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É Páscoa… E daí?!

A mensagem de Jesus é tão poderosa e impactante, senão, a maior de todos os tempos, exatamente porque ela transcende à nossa humanidade, bem como o nosso intelecto.

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Em um tempo pós-cristão, de que modo esta semana se encaixa no imaginário humano atual? De cristãos nominais a neo-ateus, os fundamentos da fé cristã estão sendo relativamente esquecidos. Para muitos, a fé cristã tem sido apenas uma espécie de amuleto da sorte. Para outros, tem sido um alvo a ser ferrenhamente combatido, quer seja fisicamente, quer seja no campo das ideias. Independente de qual seja a relação que as pessoas tenham com o cristianismo, um aspecto é inegável a todos: a supremacia, beleza e relevância da sua mensagem para todos os tempos e culturas.

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Já em seu nascimento é impossível negar beleza tão singular. Por que o Deus-Filho abdicaria de sua perfeição e imortalidade para entrar na dimensão de uma humanidade imperfeita e mortal, dada a sofrimentos de toda ordem existencial? Como sabemos Deus se tornou humano e participante das angústias da vida com o objetivo de redimir a humanidade. Ele poderia muito bem, mesmo com a encarnação, fazer uso dos seus poderes em benefício próprio. Poderia ainda ter nascido em “berço de ouro”, ostentando riquezas sem igual e sem padecer dor alguma durante o seu tempo aqui na terra. Porém, Deus optou por ser partícipe da miséria humana. O poder que ele possuía ainda como Deus-Homem foi usado apenas a favor das pessoas, nunca para si mesmo. A maravilhosa inversão de objetivos entre Adão-Eva e Jesus é incrível. Os primeiros desejaram ser igual a Deus. O segundo, sendo Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.

A mensagem de Cristo sempre foi, ao mesmo tempo, uma mensagem de confronto e de mansidão. A religiosidade hipócrita de figuras importantes do judaísmo foi censurada por Jesus. Uma importante e conhecida passagem que retrata esta censura foi a parábola do Bom Samaritano. Nela, Jesus demonstrou quem é o nosso próximo, a saber, qualquer pessoa que esteja ao nosso lado carente de ajuda, independente de aparências ou de seletividades interesseiras. Em outra ocasião, quando Jesus disse que veio para trazer a espada, Ele se referia a própria luta decorrente da provocação que a sua mensagem traria aos ambientes hostis dominados pelo mal.

Em sua maravilhosa docilidade e compaixão curou os enfermos, realizou vários milagres e deu voz aos sem voz. Naquela época a mulher era totalmente desprezada. Quando uma destas mulheres foi pega em adultério e estava prestes a ser morta a pedradas, Jesus, com sua indizível sabedoria afastou a todos, em especial, os fariseus hipócritas que queriam colocar Jesus em uma cilada de ordem religiosa.

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Na semana em que sucederam os acontecimentos da Paixão de Cristo, Jesus entra triunfante em Jerusalém. Sua humildade o levou a entrar montado sobre um jumentinho – o Rei abdicou de toda a glória, de Deus e dos homens, para cumprir cabalmente sua missão. Na segunda-feira Jesus expulsa os vendilhões do Templo, pois, a despeito de sua mansidão Ele foi enérgico com as “negociatas da fé”. Na terça-feira Judas negocia secretamente a entrega do seu próprio Rabi à cúpula religiosa que planejava matá-lo. Na quarta-feira Jesus em mais um ato de compaixão chora pela rejeição de Jerusalém e pela sua posterior destruição. Na quinta-feira Jesus participa com seus discípulos da última Ceia. É neste momento que Jesus lava os pés de todos eles, inclusive, do próprio Judas. Quem é este homem que mesmo sabendo da traição por um dos seus “amigos” lava os seus pés assim como fez com os demais?

Quando a noite avança rumo à sexta-feira Jesus e seus discípulos saem para um local não muito distante, o Jardim do Getsêmani. Jesus já sabia que iria ser preso, passaria por atrocidades terríveis e desumanas que culminariam em sua morte. Portanto, estava angustiado. Em sua condição humana estava sofrendo terrivelmente a ponto de dizer a Pedro e a mais dois discípulos que ficassem ali com ele, evitando a dor terrível potencializada pela solitude. Ele pediu ao Pai para que o livrasse da intensa aflição, contudo, sempre considerando que a vontade de Deus se cumprisse. Quando Jesus volta, por duas vezes, ele encontra seus discípulos dormindo. Em seguida, Judas chega com aqueles que prenderiam a Jesus. Judas havia combinado um sinal para identificar Jesus, o beijo da traição. Afinal de contas, era noite e o rei Jesus, Deus-Homem, era tão simples que se confundia com os seus discípulos. Depois que Judas o beija, Jesus diz: “amigo, com um beijo me trai?Quem é este homem que mesmo traído mantém o total controle de suas emoções, considerando o seu algoz ainda como seu amigo?

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Ainda na sexta-feira, madrugada a dentro, Jesus é julgado pelo menos seis vezes – pelo Sinédrio, por Pilatos e por Herodes. Foi um dia intenso de desumanos castigos, ataques físicos de toda a natureza, escárnios e exposição do seu corpo praticamente nu. Se Jesus quisesse acabaria com tudo aquilo em um piscar de olhos ou até mesmo voltando atrás em sua missão. Entretanto, o mesmo Jesus que havia anunciado que passaria por tudo isso, resistiu firme até o fim. Como a região da Judéia era uma província romana, a condenação de Jesus foi uma das piores condenações impostas pelos romanos: morte de cruz.

A mensagem de Jesus é tão poderosa e impactante, senão, a maior de todos os tempos, exatamente porque ela transcende à nossa humanidade, bem como o nosso intelecto. Mesmo sendo crucificado Jesus deixou a maior demonstração de amor de todas, perdoando seus carrascos, pois, não sabiam o que faziam. Não era para menos, a morte de Jesus é a autoentrega do próprio Deus para reconciliar consigo a humanidade que optou por se rebelar contra Ele. Não obstante a iniciativa da humanidade em dizer não para Deus, Ele decide dizer sim para resgatá-los.

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Talvez, você seja cético quanto a estes acontecimentos que envolvem a semana da Paixão. No entanto, uma coisa é inegável: em toda a História não há mensagem de amor, de perdão e de ética maior do que a mensagem do Perfeito que se vestiu de imperfectibilidade. Mais ainda, talvez você faça chacota com Jesus e com a mensagem da cruz por inúmeras razões pessoais. Independente disso, o perdão que Jesus rogou a Deus em favor dos seus carrascos, Ele continua rogando para e por você. Este pode ser o momento propício para você refletir e se achegar a Deus. Aproveite enquanto é tempo. Jesus esteve na cruz de braços abertos e ainda continua intercedendo por você.

Entendeu porque comemoramos a Páscoa?

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Apologista cristão por vocação. Mestrando em Ciências da Religião pela PUC-Campinas-SP. Formado em Filosofia também pela PUC-Campinas-SP e em Teologia pelo Seminário Teológico Batista Independente de Campinas-SP.

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