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Você é um pastor por amor e vocação ou pelo salário?

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É angustiante passar uma vida toda envolvido na obra de Deus, nos negócios de Deus, cuidando da seara de Deus e no final de tudo perceber que nunca tive parte “com” Ele nem O conheci. Como o irmão mais velho do filho pródigo que administrava e gerenciava todos os bens do Pai, mas desconhecia o transcendente amor do Pai. É também frustrante descobrir que, aquilo que reputávamos como virtudes espirituais, possam, com o passar do tempo, se não vigiarmos, transformarem-se em enfermidade espiritual.

Não se esqueça que muitos líderes tem adoecido diante da “Glória” que o ministério pode proporcionar. Lúcifer (Latim: Lucem Ferre – Portador de Luz) tornou-se satanás (Hebraico: Sha’ Tanadversário) exatamente diante da Glória de seu ministério. Entendemos, então, que é em meio às situações gloriosas que o ministro pode ser acometido dos surtos mais horrorosos.

Um grande exemplo que podemos citar é a competição ministerial. Um espírito maligno move alguns ministros a entrarem nesta disputa de quem é o melhor, em qual templo Deus habita, qual o maior ministério, o mais conhecido, o que tem maior tempo de visibilidade televisiva,  o templo mais luxuoso ou quem paga melhores salários aos seus pastores. Há algum tempo atrás esta rivalidade era camuflada, mas agora é explícita, em rede nacional. Não bastando seus desvarios, induzem os membros a participarem de seus desequilíbrios.

Por outro lado temos aqueles que fugiram do espírito de competição e escolheram trilhar um caminho, digamos, mais espiritual.

Afirmam consigo mesmo:

“- Bem, tentei de tudo, não consegui destaque, não sei fazer mais nada a não ser o serviço para o Reino, ainda que não tenha vocação terei um bom salário”.

Pode parecer um absurdo, mas infelizmente podemos estar correndo um sério risco de estarmos sendo “pastoreados” por  um  “não vocacionado”, um “profissional da fé”. Se faz Pastor, não pelo amor à Obra do Senhor, não pela vocação do Espírito Santo, mas simplesmente como um ocupação empregatícia.

Em minha jornada ministerial conheci um tesoureiro que por muitos anos amargava este encargo. Segundo ele próprio foram anos enclausurado em um cubículo dia após dia em uma vida rotineira de receber as ofertas e fazer os registros das entradas e saídas bem como testemunhar as muitas irregularidades nos subterrâneos.  Não tinha vida espiritual de comunhão como os demais membros da igreja. Não tinha autorização de cultuar e nem de participar da Escola Bíblica Dominical. A gota que transbordou seu limite de abnegação foi o dia em que o pastor da igreja ministrou um ensino sobre como gerenciar as coisas do Senhor. O tesoureiro percebeu que o ensino depunha enfaticamente contra a administração praticada pelo próprio pastor que palestrava. Ao término do dito estudo, o tesoureiro se aproximou do pastor e perguntou:

“ – Que bom pastor, vamos agir então conforme o teu estudo daqui para frente?”

Ao que o pastor respondeu:

“ – Esqueça tudo o que eu falei no estudo, continue fazendo como sempre”.

Entenda-se “como sempre”:

Financiando gastos de parentes;

“Gratificações” para familiares

Distribuindo salários para a, b, c, etc;

Gastos pessoais abusivos com notas em nome da igreja

Etc…

Nosso amado irmão tesoureiro entrou em crise.

Todo pastor deve ter um salário que lhe dê condições de viver “dignamente” e não “regaladamente”, isto é bíblico.

Outro líder, em meio a uma reunião ministerial, frente a alguns problemas de alguns membros, desabafou diante de todos os presentes:

“ – Eu não aguento mais, só continuo como pastor por causa do salário!”.

Isto é deplorável!

Isto pode acontecer com pastores, missionários, aqueles que trabalham em escritório de igreja, em agências missionárias; depois de um tempo fazendo este serviço como um trabalho, um emprego, e não como algo espontâneo, a tendência é perder a sensibilidade e aquela impressionabilidade e alegria, porque eles não fazem outra coisa, a não ser cumprir aquela profissão como um emprego, um vínculo empregatício. O que deveria ser feito pelo coração, por vocação, virou um contrato, um serviço, um peso, um fardo insuportável.

O final destes amados irmãos que foram “empregados” da igreja é entrar em um abismo de completa separação de tudo o que seja relacionado a Deus, culto, gente, pobres, espiritualidade  e evangelho. Quem os vê de fora os admiram, entretanto estão mortos no serviço de Deus.

Sei que muitos lerão este simples artigo e se identificarão com aquilo que o Espírito Santo me impulsionou a escrever. Amados, não deixem que o conforto de um “salário” vos faça perder a salvação e a alegria de servir ao Senhor com amor e alegria.

Não permita que o dinheiro transforme o “Sacro Ofício” em um sacrifício.

Em amor, Jesus os abençoe.

Graduado em Teologia. Pós-graduado em Teologia Bíblica. Mestre em Sociologia da Religião. Doutorando em Teologia.

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