política
O Brasil desperta e esperamos que para mudar!
E este despertar vem carregado de inconformismo, pois o povo teve sua paciência testada além do limite
A efervescência política dos últimos dias, por ocasião das próximas eleições em todo o país, revela muito do que estava oculto ou “adormecido” no contexto nacional. Pessoas advogavam veementemente a ideia de que “o Brasil não tem ideologia” e ouvíamos isso constantemente. Talvez até ajudasse o pragmatismo cultural, que é uma de nossas maiores características.
Embora majoritária e inequivocamente conservador, o brasileiro, de um modo geral, é tendencioso ao pragmatismo (do grego pragma = prático, ou uma forma de “amor prático”, cujo sucesso é medido pelo bom êxito prático). Assim, estas tensões culturais, muitas vezes até incompatíveis entre si, agem para formar este panorama social no qual estamos inseridos hoje.
Não é de admirar que, por tudo pelo que passamos nos últimos anos, estejamos nos unindo como nação sob a proposta de alguém que é, ao mesmo tempo, conservador e pragmático. Ao contrário do que parecem ser os apelos a todas as demais propostas de presidenciáveis, a de Jair Bolsonaro não se reduz a um mero “grito de socorro” ou “de desespero” da nação brasileira, por todo o descaso que – com toda a razão -, ela sente.
Muito mais do que isso, é um grito de esperança, não em um homem, um messias político, mas numa tentativa de nos vermos livres de tudo o que se nos parece o estancamento onde nos encontramos, pelo perigoso jogo da velha retórica política esquerdista: o discurso de inversão total da realidade, que políticos representantes do que era o mainstream da política nacional até há bem pouco tempo, convencem cada vez menos!!
Recentemente, o candidato Fernando Haddad do PT disse que “o combate à corrupção só foi possível graças a PT”, revelando esta característica de parte da população brasileira: a absorção do discurso ideológico que se vale, inclusive, da inversão da realidade, que tem o objetivo patente de fazer com que alguns mais desavisados passem não só a se confundirem com o que é inquestionável, mas negá-lo paulatinamente, até que o que era óbvio passe a ser o inverso, ou seja, o inconcebível.
Assim, não basta negar, por exemplo, que a Lava Jato descobriu o maior escândalo de corrupção do mundo, mas em “nome da democracia e do estado democrático de direito”, tentar insistentemente afirmar que os que defensores da operação são, na verdade, os grandes “vilões” e “infratores”, enquanto os réus são mártires políticos. O discurso de Haddad, portanto, faz coro a uma prática típica da ala que defende.
A convulsão social que nós herdamos, contudo, tem chances de dar em algo, ao contrário das grandes manifestações populares dos últimos anos, que literalmente deram em nada. A insatisfação de corações e mentes sinceras, da esquerda ou da direita, parecem materializar-se na proposta concreta de políticos que não estejam absorvidos pelo modus operandi político que arruinou o Brasil.
A independência do PSL, aliás, é vista com ceticismo por muitos, não sem razão. Acostumamo-nos aos conchavos, à política do compadrio, à corrupção cotidiana que se nos é apontado como também “cultural”; e é justamente a mera possibilidade da perpetuidade disso, num eventual futuro governo do PT por exemplo, que faz com que investidores estrangeiros retirem seus dólares do país ao anúncio de qualquer crescimento de Haddad nas pesquisas. O reflexo de uma herança maldita que teríamos de carregar conosco, e cujo auge se deu nos últimos 14 anos do (des)governo petista.
Erra quem pensa que os que querem um “basta” para isso tudo depositam suas esperanças em um homem, uma ideia, um partido, um conceito. O que se vê no conservador povo brasileiro é uma afluência natural que, mais do que um simples ato de protesto é, antes de tudo, uma ação movida pela esperança. É como se o brasileiro tivesse acordado do sono sob o qual intentavam que permanecesse.
Políticos, que defendem regimes totalitários comunistas, os quais matam seus próprios cidadãos de fome e da falta de cuidados básicos, são rechaçados em locais públicos, hostilizados por uma população que cansou de ser esmagada e existir apenas como um meio para que aqueles alcancem seus próprios fins.
Não há mais o que discutir: qualquer mudança genuína vem, antes de tudo, com a retirada daquilo que se cristalizou na política através de “políticos profissionais”, mestres da persuasão, mestres do compadrio, que surgem como bons moços midiáticos, mas são facínoras, ambiciosos, implacáveis, irrefreáveis em suas ações corruptoras.
Talvez seja o lado pragmático do brasileiro, agora coexistindo mais harmoniosamente com seu lado conservador, ambos eclodindo após um sono esplêndido. E este despertar vem carregado de inconformismo, pois o povo teve sua paciência testada além do limite. Deus tenha misericórdia de nossa desgastada nação.
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