estudos bíblicos
Escola Dominical: voluntariedade sim, irresponsabilidade não!
Não “empurre com a barriga” o dom que Deus lhe deu, antes cumpra cabalmente o seu ministério.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios, menciona uma lista com cinco ministérios que Deus estabeleceu na Igreja, visando o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos santos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.11). Atentemos para o ministério (serviço) de mestres. É razoável dizer que há mais mestres na igreja do que pastores. Senão vejamos quantas pessoas há ensinando na sua igreja local em comparação com as que estão pastoreando.
Mas nosso foco agora será falar sobre a voluntariedade destes mestres vocacionados para o trabalho eclesiástico. Embora o próprio Paulo prezasse pela generosa retribuição aos que militam na área do ensino nas igrejas locais (Gl 6.6; 1Tm 5.17), ele também estava consciente de que todos os mestres da Igreja são, antes de tudo, servos de Cristo, e dele cada um receberá a sua justa recompensa (Cl 3.23-24).
1. Voluntários sim, mas não sem pagamento
Na escola secular um mestre (comprovadamente diplomado) é razoavelmente bem remunerado para ministrar aulas ou palestras; porém, na Escola Dominical, com raras exceções, um mestre (comprovadamente vocacionado) não recebe qualquer remuneração pelo valoroso trabalho que faz. Seria bom que recebesse, ao menos o suficiente para continuar progredindo no seu ministério (fazendo cursos de teologia ou participando de seminários e congressos na área da educação cristã; adquirindo bons livros para ampliar sua biblioteca e, por consequência, suas possibilidades de pesquisa, etc.).
Nossa realidade geral ainda está distante disso, e James Stewart comenta com muita pertinência: “Graças a Deus pelos voluntários que trabalham na Escola Dominical e dirigentes de estudos bíblicos, e pelos ‘leigos’ [pessoas sem formação acadêmica]. Se todos eles tivessem de ser pagos por seus serviços, poucas igrejas teriam condições financeiras de mantê-los”. Creio que conhecendo a realidade econômica de sua igreja local, você deverá concordar com o Stewart. Talvez você mesmo seja um voluntário do ensino em sua igreja, e o seja com muita alegria.
Agora, é preciso ressaltar que mesmo os voluntários, que não recebem remuneração pelo trabalho que fazem na igreja, não trabalham sem pagamento, pois está escrito: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12). Não bastasse Cristo ter graciosamente pago o preço pela nossa salvação, ele ainda nos promete galardoar, isto é, dar o pagamento, a recompensa, o salário pelo trabalho que fizermos. Deus é bom e paga bem!
O apóstolo Paulo diz que nosso trabalho não é vão no Senhor (1Co 15.59). Além dos frutos que já colhemos aqui, encontraremos também as recompensas celestiais, se não desfalecermos, antes perseverarmos até o fim, servindo ao Senhor com alegria (Sl 100.1). Que nossa consciência seja dominada por esta verdade: não é apenas a uma classe de Escola Dominical que estamos servindo, mas a Cristo, o Senhor, servis (Cl 3.24).
2. Voluntariedade com responsabilidade
Em virtude do preço que nosso Senhor pagou para nos redimir, diante das promessas de galardões que estão reservados para nós e sob a consciência de que é ao Senhor que nós estamos servindo, precisamos ser voluntários responsáveis naquilo que fazemos. Nossa voluntariedade não pode dar lugar à irresponsabilidade!
O voluntário obreiro da Escola Dominical deve assumir as responsabilidades de seu cargo, e procurar oferecer o melhor de si em todos os quesitos: cumprimento dos horários na EBD, assiduidade aos estudos de professores, participação em seminários ou congressos de capacitação em educação cristã, preparo de aula, avaliação de seus métodos de ensino para ajustá-lo ao melhor aprendizado dos alunos, submissão às lideranças da igreja, presença nos cultos de sua congregação, bom testemunho diante do mundo, etc.
Não podemos ser menos responsáveis e zelosos na obra de Deus do que aqueles que se voluntariam para instituições ou eventos seculares. Até quem se voluntaria para trabalhar em Copa do Mundo deve assumir as responsabilidades de seu compromisso. Nosso Deus e nossa igreja local merecem bem mais que o “padrão FIFA” de qualidade!
3. Advertência, promessa e exortação
Aos voluntários que ensinam na obra de Deus pesam uma advertência, uma promessa e uma exortação. Atentemos bem para elas, a fim de que jamais relaxemos na obra do Senhor:
A advertência: os mestres receberão mais duro juízo (Tg 3.1).
Isso não deve desestimular os voluntários que são vocacionados para o ensino. O que este texto deve produzir em nós é aquele bom temor que não nos deixa inertes ou que nos alerta contra o mau uso do dom que recebemos de Deus. Quando o professor diz a seus alunos “Quem não estudar, não vai se dar bem na prova”, ele não está querendo apavorar seus alunos ou desestimulá-los, mas justamente incentivá-los a fazer o que é certo, neste caso, dedicarem-se ao estudo. Assim também é Deus ao nos advertir.
A promessa: os mestres receberão avultada recompensa (Dn 12.3).
É óbvio que somente pela gratidão que temos para com o Senhor que nos ama e que nos salvou já teríamos razão mais do que suficiente para prosseguirmos em nosso voluntário e valioso trabalho. Mas de tal modo nosso Senhor valoriza nosso serviço, para o qual nos capacitou mediante o seu Espírito, que ele ainda promete recompensar-nos se formos fiéis à vocação. Não é pouca coisa ser um professor de Escola Dominical. É um privilégio!
A exortação: dedicar-se ao ensino (Rm 12.7).
O voluntário da EBD não pode ser negligente, mas diligente! Deve querer conhecer, entender e aprender cada vez mais para servir melhor as pessoas que estão sob seus cuidados. Ele mesmo cresce intelectualmente, progride teologicamente e se fortalece espiritualmente enquanto se dedica à sua vocação. Sim, o voluntário ganha muito quando é diligente no que faz, mas seu maior ganho é ver os frutos de seu trabalho: um povo bem instruído na Palavra de Deus vivendo para a glória de Deus!
Conclusão
Você é um voluntário da Escola Dominical? Não “empurre com a barriga” o dom que Deus lhe deu, antes cumpra cabalmente o seu ministério. Não considere um fardo servir a sua igreja, antes perceba-se um privilegiado por ter sido escolhido para tão importante posição. Dê o seu melhor. “Fazei todas as coisas com amor” (1Co 16.14).
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