opinião
O vexame da cruz. Ela te envergonha?
Quando alimentos com a cruz impressa são rejeitados e crucifixos são escondidos e retirados.
Dois acontecimentos fizeram meu coração tremer nestes últimos dias.
Na fronteira da Hungria e da Grécia, vídeos mostram que enquanto a Cruz Vermelha fazia a entrega costumeira de alimentos para os refugiados vindos da Síria, estes mesmos jogavam, pisavam e faziam pouco caso dessa ajuda. A alegação da recusa deles seria tanto a comida que é Haraam (pecado) quanto o logotipo em forma de cruz na cor vermelha impressa nas caixas.
É bom lembrar que o símbolo da cruz vermelha foi escolhido pelo voluntariado das organizações médicas desde 1864. Mas, em 1906 os mulçumanos já questionavam o uso do símbolo e adotaram o Crescente Vermelho como insígnia paralela de ajuda humanitária.
O outro episódio que me chamou a atenção ocorreu aqui em São Paulo. Dois religiosos ao visitarem alguns refugiados sírios foram fotografados com a cruz que normalmente é exibida em colares no peito, escondida. Devidamente enfiada no bolso do casaco clerical.
A foto do ocorrido tomou as redes sociais. Alguns fiéis acusavam seus lideres de se renderem ao islamismo e de tentarem não “incomodar”, escondendo a cruz para não constranger os refugiados de religião islâmica. Outros, no entanto, saíam em defesa dos religiosos trazendo a público outras fotos de outras ocasiões em que esses mesmos lideres agiram igualmente, como modo habitual, colocando suas cruzes dentro dos bolsos em situações comuns do dia a dia.
Quando olhamos para o texto de Isaías 53, vemos um filme passar.
Nas ruas de Jerusalém um Rei passa, com aparência desprezível, doente e sofredor, sem beleza, sem porte de herói, machucado. Ele arrastava uma cruz. Todos que o olhavam pensavam ser ele um amaldiçoado e ferido de Deus, que estava sofrendo a justa punição pelos seus pecados.
A narrativa continua e no versículo 5, então é feita uma revelação constrangedora, “A verdade, porém é esta: Ele foi ferido por causa de nossos pecados; seu corpo foi esmagado por causa das nossas maldades…”. E esse Rei embora não tenha cometido nenhum crime, morreu como um criminoso… O profeta informa ainda que, “Apesar disso, o plano perfeito do Senhor exigia sua morte e seu sofrimento.” Isaías 53.10.
Cristo na cruz, era plano perfeito de Deus!
De lá para cá, a religião tentou de muitas formas “amenizar”, ou mesmo se utilizar dessa cruz e dessa mensagem.
Primeiramente ela foi veementemente recusada e os cristãos eram perseguidos e mortos por causa dela. Depois ela foi “aceita” e utilizada como instrumento místico na Idade Média, e quem a possuía estava a salvo de perseguições. Em seguida foi espalhada em repartições públicas e nas entradas das cidades e em cima de morros, e tratada como símbolo de fé pela fé.
Em nosso país, janeiro de 2011, a presidente do estado brasileiro no seu primeiro dia de mandato, retira do seu gabinete a Bíblia e a Cruz. Ela não deseja uma aproximação, mínima que seja, com estes símbolos. A não ser em período eleitoral. Fora disso a distância segura deveria ser preservada.
O que vemos? É parece que agora a cruz começa a fazer o caminho reverso. Ela é repelida, enxotada, e começa a ser encaixotada, escondida.
Mas, isso é uma surpresa para o povo da cruz? Não, não é surpresa, e o apóstolo Paulo responde o porquê: “Sei perfeitamente bem como parece loucura, para aqueles que estão perdidos, a mensagem da cruz”. 1Co 1.18. E continua, “… é loucura para os gentios, porque eles creem somente naquilo que concorde com a sua filosofia (conveniência) e lhes pareça sábio. Por isso quando pregamos o Cristo crucificado, os judeus se ofendem e os gentios afirmam que tudo isso é um disparate”. v 23.
Contudo, o mais doloroso não é ver a cruz ser rejeitada e ridicularizada mundo afora. Porque o que aguarda o verdadeiro evangelho da cruz no fim dos tempos é o mais completo desprezo e perseguição.
O pior e mais angustiante é ver a mensagem dessa cruz ser amenizada, encapsulada e dissolvida para melhor digestão dentro da igreja. É vê-la sendo retirada pelos próprios cristãos, de muitos púlpitos, de muitas pregações e de muitos cânticos. Foi substituída por mensagens de auto-ajuda, por pregações de prosperidade e por estrofes curtas, que dizem ser o homem merecedor de um caminho sem sofrimento, sem escárnio, SEM CRUZ.
Mas, o mesmo Rei da glória que andou pelas ruas de Jerusalém levando o madeiro do vexame, ressuscitou, derrotou o inimigo da cruz e foi exaltado como Chefe e Senhor de todos. E é ele mesmo quem diz, pra mim e pra você, para trilharmos o mesmo caminho, “Venha, tome sua cruz e siga-me”.
E avisa: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na sua glória, na glória de seu pai e dos santos anjos.”
Você se envergonha da cruz?
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