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Declarações de Lula contra Trump barraram diálogo com EUA

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A possibilidade de o governo brasileiro abrir um canal de diálogo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as novas tarifas comerciais que entrarão em vigor nesta sexta-feira, 01 de agosto, já não existe mais. A avaliação é do analista Lourival Sant’anna, correspondente da CNN em Washington, que ouviu fontes ligadas aos bastidores da política norte-americana.

Segundo o jornalista, senadores brasileiros estiveram recentemente na capital dos Estados Unidos na tentativa de viabilizar conversas diretas com Trump ou com o secretário de Estado, Marco Rubio. Contudo, as investidas não obtiveram sucesso. “Marco Rubio adquiriu uma verdadeira ojeriza pelo governo Lula. Esse é um foco bastante importante, e neste momento não adianta tentar uma conversa entre o Lula e o Trump, ou entre o chanceler brasileiro e o secretário de Estado americano”, afirmou Sant’anna durante a análise exibida pela CNN.

Para o correspondente, o esforço dos parlamentares brasileiros ocorreu tardiamente. Ele aponta que os discursos proferidos por Lula, interpretados pela equipe americana como ataques pessoais a Trump, contribuíram para deteriorar o ambiente diplomático. “Essa oportunidade já foi perdida um tempo atrás com os discursos do presidente Lula, em que foi levado para o presidente Trump, como sendo tentativas do Lula de humilhar o Trump”, afirmou.

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Ainda segundo Sant’anna, essa percepção foi apresentada aos senadores brasileiros durante a visita. Ele relatou que interlocutores americanos explicaram o contexto aos parlamentares e sugeriram um foco nas tentativas de exceções setoriais, evitando a contaminação da pauta comercial pelo embate político. “Agora o que tem de mais factível neste momento mesmo é tentar obter algumas exceções para alguns setores brasileiros e tentar separar a parte comercial da parte política, porque a parte política realmente é algo que parece inevitável do ponto de vista da escalada”, relatou.

Ruptura diplomática

A administração Trump, conforme revelou Sant’anna, estaria considerando a imposição de novas medidas contra o Brasil. Entre as ações avaliadas estaria até mesmo o rompimento das relações diplomáticas, com a retirada da embaixadora brasileira dos Estados Unidos. “Eu já tinha trazido essa apuração antes, eu confirmei hoje que há realmente um plano já desenhado de uma escalada que pode culminar realmente na suspensão das relações diplomáticas, na volta da embaixadora brasileira”, destacou o analista.

Segundo ele, dentro do governo norte-americano há a percepção de que o Palácio do Planalto não demonstra preocupação com esse cenário. “A sensação das pessoas aqui em Washington é de que o governo brasileiro também não se importa muito, nem a embaixadora, nem outros eventuais atores do ponto de vista do Poder Executivo demonstraram grande empenho também e grande preocupação com isso”, concluiu.

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Contexto

As novas tarifas que entrarão em vigor em 01 de agosto fazem parte de uma série de medidas adotadas pela gestão Trump em 2025 com foco na proteção da indústria e da agricultura norte-americanas. O Brasil, um dos principais exportadores de alimentos e metais para os Estados Unidos, está entre os países mais afetados pelas taxas adicionais.

O clima diplomático entre os dois países, que já vinha se desgastando desde o retorno de Lula à presidência, agravou-se com declarações públicas e posicionamentos divergentes em fóruns internacionais. A escalada de tensão, segundo analistas, representa um dos momentos mais delicados das relações entre os dois países.

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