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opinião

Sobre ter o nome na Bíblia e não o ter no livro da vida

Racismo, teologia da prosperidade e incompreensão.

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Mateus em ato racista (Reprodução)

Na primeira semana deste mês fomos bombardeados com o vídeo que trouxe indignação para todos que o assistiram: o do senhor de camisa azul que humilha gratuitamente um motoboy que tentava fazer uma entrega em sua casa, localizada dentro de um condomínio em Valinhos (SP).

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Nele, um detalhe que passa despercebido, mas que merece a nossa atenção: este mesmo senhor, em referência a sua suposta prosperidade, alega que seu nome está na Bíblia ao ser indagado sobre a origem da sua riqueza, se do trabalho ou dos pais. Por coincidência ou não, ambos se chamam Mateus.

Sobre essa questão faz-se necessário duas discussões, as quais quero apresentar ao decorrer do texto. A primeira delas é a da falsa sensação de acharmos que termos algo relacionado a Bíblia, como o nome, por exemplo, nos faz ser diferentes, especiais ou superiores a alguém.

Ser pastor ou membro, não diz nada a não ser agregar ao nome um suposto título. O que se deve levar em consideração é a vida que essa pessoa leva e os caminhos pelos quais seus passos a conduzem.

Ter o nome na Bíblia não é sinônimo de ter um registro nos anais dos salvos. Não mesmo. Tampouco diz algo sobre ser abençoado ou não.

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O outro ponto, e que considero mais importante, é a problemática já conhecida da teologia da prosperidade, a qual claramente ensina que todos os cristãos devem ter uma vida rica e saudável. Estranhamente, essa prosperidade está atrelada somente às posses materiais que alguém pode conquistar nesta Terra. Isso faz com que os adeptos dessa doutrina acreditem que a riqueza é o alvo final, e não a ter é sinal de que Jesus não está com a pessoa ou falta-lhe fé.

É triste e preocupante saber que esse conceito tem sido espalhado amplamente pelas igrejas, chegando em passos de algodão e tomando, pouco a pouco, os nossos púlpitos e os corações dos fiéis.

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Cristo em sua passagem pela Terra trouxe lições que nos fazem focar no nosso objetivo: a vida eterna. Os bens materiais, a riqueza e tudo que a traça pode corroer, Ele chamou de “coisas”.

Ser próspero não é ser rico. Não basta ter somente dinheiro, é necessário ter amor, felicidade e viver bem com você e com os seus. E, claro, acima de tudo, amar e servir a Deus, pois Ele é quem cuida das nossas necessidades e nos abençoa conforme a Sua soberana vontade.

Quem deu a Ele primeiro para exigir ou achar que Ele nos deve algum favor? Deus não é mercadoria, nem amuleto. Esse tipo de teologia aumenta a ganância das pessoas e as fazem olhar para o seu próprio umbigo; e o pior: faz acreditar que tudo está bem. E assim, olhar para o próximo e humilhá-lo por sua cor, pela sua “falta de riqueza” ou por qualquer outra coisa, torna-se algo normal e aceitável, pois os olhos estão voltados às conquistas terrenas e somente isso que importa.

A Bíblia nos ensina verdades que vão de encontro a essa forma de pensamento. Longe de entrar no mérito se o senhor de camisa azul é cristão ou não, é salvo ou não, afinal, quem sou eu para afirmar algo que somente Deus o sabe, mas ouvir e se calar é aceitar que esse tipo de pensamento é correto.

Esse senhor lembrou-se de mencionar o seu nome, que realmente está escrito na Bíblia, mas esqueceu-se de lembrar um dos principais ensinamentos de Jesus: achar o próximo superior a si mesmo e amar o próximo como a ti mesmo. Poderia elaborar mais uma lista de outras lições de Jesus sobre o caso, mas seria necessário copiar aqui a Bíblia inteira.

Se isso não for compreendido e aplicado na vida, não bastará ter o nome na Bíblia, pois ele, dificilmente poderá estar no da Vida.

Jornalista, casado e amante da Bíblia. Pós-graduação em curso de Produção Textual e MBA em Marketing Digital. É ghostwriter e produtor de conteúdo. Sonha em concluir o seu livro sobre Cristo revelado no Antigo Testamento.

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