opinião
O tempo do reverso
Virou moda mostrar os heróis como vilões e vice-versa.
Estamos vivendo precisamente este tempo. Observou, prezado(a) internauta, como pululam cada vez mais informes, mídias, textos, propagandas, tudo enfatizando o oposto, o contrário? Explico: há um tempo, no bilionário mercado do entretenimento, virou moda mostrar os heróis como vilões e vice-versa, os vilões como heróis. Os heróis, alguns dos quais se consagraram como forças morais irredutíveis, atualmente são mostrados como “não sendo tão bons assim”. Fraquezas morais e deficiências de caráter marcam heróis conflituosos, cuja atuação em HQ´s e no cinema fariam corar de vergonha os seus próprios criadores, há tempos. Todavia, esta inversão em mídias de entretenimento é apenas a ponta do iceberg quando o assunto é o reverso. Em várias outras áreas tem-se visto o mesmo fenômeno.
A chamada “indústria da lacração” ou do “cancelamento” também está fazendo história negativa com apelo ao reverso. Exaltando movimentos pseudorevolucionários, como os de cunho racial, promovem, agora, um “racismo reverso”: brancos estão sendo alvos de racismos em todo o mundo ocidental, a fim de que um ilusório “senso de compensação” seja visto como justo e merecido. Promovendo, então, a discriminação às avessas, a “indústria da lacração” destaca artistas, pessoas da mídia, políticos etc., a que promovam um sentimento inadequado e piegas de arrependimento generalizado: dos brancos, por serem brancos; ou dos homens, por serem homens. Não é isto o que temos visto cada vez mais frequentemente na TV?
O reverso também está presente no modus operandi das instituições de ensino. Observe-se as universidade federais. Aumentam os casos de teses e dissertações que glamourizam a ignorância, o amoral, sob a égide de fazerem precisamente o contrário: afirmam defender a importância do saber e da moral. Quando vemos um aumento de “estudos científicos” (de caso) que legitimam a liberação das drogas, ou de associações intelectualoides do conservadorismo com o fascismo, por exemplo, tudo sob o viés da ideologia, sabemos que há um plano para se estabelecer o reverso como normal.
Por fim, observamos um tanto admirados a posição de alguns que, outrora, eram conhecidos por defenderem o Evangelho. Um dos pilares da apologética cristã é a defesa do Evangelho. A inviolabilidade de sua mensagem essencial é um preceito que garante, inclusive, sua transmissão eficiente, isto é, apta àquilo a que se propõe: a salvação do homem. Como, então, pessoas de dentro das fileiras da Igreja defendem abertamente posições, “em nome da fé”, que contrariam o que a fé apregoa? Como é possível falarmos, por exemplo, num “evangelho sem Bíblia” ou com “a Bíblia dizendo o oposto do que o que ela realmente diz”? Como é possível falarmos em Igreja sem a Bíblia? Sim, se para defendermos o que a Bíblia diz sobre a Igreja é necessário “modificar a Bíblia”, então estão obviamente usando a Bíblia para delegitimá-la e, com isso, enfraquecer a própria Igreja!
Numa era tão confusa quanto a nossa, a exortação de Jesus sobre “discernir os sinais dos tempos” (Mt. 16:3) parece-nos mais do que urgente. É urgentíssima. Esta é a única forma de não sermos arrolados com as violentas transformações que acontecem diante de nossos olhos. Sabermos sobre “o tempo” significa conhecermos valores e tendências, e, a partir destas, delinearmos o que pode e será posto em prática. Também significa prepararmo-nos com as melhores respostas e estratégias, como Igreja, para respondermos sobre a “razão da esperança” que há em nós (1 Pe. 3:15). O tempo do reverso é um tempo de desafios. Alguns destes, prevejo, deverão se revelar entre os maiores que a Igreja terá de enfrentar. E, repito, eles não estão vindo. Chegaram e se posicionam para dominarem todos os aspectos da vida humana.
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