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Educação cristã: Um ministério de grande honra e profunda responsabilidade

O ofício de ensinar era altamente considerado nos primórdios da igreja, o que despertava grande interesse por parte de muitos para se tornarem mestres.

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Cristão estudando a Bíblia
Cristão estudando a Bíblia (Foto: Reprodução/Unsplash)

É comum encontrar nas Escolas Bíblicas Dominicais professores que não se dedicam ao ensino como deveriam, esquecendo-se que os mestres, pelo seu ofício, serão alvos de maior julgamento na ocasião do Tribunal de Cristo. Por outro lado, não é raro encontrar abdicados professores que não são devidamente honrados pela relevância do excelente serviço cristão que prestam à sua congregação.

Diante disso, este artigo tem dois objetivos, são eles: (1) destacar a honra merecida pelos professores que se afadigam na Palavra, bem como relembrar que os mestres serão alvos de maior rigor no julgamento do Tribunal de Cristo; (2) conduzir os mestres a uma reflexão que redunde em encorajamento para buscarem a excelência no ministério de ensino.

A honra merecida por aqueles que se dedicam à Palavra e à doutrina

 “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1 Tm 5.17 – ARC).

Ao escrever ao jovem pastor Timóteo, o apóstolo Paulo orienta acerca da honra que deve ser dispensada aos presbíteros, especialmente aos que trabalham com a pregação e o ensino da Palavra de Deus. Tal instrução ilustra as prioridades dos apóstolos e demostra, portanto, o valor que a Igreja primitiva dava ao ensino sistemático e didático das Sagradas Escrituras.

No texto original a expressão que é utilizada tem o sentido de trabalhar até ficar exausto. Por isso que a versão Almeida Revista e Atualizada utiliza o termo afadigar “[…] os que se afadigam na Palavra e no ensino” (1Tm 5.17). Deste modo, Paulo não estava reconhecendo como dignos de dupla honra aqueles que ensinavam as Sagradas Letras de qualquer maneira, sem compromisso com seu “público”, sem pesquisar com profundidade, sem se desgastar em busca de uma boa e segura compreensão das Sagradas Letras. Ao contrário, o apóstolo tinha por dignos de reconhecimento aqueles que com diligência e disciplina empreendiam trabalhos, ao ponto de se cansarem de ler, meditar e pesquisar a Palavra de Deus (1Tm 4.13,16). Tal como um garimpeiro que busca incansavelmente por uma pedra preciosa e que escava fundo até que encontre o que estava procurando, assim deve ser aquele se afadiga na pregação e no ensino das Sagradas Escrituras. Esta tarefa não é apenas espiritual, antes é intelectual. 

A expressão dupla honra se refere, no mínimo, a recompensa financeira. Esta afirmação pode ser vista no versículo 18 em que Paulo cita as Escrituras, mencionando Moises (Dt 25.4) e Jesus (Lc 10.7). Neste texto de Lucas, a instrução de Jesus ao enviar os setenta discípulos é clara “[…] digno é o obreiro de seu salário […]”. Por outro lado, muitos autores afirmam que a menção de dupla honra não aponta apenas para recompensa financeira, mas também para o respeito e reconhecimento que deveria ser dispensado aos que se afadigavam na pregação e ensino da Palavra de Deus. 

Esse texto se aplica não somente aos presbíteros, que eram os pastores da Igreja primitiva, mas a todos que se dedicam a pregação e ao ensino da Palavra a ponto de experimentarem exaustão. Nesse sentido, ao pensar nos professores da Escola Bíblica Dominical, são tidos por dignos de honra aqueles que se afadigam, estudando com disciplina dia após dia não apenas a revista da EBD, mas a Biblia, considerando todos os temas relevantes à fé. O professor que não estuda, não pesquisa e não garimpa as Sagradas Letras afadigando-se, não pode ser tido por digno de honra. Ao contrário, pode até desonrar o ministério do ensino pelo seu desconhecimento, desinteresse, insegurança e superficialidade. O problema não é a falta de conhecimento, mas o comodismo e desinteresse diante dos temas bíblicos que ainda são desconhecidos pelo professor.

Há grande responsabilidade sobre aqueles que ensinam a Palavra de Deus

“Meus irmãos, não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor” (Tg 3.1 – NVI).

O ofício de ensinar era altamente considerado nos primórdios da igreja, o que despertava grande interesse por parte de muitos para se tornarem mestres. A importância do ensino no período bíblico é incontestável. Isso pode ser visto no tempo dedicado por Jesus e, posteriormente, seus apóstolos a transmitir os ensinamentos das Sagradas Letras. Alguns comentaristas sugerem que quando Tiago apresenta a ilustração da língua e do corpo no capítulo três de sua epístola, seu propósito era estender a discussão sobre o papel dos professores da Igreja. Assim, a “língua” do mestre controlaria todo o “corpo” da Igreja. Deste modo, os que queriam se tornar ensinadores, não consideravam a responsabilidade que acompanhava aqueles que exerciam influência sobre a congregação através do ensino. 

É importante lembrar que onde há grande honra, a responsabilidade é ainda maior. Se há sérias exigências, descumpri-las pode trazer severas consequências. Veja o tamanho do compromisso querido professor! Nesse sentido, o apóstolo Tiago faz um importante alerta a todos que transmitem instrução a congregação. Aqueles que ensinam a Palavra de Deus carregam sobre si maior responsabilidade do que os demais e, por isso, serão alvo de superior rigor e mais exigência no Tribunal de Cristo. A influência exercida pelos que ensinam não será desconsiderada pelo Senhor Jesus. 

Diante disso, é necessário que todo professor da Escola Bíblica Dominical não esteja alheio quanto a essa advertência. Deus é quem capacita e exige os frutos dessa capacitação. Portanto, cabe ao professor muita dedicação e santo zelo pelo ensino, sabendo que será cobrado quando estiver diante de Jesus para o julgamento das obras.

Conclusão 

Os que se afadigam nas Sagradas Escrituras são merecedores de duplicada honra. Pastores e toda a congregação deve reconhecer os trabalhos dos abdicados mestres que lhes foram dados por Deus para edificação da Igreja (Ef 4.11). Por outro lado, os professores que estão exercendo o ministério de ensino relaxadamente devem pedir ao Senhor para que lhes renove as forças (Is 40.31), ajude a organizar o tempo (Ef 5.15,16) e retornar ao primeiro amor do magistério cristão (Ap 2.4,5). Haverá maior rigor no julgamento das obras dos mestres. Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a buscar pela excelência no ensino das Santas Letras.

Ministro do Evangelho da Assembleia de Deus em Village — Rio das Ostras/RJ, onde exerce o ofício de pastor vice-presidente e a função de superintendente da Escola Bíblica Dominical. É bacharel em Engenharia de Petróleo e Teologia. Atualmente está cursando mestrado em Teologia. Casado com Ana Paula, pai da Sara e Mariah.

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