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opinião

A tristeza de “ser” quem “não sou”

em

Você já percebeu que por vezes sofremos de uma síndrome do “Não Lugar”.

“Não Lugar” é aquele sentimento de sempre estar insatisfeito com as circunstâncias que nos encontramos.

Tudo isso acontece por causa de nossas tendências consumistas e materialistas.  As propagandas sempre nos pressionando com mensagens do tipo:

“ – Aproveite, últimos dias!”
“ – Quer pagar quanto?”
“ – Com VISA você quer, você  PODE!
“ – Venha para o mundo dos Nets!”
“ – Ao sucesso com Hollywood! “ (Marca de cigarros)
“ – Saia do habitual!”; e outras, vão nos colocando, psicologicamente,  em um lugar que não estamos e nos formatando em alguém  que não somos.

Surge, então,  o sentimento de “Não Lugar”.

Nunca sou quem gostaria de ser;

Nunca tenho a roupa, o relógio, o carro que gostaria de ter,

Nunca moro onde gostaria de morar,

Se tivesse outra profissão com certeza seria mais feliz;

Se tivesse me casado com uma pessoa rica estaria vivendo melhor!.

Meus filhos poderiam me dar menos trabalho; etc.

Esse processo cria em nós uma sensação constante de deslocamento, não completude, não felicidade,  frustração, indignação, podendo até culminar em um estado depressivo.

Em Marcos 10.21 Jesus  ensina  a um jovem rico o caminho da completa satisfação e realização, a “Despossessão das coisas”.

“ E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.”

Aqui está o segredo, quem quer viver uma vida de liberdade e felicidade precisa transferir o foco de suas  perspectivas das coisas desta terra para o céu.

No mundo tudo é transitório,  efêmero,  ilusório, corruptível, corrosível  e, em alguns casos, podem até ser corroídos  pelas traças.

O Teólogo e Filósofo Huberto Rohden descreve  exatamente  o processo de libertação das coisas materiais em sua obra    “Em Espírito e Verdade”:

“Deus é infinitamente livre, não o constrangem  prisões de espécie alguma. Nem as barreiras da matéria, nem os vínculos das formas… Nenhum erro, nenhum preconceito, nenhuma paixão, nenhuma incerteza – nada coíbe ou cerceia a liberdade de Deus. (…) Quanto mais o homem se espiritualiza mais livre se torna … Quanto mais se emancipa da escravidão dos erros, dos preconceitos, das paixões, dos instintos, da matéria, dos sentidos, tanto mais se aproxima da Divindade (…)”

Canalizamos  muita energia e tempo procurando ser e viver aquilo que não está nos propósitos do Senhor.

Deixemos de sofre por aquilo que não somos e temos e usufruamos das bênçãos de sermos quem somos e temos.

PS. Enquanto digitava este artigo recebia a triste informação de falecimento de Eliana Tranchesi, a ex proprietária da “Daslú” , uma luxuosa loja de “Griffe”  que é o sonho de consumo dos que vivem no “Não Lugar”.

Que Deus a tenha!

Graduado em Teologia. Pós-graduado em Teologia Bíblica. Mestre em Sociologia da Religião. Doutorando em Teologia.

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