estudos bíblicos
O cristão pode beber vinho? É pecado?
Estudo bíblico sobre o mau uso do vinho pelos personagens bíblicos e o que a Bíblia diz sobre o pecado da embriaguez.
O vinho no ofício divino
No Antigo Testamento
Podemos conjecturar com segurança que Nadabe e Abiú, sacerdotes filhos de Arão, estavam sob efeito de bebida alcoólica quando ofereceram diante do Senhor fogo estranho. Isso porque o contexto imediato leva-nos a tal inferência (Lv 10.1-3,8-11).
A proibição do consumo de bebidas fermentadas para os sacerdotes durante o exercício de seu ofício era “um decreto perpétuo para as suas gerações” (Lv 10.9). Isso porque a ação prejudicial do álcool sobre o raciocínio privaria os ministros do Senhor do discernimento entre o santo e o profano, o puro e o impuro (v. 10), além de dificultar-lhes a exposição da Lei do Senhor aos filhos de Israel (v. 11).
Imagina se, sob o efeito de álcool, os sacerdotes começassem agora a cortar os próprios pulsos ao invés de cortarem o pescoço dos animais ofertados ao Senhor? E se ao invés de colocarem fogo nos castiçais do candelabro, colocassem fogo no santo véu? Antes que tal baderna se instaurasse, Deus impôs sérias restrições aos seus adoradores!
A abstinência ordenada aos ministros do culto levítico nos é didática: mais que santa adoração, Deus requer santos adoradores, que tenham mãos limpas (Sl 24.3,4; Tg 4.8), corações limpos (Mt 5.8; Hb 10.22) e consciências limpas (At 23.1; 24.16; 1Tm 3.9)!
O texto de Provérbios é muito sugestivo sobre a inadequação da bebida forte para os que exercem liderança sobre o povo: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes o desejar bebida forte” (Pv 31.4).
E noutro momento adverte: “Não se deixe atrair pelo vinho quando está vermelho, quando cintila no copo e escorre suavemente! No fim, ele morde como serpente e envenena como víbora” (Pv 23.31,32, NVI). Se a bebida forte era inadequada aos reis e sacerdotes do Senhor, por que ela deveria ser adequada a nós cristãos, que fomos em Cristo constituídos para Deus “reis e sacerdotes”? (Ap 5.10).
Os casos de Noé e de Ló, e agora o mais recente caso dos levitas Nadabe e Abiú, estavam postos para os demais hebreus, especialmente os líderes do povo, e também para nós hoje (“tudo o que dantes foi escrito, para o nosso ensino foi escrito” – Rm 15.4) como exemplos reais do que a bebida alcoólica pode causar. Ela afeta:
- O senso de quem o homem é e o que ele faz consigo mesmo (como Noé que ficou nu)
- O senso de quem o outro é e o que se está fazendo com ele (como Ló que se relacionou com as próprias filhas)
- O senso de quem Deus é e como se está aproximando dele (como Nadabe e Abiú que foram irreverentes no culto).
No Novo Testamento
O primeiro milagre de Jesus foi numa festa de casamento, onde ele transformou água em vinho. Mas com certeza aquele não fora um vinho fermentado, pois se fosse então Jesus teria promovido um verdadeiro bacanal em seu primeiro milagre!
Cada uma daquelas seis talhas (Jo 2.6) comportava em medidas atuais entre 60 a 120 litros, ou seja, um total que podia ir de 360 a 720 litros de vinho! Considerando que os convidados já tinham “bebido bem” (Jo 2.10), então admitir que aquele vinho era alcoólico era admitir que o povo estava bebendo além da conta e, portanto, embriagando-se!
Certamente aquele “bom vinho”, que nem sequer teve tempo de fermentar antes de ser servido, era mais saboroso e da mais pura qualidade jamais bebido antes! Era obra do Criador e não de um viticultor!
Quanto ao vinho usado na ceia, com toda certeza era também não-fermentado, visto que a inauguração da Ceia se deu na noite de Páscoa (Mt 26.19-29), quando toda fermentação devia ser retirada da casa dos judeus (Ex 12.15,19).
Quanto ao texto de Corinto 11.20, Paulo não está ali dizendo que o vinho da Ceia era alcoólico. O que ele está dizendo é que muitos estavam se embriagando naquilo que deveria ser, mas não era, a Ceia do Senhor! Aliás, Paulo é claríssimo: “Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, porque cada um come sua própria ceia” (1Co 11.20,21).
Ou seja, não era a legítima Ceia do Senhor que estava sendo celebrada ali – se fosse, certamente seria sem vinho fermentado, como o vinho que Jesus tomou na Páscoa com seus discípulos o fora, já que o fermento era proibido na Páscoa judaica!
Ademais, em Corinto, ao que tudo sugere, cada um levava seu alimento para a “festa do amor” (o Ágape), e é bem provável que nesse meio, os ricos de mais condição levassem vinho alcoólico para tomarem entre os amigos, desonrando a Ceia do Senhor e não discernindo o Corpo de Cristo, isto é a Igreja! Em razão de tal irreverência, havia entre os coríntios muitos fracos e doentes, e outros que até já tinham morrido! (1Co 11.30). Definitivamente, Deus ainda continua exigindo separação entre o puro e o impuro, entre as coisas santas e as coisas profanas!
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