Irã: cristãos anistiados após anos de cadeia voltam a ser presos

Dois cristãos, Nasser Navard Gol-Tapeh e Joseph Shahbazian, foram novamente presos no Irã, após terem sido libertados em 2022 e 2023, respectivamente. A prisão ocorreu na última quinta-feira, quando agentes de inteligência os detiveram em suas casas, na província de Teerã, e os conduziram de volta à Prisão de Evin, em Teerã, conhecida por abrigar outros cristãos que enfrentam acusações por sua fé. A informação foi divulgada pelo grupo de defesa Artigo 18.

Gol-Tapeh, de 63 anos, um convertido do islamismo, havia sido libertado em outubro de 2022 após cumprir quase cinco anos de uma sentença de 10 anos por acusações relacionadas a “ações contra a segurança nacional”, devido à sua participação em uma igreja doméstica.

O grupo Artigo 18 relatou que Gol-Tapeh se recusou a se alimentar em protesto contra sua nova prisão, enquanto outros cristãos de Teerã também foram presos e permanecem sob custódia. Shahbazian, um iraniano-armênio de 60 anos, havia sido libertado em setembro de 2023 após passar pouco mais de um ano na Prisão de Evin pelas mesmas acusações. Sua prisão e a de Gol-Tapeh demonstram que nenhum cristão está seguro no país, como destacou o Artigo 18.

De acordo com o grupo, tanto Gol-Tapeh quanto Shahbazian continuam sendo alvos das autoridades iranianas, que têm como alvo qualquer cristão considerado “desalinhado” com os objetivos da República Islâmica.

O Artigo 18 também ressaltou que, no último relatório anual, apresentado às Nações Unidas em Genebra, apelou para que o Irã encerrasse a criminalização das igrejas domésticas e permitisse que cristãos de língua persa pudessem adorar livremente em sua língua materna, sem o risco de prisão.

O relatório também mencionou a decisão de 2021 da Suprema Corte do Irã, que havia esclarecido que a participação em igrejas domésticas não deveria ser considerada uma “ação contra a segurança nacional”. Porém, a prisão de Gol-Tapeh e Shahbazian revela que tais declarações legais ainda não são respeitadas pelas autoridades.

A motivação para a nova prisão de ambos os cristãos não foi esclarecida. Gol-Tapeh, durante seu tempo na prisão, havia feito vários pedidos de novo julgamento e liberdade condicional, questionando como sua filiação a uma igreja doméstica poderia ser considerada uma ameaça à segurança nacional.

O Irã ocupa a nona posição na lista de 2025 da Portas Abertas, que classifica os 50 países mais difíceis para cristãos. Segundo o The Christian Post, apesar das perseguições, a organização destaca que a igreja no Irã tem crescido constantemente.