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John Fullerton MacArthur Jr., pastor, autor e professor conhecido mundialmente por seu ministério bíblico conservador e por sua firme oposição a tendências doutrinárias carismáticas e políticas públicas que, segundo ele, afrontavam a autoridade de Cristo sobre a Igreja, faleceu aos 86 anos. A informação foi confirmada pelo ministério Grace to You em postagem publicada na rede social X na noite de segunda-feira, 14 de julho: “Nossos corações estão pesados, mas alegres, ao compartilharmos a notícia de que nosso amado pastor e professor John MacArthur entrou na presença do Salvador. Esta noite, sua fé se tornou visível”, declarou o ministério. MacArthur havia sido hospitalizado com pneumonia antes de seu falecimento. Ele deixa sua esposa Patricia, com quem foi casado por mais de 60 anos, quatro filhos, 15 netos e nove bisnetos. Um ministério de mais de meio século Nascido em 19 de junho de 1939, em Los Angeles, Califórnia, MacArthur era parente distante do general Douglas MacArthur, herói da Segunda Guerra Mundial. Formou-se no então Los Angeles Pacific College (hoje Azusa Pacific University) e recebeu o título de Mestre em Divindade pelo Talbot Theological Seminary, da Biola University. Em 1969, assumiu como pastor da Grace Community Church, em Sun Valley, Califórnia, onde permaneceu por mais de cinco décadas. “Sob sua liderança, os cultos lotavam o auditório com três mil pessoas e milhares participavam dos ministérios semanais da igreja”, registrou o The Master's Seminary, instituição que MacArthur fundou e presidiu até 2018, quando deixou o cargo devido a dificuldades com o credenciamento. Legado editorial e midiático Estima-se que MacArthur tenha pregado mais de 3.300 sermões e publicado mais de 400 livros e guias de estudo, incluindo a conhecida Bíblia de Estudo MacArthur. Também foi apresentador de programas de rádio e televisão cristãos voltados ao ensino bíblico, com grande alcance nos Estados Unidos e no exterior. Postura teológica A trajetória de MacArthur foi marcada por firmeza doutrinária, especialmente em temas que confrontavam o evangelicalismo contemporâneo. Em 2013, lançou a obra Fogo Estranho, criticando o movimento carismático. “O movimento carismático sempre foi um terreno fértil para escândalos, ganância, doutrinas ruins e todo tipo de trapaça espiritual”, escreveu. A resposta veio de líderes como o pastor pentecostal Samuel Rodriguez, que afirmou: “Suas conclusões demonstram um homem que ignora o comprometimento bíblico da comunidade pentecostal”. Já em 2019, MacArthur causou novo alvoroço ao criticar publicamente a pregação feminina. Sobre a teóloga Beth Moore, afirmou: “Vá para casa... não há argumentos bíblicos que sustentem uma pregadora”. A resposta de Moore foi direta: “Eu me rendi ao chamado de Deus, não ao chamado de um homem”. O pastor Max Lucado comentou, à época, estar “triste com os comentários zombeteiros” e exortou líderes a ouvirem o clamor das mulheres chamadas por Deus. Conflito com autoridades Durante os lockdowns da COVID-19 em 2020, MacArthur inicialmente acatou as medidas, mas logo retomou os cultos presenciais, desafiando as ordens estaduais. “Mas nunca antes o governo invadiu o território que pertence somente ao Senhor Jesus Cristo”, afirmou à Fox News. A igreja entrou em litígio com o condado de Los Angeles. Em 2021, após longas disputas judiciais, o governo estadual concordou em pagar US$ 800 mil à Grace Community Church em honorários advocatícios. A Thomas More Society, que representou a igreja, declarou: “Esperamos que esse resultado encoraje os americanos a permanecerem firmes na ideia de que a igreja é essencial”. Acusações Nos últimos anos, a liderança da Grace Church enfrentou acusações de acolher agressores em detrimento das vítimas. Em 2002, a igreja excomungou Eileen Gray por se recusar a aceitar de volta seu marido, condenado por abuso infantil em 2005. Segundo o The Roys Report, a igreja teria continuado a apoiá-lo mesmo após a condenação. Em 2023, o ex-ancião Hohn Cho expressou publicamente suas preocupações com “padrões terríveis de aconselhamento” na igreja. Em resposta, o GCC declarou: “Lidamos com acusações de forma privada e bíblica, e não respondemos a ataques públicos ou anônimos”. Últimas palavras Nos últimos anos, MacArthur enfrentou diversos problemas de saúde. Em janeiro de 2023, foi hospitalizado devido a um bloqueio arterial. No segundo semestre de 2024, passou por três cirurgias e ficou afastado do púlpito por meses. Em sua última aparição, durante o culto de Ação de Graças, declarou: “Ainda estou aqui e sou grato a Deus por isso”. No início de 2025, em mensagem gravada para a Conferência de Pastores, declarou: “Percebo que estou na última volta... Sou grato por tudo que Deus realizou por meio da Sua Palavra nestes anos de ministério”.