estudos bíblicos
O reavivamento de Pensacola
Os excessos que eventualmente podem ter ocorrido em Brownsville, foram por consentirem em se afastar da Palavra de Deus.
No dia 18 de junho de 1995, num culto de ação de graças pelo Dia dos Pais que tinha tudo para ser mais um, numa igreja Assembleia de Deus, em Brownsville – subúrbio de Pensacola – na Flórida, EUA, o evangelista Steve Hill (1954 – 2014), recém chegado de Londres, inaugurou o que ficou conhecido como Reavivamento de Pensacola. Também chamado por Derramamento de Pensacola ou ainda Reavivamento de Brownsville em algumas literaturas.
Naquela manhã, Hill pregou e fez um convite simples aos presentes que quisessem receber oração. Dezenas de pessoas atenderam ao pedido e a partir do momento que começou a oração teve início a manifestações espirituais ainda desconhecidas para a comunidade. Nesse dia, o próprio pastor de Brownsville, John Kilpatrick, foi impactado, desabou ao chão e lá permaneceu por ao menos três horas e meia. O que era para ser mais um culto, mais uma oração, culminou com o conhecido Reavivamento de Pensacola.
Uma coisa que suscitou imediatamente todo tipo de discussão – seja contra ou a favor – foram as quedas, tremores, riso e choro manifestadas nas pessoas que para lá acorriam e frequentavam os cultos. O pastor Kilpatrick, foi um dos que se mostrava cético com tais fenômenos, até acontecer com ele próprio.
O Reavivamento de Pensacola, rapidamente chamou a atenção dos veículos de comunicação e acabou tendo cobertura da grande mídia norte-americana, entre elas o New York Time, Washington Post e até da Rede CNN. Foi veiculado de tal modo, que atraiu a atenção de pessoas do mundo todo que para lá afluíam e esperavam por horas numa fila, expostas ao tempo, para conseguir um assento na igreja e ter a oportunidade de assistir a um culto, conforme se comprova por fotos e vídeos disponíveis aos milhares na internet.
Como eram os cultos
Após o dia do início do reavivamento, a igreja passou a ficar aberta de terça-feira a domingo. Só fechava ao público às segundas-feiras, que era reservada para alguma reunião administrativa ou com as famílias e lideranças. Às terças-feiras, era o dia dedicado à intercessão e batalha espiritual. Com todo o preconceito que esse termo possa sugerir nos evangélicos hoje em dia, já que se encontra distorcido e com a semântica contaminada pelos teólogos de meia-leitura e verdades de blog, era assim que Brownsville tratava seus cultos de terça-feira.
Lila Terhune e Craig Howell eram os responsáveis pela equipe de intercessão. Na literatura sobre o Reavivamento de Pensacola eles constam como personagens cruciais pelo alcance que teve o movimento e pelo papel que desempenharam.
Howell diz que além das terças-feiras específicas para intercessão, eles oravam diariamente das 16h às 18h antes do início dos cultos. Essas reuniões eram basicamente adoração e ao final intercediam pelo reavivamento em si e pela Igreja de Cristo.
O louvor ficava a cargo de Lindell Cooley. Basta procurar por “lindell cooley brownsville revival” no youtube que há disponível farto material de suas ministrações em cultos reais, o que torna a pesquisa pelo tema muito mais interessante.
Os testemunhos também faziam parte da liturgia. Embora não agrade a puritanos, os testemunhos tinham enorme importância, visto que eram as pessoas impactadas testemunhando do que receberam. Eram desde pecadores arrependidos, convertidos, casais com casamentos restaurados, curas de enfermidades, entre outros.
A pregação
Quando Steve Hill assumia o púlpito, ele costumeiramente começava convidando o povo a repetir a mesma oração: “Querido Jesus, fala ao meu coração. Muda minha vida. No seu precioso nome, amém.”
Hill pregava à maneira pentecostal; com eloquência e fogo nas palavras. Gostava de pregar sempre mensagens evangelísticas. Era conhecido por acrescentar humor nas suas mensagens. Mencionava – com fins didáticos – que tinha em mente crianças de cinco anos, que precisavam entender do que se tratava que estava falando. Frequentemente levava objetos para ilustrar passagens bíblicas e tornar as pregações dinâmicas. Era críticado também por fazer pouco uso das Escrituras e pôr muita ênfase no reavivamento em si, em detrimento de levar as pessoas a conhecer mais a Cristo.
Vidas mudadas
Se há algo que não pode ser negado são as milhares de vidas mudadas e testemunhos de salvação. Documentos da liderança de Brownsville, atestam que mais de cem mil pessoas foram salvas como resultado daquele ministério. Há registros de inúmeros casamentos restaurados, libertação de endemoniados e cura divina. O interessante desse reavivamento é que há vasto material registrando esses acontecimentos, seja em vídeos, seja em documentos da própria igreja, seja da mídia que cobriu extensivamente o evento e estão disponíveis para quem esteja disposto a estudá-los.
Um testemunho interessante é o do Dr. Charles Woolwine, Vice-diretor do Colégio Niceville em Niceville, Flórida. Ele, sua família e alunos estiveram nos cultos de Brownsville e foram impactados de tal forma que a escola como um todo testemunhava, seja os alunos aprimorando os hábitos de estudo, comportamento e professores que testificaram a melhora da turma.
As críticas
Mesmo para os admiradores de Pensacola, é difícil negar como a liderança insistiu em ignorar sistemamente qualquer tipo de crítica ou comentário contrário que pudesse colocar em dúvida qualquer atividade da igreja. Embora, muitas críticas fossem completamente fundamentadas biblicamente e se atendidas teriam evitado algum desvio futuro.
No entanto, eram as manifestações ou fenômenos das pessoas caindo, tremendo, rindo, chorando que mais incitavam seus detratores. As polêmicas se espalhavam na mesma medida que o movimento crescia, muito embora pastores de outros ministérios e outros líderes testemunhassem que suas vidas tivessem mudado para melhor a partir dos cultos em Brownsville.
Quando estudamos o reavivamento de Pensacola, é preciso pedir dicernimento a Deus e ter olhos de amor e compaixão, para poder lidar com esse misto de críticas ácidas, preconceituosas, algumas vezes corretas, farisaísmo e polêmicas. Por outro lado, olhar para a realidade das pessoas que frequentaram os cultos e o próprio testemunho de suas vidas transformadas, pecadores arrependidos, salvos, curas e tantos outros que são fatos inegáveis.
Lição para hoje
Quando um movimento dessa magnitude acontece, é natural esperar as mais diversas reações. Uma delas é a cisão que causa nas lideranças e o dilema da autoridade que aflora; ainda mais se os pregadores não forem os líderes. O impacto que a visitação tão real, quase palpável do Espírito Santo provoca no povo é tão grande que se torna realmente difícil manter algum controle sobre esse fluir. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim étodo aquele que é nascido do Espírito.” João 3:8
Outro ponto, são as críticas, amenas ou destrutivas, que virão por parte dos que estão de fora do movimento e não entendem direito o que está acontecendo e julgam a partir de falatórios e fatos desconexos.
Como todo reavivamento ao longo da história, esse não poderia ser diferente e ocorreu debaixo de muita oração e busca obstinada pelo derramamento do Espírito Santo. Portanto, se alguém quer reavivamento, não é chamando pessoas de fora, mas antes dedicando muitas horas de oração, por muito tempo, incansavelmente. Pelo menos, essa é a única característica em comum com a grande, senão, maioria dos movimentos de reavivamento.
Os excessos que eventualmente podem ter ocorrido em Brownsville, foram por consentirem-se afastar da Palavra de Deus, a Bíblia. Firme atenção à doutrina bíblica, evitaria excessos e desvios. A distância do evento permite a outrem olhar com mais clareza para tudo que aconteceu. Lendo os relatos e o estardalhaço que causou na comunidade, a comoção, o impacto que teve e o assédio da grande mídia, só mesmo o discernimento do Espírito Santo para guiar pelo correto caminho num momento tão especial como esse.
Guia-nos, Deus!
Bibliografia:
Bill Sherman, “Pensacola Revival Reaches Tulsa,” The Tulsa World (Maio, 1997).
John Kilpatrick, “Feast of Fire” (Pensacola, FL: John Kilpatrick, 1995)
Albert James Dager, “Pensacola Revival or Reveling?” (Media Spotlight, 1997)
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