vida cristã
Como uma menina inspirou a criação das Sociedades Bíblicas
Conheça a história de Mary Jones que sonhava em ter uma Bíblia.
Há mais de 50 anos a Bíblia ocupa o primeiro lugar no ranking dos livros mais lidos e vendidos no mundo. Ela já foi traduzida para cerca de 3 mil línguas, com mais de 3,9 bilhões de exemplares vendidos, de acordo com a estimativa da Sociedade Bíblica do Brasil. Mas, nem sempre foi assim. Lá pelo século 18, no País de Gales na Europa, uma Bíblia era considerada uma relíquia cara e rara, que poucos tinham acesso. Somado ao analfabetismo da maior parte da população galesa, a Bíblia não era um livro popular.
Nessa época e região, nasceu uma menina chamada Mary Jones, por volta de 1785. De origem humilde, ela cresceu numa casa feita de pedras numa vila rodeada por montanhas. Seu pai um tecelão pobre e sua mãe dona de casa, não sabiam ler nem escrever e nunca tinham tido um livro em casa.
Aos domingos, Mary ia a Igreja do seu vilarejo com seus pais, que ficava cerca de três quilômetros da casa da família Jones. A menina, que ainda não sabia ler, amava cantar os hinos que conseguia decorar, mas tinha dificuldade de entender o sermão do pastor e não conhecia todas as histórias bíblicas que ele contava nos cultos.
Mary era encantada por aquele livro de capa preta e letras douradas que o pastor lia e ao final dos cultos, ela sempre se aproximava da Bíblia para admirá-la melhor, pensando consiga mesma: “Ah! Se eu pudesse ler esse livro! Ele tem tanta coisa bonita! Ah! Se eu tivesse minha própria Bíblia para ler em casa!”.
Quando Mary Jones completou 10 anos, foi inaugurada uma Escola em seu vilarejo e assim ela pode aprender ler e escrever. Uma vizinha de Mary, a senhora Evans, sabendo do amor de Mary pelas Escrituras, disse à menina que agora que ela aprendera a ler, poderia visitar sua casa para ler a Bíblia que sua família possuía.
Mary ficou muito feliz e grata com a oferta da senhora Evans e num sábado de manhã ela foi pela primeira vez ler a Bíblia daquela família. A menina estava tão emocionada com a oportunidade, que estava até com medo de tocar o livro sagrado. E, limpando as mãos, com todo o cuidado, começou a virar as páginas e ler.
A jornada por um sonho
Ao voltar para a casa naquele dia, um desejo tomou conta do coração de Mary: ter a sua própria Bíblia. Então, ela fez uma resolução; iria trabalhar duro e juntar dinheiro para comprar sua Bíblia. A menina pediu ao pai que lhe fizesse um cofrinho de madeira para guardar suas economias.
Durante a semana, Mary Jones fazia de tudo para arrecadar dinheiro: tricotava e vendia meias, remendava roupas, criava galinhas e vendia os ovos, carregava água do poço para as casa que pedissem e ajudava os fazendeiros na colheita e na criação dos animais. E aos sábados, ela ia visitar a senhora Evans para ler a Bíblia.
Ano após ano, Mary trabalhou com persistência, economizando todo dinheiro que conseguia e somente depois de seis anos, ela conseguiu o valor para comprar uma Bíblia. A garota ainda teve que viajar até a cidade de Bala para fazer a compra, porque em sua cidade não havia ninguém que vendesse Bíblias.
E assim, Mary percorrer cerca de 40 quilômetros a pé e descalça, atravessando florestas e montanhas, durante um dia inteiro. Cansada, com fome e com os pés doendo e cheios de bolha, ela chegou em Bala pela noite. Percorreu a cidade, pedindo informações para chegar à casa do pastor Thomas Charles, que ela descobrira que era quem vendia Bíblias.
Depois de um tempo procurando, Mary encontrou a casa de Thomas e bateu na porta, ansiosa para enfim realizar o sonho de ter a sua própria Bíblia. O Pastor mal abriu a porta e a menina começou a falar: “Meu nome é Mary Jones. Eu moro numa vila atrás das montanhas. Andei 40 quilômetros para chegar aqui. Economizei durante seis anos para comprar uma Bíblia. O dinheiro está aqui nessa bolsa. Se o senhor quiser, pode contar. O senhor tem uma Bíblia em galês para mim?”.
O pastor, um tanto surpreso, pediu que Mary entrasse para descansar e se acalmar. Thomas pediu ao seu mordomo que desse algo para a menina comer e depois dela ter se alimentado, teve que dar a má notícia: “Lamento muito, Mary, mas a única Bíblia em galês que tenho está reservada para outra pessoa”.
A garota mal podia acreditar no que ouvia. Muito abalada começou a chorar, desabafando desolada: “Devo voltar para minha casa sem uma Bíblia, de mãos vazias?!”. O pastor, vendo a imensa tristeza de Mary, ficou tocado e resolveu dar a Bíblia em galês que possuia, afinal a pessoa que a tinha encomendado também entendia inglês e poderia ficar com outra Bíblia neste idioma.
Mary recebeu o livro sagrado com muita alegria e gratidão. E na manhã seguinte partiu de volta para casa, abraçada em sua Bíblia. Naquele dia, já em casa com seus pais, depois do jantar, Mary Jones abriu a sua própria Bíblia pela primeira vez e leu o Salmo 150. Depois, a família Jones se ajoelhou e agradeceu a Deus por aquele tesouro recebido: uma Bíblia na sua língua.
A criação das Sociedades Bíblicas
Enquanto isso em Bala, em seu escritório, o pastor Thomas Charles não conseguia esquecer a menina que bateu à sua porta para realizar o sonho de ter a sua própria Bíblia. O pastor ficou se perguntando se não haveria outras “Mary Jones” sonhando com Bíblias em seu país.
Anos mais tarde, num encontro de pastores em Londres, Thomas Charles contou a história de Mary Jones para mostrar a dificuldade de conseguir uma Bíblia no País de Gales. Então, os dirigentes das igrejas concordaram em criar uma organização para fornecer Bíblias a preços mais acessíveis para a população galesa. Na ocasião, um pastor chamado Hughes, questionou: “É claro que uma Sociedade deve ser formada com essa finalidade. Mas por que só para o País de Gales? Por que não para Grã-Bretanha toda? Por que não para o mundo inteiro?”.
Assim, naquele encontro que reuniu cerca de 300 pessoas, em 7 de março de 1804, foi criada a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Com o passar dos anos, o trabalho desta Sociedade se espalhou pelo mundo todo. No Brasil, por exemplo, o primeiro carregamento de Novos Testamentos em português foi enviado em 1808.
E em 1948, foi criada a Sociedade Bíblica do Brasil, hoje chamava carinhosamente de SBB, que já há alguns anos tem estado entre as Sociedades Bíblicas nacionais que mais distribuem Bíblias e literatura cristã.
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