Padre é acusado de pornografia e jogador interrompe missa para cobrar explicação

Durante a missa do dia 30 de maio na paróquia de Nossa Senhora da Visitação, em Green Township, Ohio, o ex-jogador da NFL Jake McQuaide interrompeu a celebração litúrgica para interpelar publicamente o arcebispo Robert Casey a respeito de suposto uso de pornografia por um sacerdote local. O episódio, transmitido por live stream da igreja, resultou na escolta do atleta para fora do templo por policiais presentes no local. McQuaide não foi preso nem formalmente acusado.

A ação aconteceu logo após a leitura, por parte do arcebispo, de uma carta endereçada aos fiéis, na qual Casey afirmou que “várias preocupações” haviam sido levantadas à arquidiocese, mas que “nenhuma irregularidade – criminal ou eclesiástica – foi fundamentada”. A carta também alertava que “a disseminação de rumores é pecaminosa” e pode prejudicar a reputação dos envolvidos.

Ao término da leitura, McQuaide se levantou e questionou em voz alta: “Queremos colocar esses rumores para descansar. Você pode responder isso para mim?”. Diante da recusa do arcebispo, que declarou que aquele não era o momento apropriado, McQuaide insistiu: “Desculpe, senhor, este é o tempo e o lugar. Eu vou me levantar.”

Na sequência, perguntou diretamente: “O padre usou nosso computador paroquial para ver pornografia? É verdade ou falso?”, acrescentando: “Você pode olhar pornografia em sua casa, mas você não pode fazê-lo aqui.”.

A arquidiocese de Cincinnati solicitou a presença policial nas celebrações do fim de semana seguinte como medida preventiva, ainda que nenhuma acusação formal tenha sido feita contra McQuaide.

Além do ex-jogador, outro frequentador, Todd Zureick, também expressou descontentamento. Antes da missa de domingo, 1º de junho, Zureick afirmou aos demais fiéis: “Haverá alegações hoje de que material inapropriado não foi encontrado. Foi. Essa é a verdade.” Segundo ele, foram entregues à arquidiocese imagens de um laptop paroquial contendo links para conteúdos pornográficos e jogos de RPG de teor sexual.

Zureick lamentou a forma como a situação foi conduzida, dizendo: “É triste e embaraçoso que a falta de controle institucional e a falta de liderança por nossa liderança paroquial tenham levado a isso.” Ele afirmou que a comunidade desejava apenas transparência: “Nunca desejaríamos isso para nossa paróquia.”

Em nota oficial, a arquidiocese negou as acusações, afirmando que o sacerdote envolvido, identificado como padre Bachman, não recebeu nenhum computador paroquial e não há evidências de má conduta. “Como o arcebispo Casey afirmou, todos enfrentam desafios particulares na vida. Os padres não são diferentes”, diz o comunicado, acrescentando que a arquidiocese continuará oferecendo apoio espiritual e pessoal a seus sacerdotes.

Segundo a nota, o padre Bachman iniciará um período sabático previamente planejado em julho. A polícia local confirmou que não há investigação criminal em curso, uma vez que o fato relatado, por si só, não constitui crime. O capitão Mitch Hill declarou: “Ver pornografia, por si só, não seria ilegal ou faria com que uma investigação criminal fosse lançada.”

O episódio se insere num contexto mais amplo: fiéis de três paróquias da região, incluindo a Visitation, entregaram neste ano uma petição pedindo “responsabilidade, transparência e liderança” da arquidiocese.

O arcebispo Casey já havia sido mencionado em outra investigação anterior, relacionada a um suposto caso de extorsão sexual em 2023. A carta lida durante a missa, no entanto, não mencionou esse histórico. Casey finalizou o comunicado reconhecendo que “a mudança pode ser difícil, e as coisas nem sempre podem se desdobrar de acordo com nossas preferências pessoais”.