estudos bíblicos
O que é santidade?
Estudo bíblico sobre o que a Bíblia diz a respeito da santidade no Velho e Novo Testamento.
Segundo D.G. Peterson [1], é difícil de determinar o significado etimológico das palavras “santidade” (hb. qôdesh, substantivo) ou “santo” (hb. qâdôsh, adjetivo).
O sentido mais comum atribuído a estas palavras é o de “separação”, uma vez que geralmente aparece na Bíblia como oposto de “profano” ou “comum” (Lv 10.10).
Uma coisa é certa: os termos santidade/santo são usados fundamentalmente para expressar um dos mais destacados atributos de Deus em toda Bíblia, fazendo referência à pureza suprema do ser e das obras de Deus, em distinção das coisas comuns ou profanas.
Santidade, a marca do povo de Deus
Deus como padrão de santidade para o povo
O Pai é santo, o Espírito já traz o nome de Santo, e o Filho é santo! Aliás, longe de atenuar a santidade de Jesus, o que o NT faz é exaltá-la:
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26).
Vemos nesse texto de Hebreus o profundo sentido da palavra “santo” quando atribuída à Deus na Bíblia: pureza, ausência de mancha, distinção dos pecadores, sublime majestade! Deus é o único santo em si mesmo, e, portanto, é nosso padrão mais elevado de santidade.
Mas a santidade é um atributo comunicável de Deus com suas criaturas, embora jamais gozaremos de plena pureza aqui, enquanto ainda sofremos as tentações da carne e os resquícios do velho homem não totalmente aniquilado. Deus é totalmente santo, distinto e separado de tudo o que ele fez, bem como diferente dos deuses venerados pelos canaanitas para cuja terra os hebreus fugitivos do Egito caminhavam.
Tanto no AT como no NT, o povo santo de Deus, que partilha de sua santidade, é chamado a viver de maneira que demonstre a realidade do relacionamento com Deus e uns com os outros.
Em virtude de Deus ser o padrão de santidade e desejar que o povo ligado a ele demonstre semelhante pureza, é que ele ordena: “E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos para serdes meus” (Lv 20.26).
Este é talvez o texto-chave do livro de Levítico, e que aponta para a principal qualidade que Deus espera encontrar no povo que com mão forte ele livrou da escravidão do faraó, povo através do qual Deus deseja trazer as leis santas, os costumes santos e o Messias santo! Infelizmente, quase sempre Israel ficou aquém dos anseios e investimentos divinos (Is 5.1-7), embora isso não fosse surpresa para aquele que é também onisciente e previu as muitas quedas de seu povo eleito (Dt 31.15-18).
Deus como fonte de santidade para o povo
A santidade não é um esforço sobre-humano para se adequar aos padrões de exigência da divindade. É uma obra que o próprio Deus opera em nós quando lhe damos o livre consentimento de nosso coração e submetemo-nos à sua vontade, ainda que tenhamos que sofrer a dor da renúncia.
Através de Moisés o Senhor disse ao povo: “Obedeçam aos meus decretos e pratiquem-nos. Eu sou o SENHOR que os santifica” (Lv 20.8, NVI). Percebamos: é o Senhor quem santifica o seu povo, é Ele quem remove a mancha do pecado e dignifica os seus escolhidos.
Todavia, como esta não é uma obra divina incondicional, Deus exige antes que seu povo lhe obedeça. Pois não há santificação onde não há obediência! Deus dá um coração fiel ao seu povo, para que este O ame de todo coração e de toda a alma (Dt 30.6), mas somente quando o povo se volta para Ele obedientemente (Dt 30.2). No Novo Testamento é dito que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado, mas somente se confessarmos nossos pecados e andarmos na luz (1Jo 1.7,9). Não existe santificação irresistível!
Israel deveria sempre olhar para Deus, e uma vez que dispunham da revelação agora escrita na Lei, perguntar-se: “o que agrada a Deus para que façamos? E o que aborrece a Deus para que evitemos?” – estas são perguntas sinceras que qualquer coração santificado e em santificação deve fazer. Deus revelou muitas das abominações que lhe desagradavam e pelas quais Ele traria juízo sobre os povos que habitavam Canaã (Lv 20.23).
Como vimos nas lições anteriores, o livro de Levítico é um manual detalhado de pureza e de adoração, que enaltece a beleza da santidade de Deus pela qual Ele espera ser adorado (Sl 29.2; 96.9).
Santidade para o povo de Deus no Novo Testamento
No NT Paulo diz que devemos discernir o que é agradável a Deus (Ef 5.10). Noutra ocasião ele diz qual a vontade de Deus para nós: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts 4.3).
Embora leis cerimoniais e muitos costumes de Israel que demostravam o zelo do Senhor para com aquele povo já não se apliquem mais à Igreja do Novo Testamento, é fato que Deus continua exigindo santificação daqueles a quem ele, mediante Jesus Cristo, chama para si! “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1).
Embora tenhamos nos fiéis servos do Senhor exemplos de santidade que devem nos inspirar uma conduta de vida reta (1Co 11.1; 2Tm 2.22; Hb 13.7), Deus continua sendo a maior referência de pureza para o qual devemos olhar:
“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação” (1Pe 1.15-17).
E novamente, Deus é apontado como a fonte de nossa santidade (estado) e santificação (processo): “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).