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opinião

O erro de Bolsonaro está no trato e no tom

“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.”

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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Carolina Antunes / PR)

Bolsonaro não está sempre correto, como imaginam alguns — o que não é o meu caso. Aliás, quando necessário cobraremos sim. Já aos que afirmam que sou partidário, defensor de Jair Bolsonaro e parte da extrema-direita, informo que nada sabem sobre a visão cristã na qual me oriento. Dito isso, vamos ao que interessa: o erro do presidente está no trato, no timing e no tom.

Sim, o presidente da República tem um sério problema com comunicação. Talvez seja pela carreira militar ou mesmo pela criação, mas o fato é que uma figura pública precisa aprender a lidar com gente. O bom trato é papel fundamental em todas as relações interpessoais. Tenho certeza que seria mais fácil de chegarmos a um consenso sobre a crise atual se Bolsonaro soubesse dosar suas palavras.

O fato — contra este não há argumentos! — é que muitas crises institucionais poderiam ser evitadas se o presidente da República não fosse tão agressivo em suas abordagens. Se ele tivesse um tom conciliador — não entendam por toma lá, da cá — as coisas seriam mais fáceis de resolver.

Ou vocês acreditam que todos que se afastam do governo o fazem por serem traidores, canalhas e inimigos do povo? Faça-me rir!

Quem gosta de ser tratado com estupidez? Respondo: ninguém gosta. Particularmente não gosto de pessoas que falam palavrões, torpezas e ofensas a outros, quando mais tratando-se de figura política em que o bom comportamento é exigência ética.

Não estou dizendo que Bolsonaro deve deixar sua originalidade, mas que deve ter cuidado com as palavras, com o tom e tempo em que são proferidas.

Como aconselha Provérbios capítulo 25 e versículo 11, que diz que “como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo”, espero que o presidente da República aprenda a falar do modo correto e no tempo correto. Chamar de “gripezinha” uma doença que está debilitando um número considerável de pessoas, ainda que essa seja sua percepção, não cai bem para o cargo que exerce.

Favor não confundir alhos com bugalhos! Não estou dizendo que Bolsonaro esteja totalmente errado no que diz, mas que o trato, o momento da fala e o tom não estão ajudando. Deve aprender a ter autocontrole e moderação. Precisa mostrar um lado mais humano e menos agressivo, ainda que seus adversários muitas vezes tirem qualquer um do sério.

Sem que abra a boca o presidente já enfrenta uma oposição raivosa que faz tempestade em copo d’água com tudo, imagine dando motivos? Jesus Cristo diria: “Eu os estou enviando como ovelhas no meio de lobos. Portanto, sejam astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas” (Mateus 10.16). E, como diz o ditado “o homem é senhor do que pensa e escravo do que diz”.

Concluo, portanto, alertando para a necessidade de vigilância em meio a essa crise. Estamos todos torcendo para que o país se recupere bem e a melhor maneira de isso acontecer é através da união. Como repete constantemente o próprio Bolsonaro: “estamos todos no mesmo barco”.

Jornalista cristão, editor-chefe do Gospel Prime, teólogo, pregador desde 1999 e assembleiano de berço.

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