realizados desde os dias da peregrinação de Israel rumo a Canaã. Com a construção do templo de Salomão, finda o tempo de tolerância de sacrifício fora do santuário, exceto nas circunstâncias mais urgentes (1Re 3.2).
Pertencia à classe dos sacrifícios expiatórios, isto é, eram oferecidos como expiação pelos pecados que os ofertantes tinham cometido. Mas eram também sacrifícios de ações de graças e, finalmente, um ato de adoração. Para o holocausto, os animais oferecidos deveriam ser considerados puros e não ter qualquer doença ou defeito físico – já apontando para a perfeita santidade de Jesus (Hb 7.26: “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores”).
Período nacional
Apesar das regulamentações da lei mosaica, depois da entrada na terra prometida, com a morte de Moisés e de Josué e antes de haver uma sucessão regular de reis, cada pessoa continuava fazendo “o que lhe parecia certo” (Jz 17.6; 21.25), em questões gerais, mas também rituais.
A prática do sacrifício na vida de Israel foi duramente criticada pelos profetas, começando pelo profeta anônimo e 1Samuel 2.27-36, que denunciou a conduta profana dos filhos de Eli. E apesar das restrições impostas pela Lei, era comum encontrar sincretismo religioso no culto judaico. É no confronto de Samuel com Saul que vemos ressaltado o elemento mais importante na adoração: “obedecer é melhor do que sacrificar” (1Sm 15.22,23).
Nos dias do profeta Amós vemos a repreensão do Senhor em termos contundentes: “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos” (Am 5.21,22).
Se a oferta do patriarca Noé tinha um perfume suave, agradável a Deus, os holocaustos dos judeus contemporâneos de Amós tinham um mal cheiro que irritava ao Todo Poderoso! Era um culto sem reflexão e introspecção, já que o holocausto pretendia fazer os homens perceberem a seriedade do pecado e da culpa, bem como a santidade e a justiça de Deus, mas eles não estavam atentando para isso.
Aliás, aqui está uma lição muito importante sobre o holocausto no Antigo Testamento: o sacrifício por si só não implicava em expiação de pecados, a menos que fosse precedido por um arrependimento sincero e contrição por haver ofendido a Deus; caso não fosse acompanhado desse arrependimento, o holocausto longe de expiar pecados, apenas acrescentava ainda mais pecado, por se estar tratando com leviandade uma oferta estabelecida por Deus!
Aplicado ao contexto cristão podemos afirmar seguramente: o sacrifício de Cristo é bom em si mesmo e capaz de remover nossos pecados e reconciliar-nos com Deus, mas isso não ocorre incondicionalmente, mas mediante a condição de crermos em Cristo e confessarmos nossos pecados. Sem esta fé verdadeira, o sacrifício de Cristo não nos trará o benefício do perdão e da vida eterna.
Deve-se dizer também que muitos sacrifícios sinceros foram oferecidos a Deus de modo agradável na história de Israel. Por exemplo, os holocaustos oferecidos por Davi e (2Sm 24.22-25) por Salomão (2Cr 1.6). No caso de Salomão, fica claro como a luz do sol que os sacrifícios por ele oferecidos só foram recebidos na consagração do recém-inaugurado templo (2Cr 7.1) porque foram precedidos de uma sincera oração, confissão e submissão ao Senhor, como se vê na longa oração registrada no capítulo 6 do segundo livro das Crônicas. Nenhum sacrifício apraz a Deus, a menos que seja precedido de arrependimento, confissão e fé! Se assim não for, é mera formalidade, culto da aparência que Deus abomina.
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