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estudos bíblicos

O que a Bíblia diz sobre a sexualidade?

Conceitos e perspectivas bíblicas sobre a sexualidade.

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Casal dando um beijo ao por do sol (frank mckenna / Unsplash)

O propósito do sexo segundo as Escrituras

A Bíblia, óbvio, não é uma cartilha de sexualidade para alunos secundaristas nem mesmo para casais. Ela não se propõe a responder todas as nossas curiosidades, nem apresentar uma resposta direta à toda forma de relação sexual presente na sociedade moderna, que é “má e adúltera” (Mt 12.39), “corrompida e perversa” (Fp 2.15).

Entretanto, o que a Bíblia estabelece, quer seja por uma orientação direta ou por seus princípios imutáveis, é suficiente para nortear o cristão sobre sua sexualidade.

Vejamos os mais elementares propósitos para a sexualidade do casal.

Multiplicação da espécie humana

“Crescei e multiplicai, povoai a terra” (Gn 1.27), ordenou o Senhor ao primeiro casal humano. Embora fosse possível para Deus constituir uma família humana sem a necessidade da prática sexual (assim como trouxe Adão à vida a partir do pó da terra, e Eva da costela de Adão), agradou a Deus estabelecer a proliferação da raça humana por meio do intercurso sexual. Isso deve ser levado em conta pelos casais que fazem amor com as luzes apagadas para “Deus não ver”.

Embora hoje a ciência já permita a “fertilização in vitro”, procedimento pelo qual o óvulo feminino pode ser fecundado pelo espermatozoide masculino sem a necessidade da relação entre o homem e a mulher, este procedimento artificial não é nem pode ser padronizado para substituir a relação natural, senão somente como um subterfúgio em casos onde o casal não obtenha êxito sem o auxílio da medicina para gerar filhos.

Ter em mente a frutificação da família humana como razão primeva para a sexualidade não implica dizer que o casal não deva fazer planejamento familiar e que deva considerar pecado todo método contraceptivo.

Isto também beiraria a ignorância. Nenhum casal está moralmente obrigado a constituir uma grande família com muitos filhos, afinal, graças a Deus há muitos casais para povoar o planeta, que só hoje chega a quase 8 bilhões de habitantes! Na Lição 9, porém, falaremos melhor deste assunto. Em todo caso, filhos, uma vez concebidos, devem ser considerados uma benção de Deus para o casal (Sl 127.3).

Satisfação e prazer conjugal

“O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido” (1Co 7.3). Que querem dizer estas palavras do apóstolo Paulo, senão que marido e mulher devem satisfazer-se um ao outro?

No ensino paulino, o compromisso sexual entre os cônjuges deve ser tão sério que Paulo orienta pelo Espírito (“toda Escritura é divinamente inspirada”) marido e mulher a concederem um ao outro o devido direito no que tange à relação sexual. E mais à frente Paulo enfatiza que o homem não tem direito sobre o próprio corpo, mas sua mulher; e a mulher não tem direito sobre seu próprio corpo, mas o marido (1Co 7.4). Isso, óbvio, não deve ser usado para justificar abusos sexuais ou relações não consentidas por um dos cônjuges.

Como dizia Bruce Winter, “o marido tem a obrigação de manter relações sexuais com sua esposa, e a esposa com seu marido” [4]. De tal modo que até mesmo a abstinência do casal por propósitos espirituais não pode se prolongar, “para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio” (1Co 7.5). O adultério ronda as portas de todo casal, e é preciso garantir que propósitos espirituais não sejam mal utilizados para dar lugar à infidelidade.

Ao enfatizar a necessidade da concordância e da curta duração para a abstinência sexual, Paulo está claramente enfatizando a necessidade de sexualidade ativa entre o casal, como forma de se corresponderem mutuamente e se satisfazerem. Sexo no casamento é amor, é alegria, é recreação! Até mesmo a Declaração de Fé das Assembleias de Deus reconhece este propósito da sexualidade do casal:

“Entendemos que o homem é unido sexualmente à sua esposa, como resultado do amor conjugal, não só para procriar, mas também para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa”[5]

Stanley Horton entende que “Paulo não considera as relações sexuais como somente para procriação”. Aquele teólogo pentecostal dizia sobre a relação entre casados: “Visto que no plano de Deus eles são unidos como uma carne, cada um possui o corpo do outro. Nenhum dos dois deve pensar somente em seu próprio prazer ou desejos. Cada um deve interessar-se em satisfazer os desejos sexuais normais, dados por Deus, que o outro tem” [6].

Horton ainda faz um alerta importante para os que cônjuges que gostam de usar o sexo como uma moeda de barganha no casamento: “A abstinência sexual no casamento não deve ser a norma para os cristãos. Nem o sexo deve ser usado para manipular o cônjuge” [7]. Como dizia Paulo aos casados: “Não vos defraudeis um ao outro”, ou seja, “parem de se privar” (1Co 7.5).

O livro de Provérbios, que também traz algumas anotações sobre moralidade sexual, orienta os jovens casados: “Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela” (Pv 5.18,19).

Unidade

“…Serão ambos uma só carne” – é o que dizem as Escrituras sobre o homem que se une à sua mulher (Gn 2.24; Mt 19.5,6). Josh McDowell e Erin Davis destacam este propósito na relação sexual quando dissertam assim:

“Como seres humanos, somos dotados de um profundo desejo por intimidade. Ansiamos por nos unir a outros seres humanos e a Deus. O Senhor nos criou com esse desejo. Parte do seu projeto para o sexo inclui satisfazer essa necessidade de relacionar-se de modo pessoal. Está provado cientificamente que o sexo cria um laço entre duas pessoas, mas os níveis mais profundos de união e intimidade só podem ser atingidos com a busca do plano de Deus para o sexo” [8].

Acho que posso ilustrar a base científica à que os autores fazem menção. Quando eu fazia a quinta série do ensino fundamental, tive um excelente professor de Matemática. Ele não era o que chamaríamos de um exemplo de beleza física, mas era um bom homem (até onde pudemos, enquanto alunos, saber). Ele era casado com uma mulher muito bonita, e que também era professora. Às vezes ela até o substituía quando por alguma razão era impedido de dar aulas. Mas o que quero destacar é que nunca me saiu da cabeça (talvez porque como para qualquer adolescente a experiência inusitada marca mais) o dia em que ele (não lembro exatamente o contexto) disse que já tinha namorado algumas mulheres na vida, mas depois que se relacionou sexualmente com sua esposa, seu coração passou a ser só dela.

Creio que é este o ponto que McDowell e Davis destacam com muita propriedade: a relação sexual tem um poder natural de estreitar a intimidade e aproximar mais não só dois corpos, mas duas almas! Agora, como disse na introdução, o homem corrompeu o sexo e de longas eras vê-se um uso promíscuo da prática sexual, na qual não existe nenhum envolvimento para além da troca de fluídos e uma satisfação carnal momentânea. De fato, o sexo como criado por Deus, tende a unir de tal modo um homem e uma mulher – relação heterossexual, diga-se de passagem! – que os dois passam a viver uma união singular, que de nenhum outro modo seria possível, nem mesmo entre amigos mais chegados.

Creio que as palavras de Ortlund Jr. cabem muito bem aqui para finalizar este tópico e introduzir o próximo, quando ele falava da profundidade que é a relação matrimonial, enquanto esta geram uma união singular entre o casal:

“o casamento é a união mais profunda existente entre dois seres humanos (…) ‘Uma só carne’ envolve uma vida inteira, apego exclusivo de um homem a uma mulher em uma vida plenamente compartilhada. O casamento põe uma barreira em torno do marido e sua esposa e destróis todas as barreiras entre eles; eles pertencem inteiramente um ao outro, e somente um ao outro” [9]

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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