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Padres gays são maioria, diz ex-seminarista sobre bastidores católicos

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Padres gays são maioria, diz ex-seminarista em livro sobre bastidores católicos

Brendo Silva, 33 anos, que por sete anos foi seminarista na Igreja Católica, declarou-se atualmente agnóstico e lançou a obra A Vida Secreta dos Padres Gays (Editora Matrix). O livro, que aborda relatos sobre a vivência de homossexuais dentro do clero, tem gerado ampla repercussão e discussões em torno de um dos temas mais sensíveis do ambiente eclesiástico.

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As declarações constam de entrevista concedida à revista Veja. Silva é pedagogo e possui pós-graduação em sexologia e religiosidade. Desde a divulgação da obra, ele afirma ter recebido ameaças de morte, conforme noticiado pela coluna Radar. Ainda que não revele nomes, o autor afirma ter baseado suas denúncias em experiências pessoais e relatos de pessoas ligadas à vida clerical.

Vivência no seminário

Ao recordar o tempo que passou na formação religiosa, Silva relatou que, já entre os coroinhas e durante o período vocacional, percebeu a predominância de meninos homossexuais. “Quando entrei no seminário, com 14 anos, minha turma era formada por 12 seminaristas; 8 eram gays ou bissexuais”, afirmou.

Ele diz que, por conta da imaturidade da idade, inicialmente não compreendia a situação. “Mas os anos foram se passando e, por todo lugar que eu ia – morei em vários –, sempre a maioria dos padres e seminaristas era gay”, declarou. Segundo ele, o livro procura responder à pergunta: por que a Igreja atrai tantos homens homossexuais? “Descobri que não é só um refúgio, como o senso comum diz. Há outras razões mais profundas”.

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Encontro com um bispo

Silva contou que, já fora do seminário, foi procurado por um bispo por meio das redes sociais. Segundo ele, o religioso pediu seu número de WhatsApp e, após troca de mensagens, convidou-o para um almoço. O encontro ocorreu em uma churrascaria na cidade de São Paulo, onde ambos residiam. “No final do encontro, ele direcionou a conversa para um tom mais sexual e me chamou para ir a um motel. Enfim, fomos”, relatou.

Brendo também falou sobre o processo que o levou a se afastar definitivamente da Igreja. Durante um período em que residia na Europa, pediu para deixar o seminário. “Tentei de todas as formas renegar minha sexualidade. Fiz jejum, mortificação, sacrifícios… mas isso não cessava”, afirmou. “Comecei a entender que fazia parte de mim e que eu não queria viver uma vida dupla, como vi tantos colegas viverem”.

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Ele relata que, mesmo após a saída, manteve contato com padres e seminaristas: “Não quero usar o ambão para pregar uma coisa e, por trás, fazer outra”.

Homossexuais no clero

Segundo Brendo, o número de padres homossexuais é significativo. “Quase todo mundo ali é gay”, afirmou. Ele diz que os heterossexuais com quem conversou durante as entrevistas para o livro relatam terem se sentido deslocados. “A maioria era gay; os héteros estavam fora da regra”.

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Sobre o atual papa

O autor relata ter visitado o seminário da ordem agostiniana no Brasil, localizado em Bragança Paulista (SP), ligada ao atual papa Leão XIV. “Fiquei uma semana no seminário e, dos que conheci, não lembro de nenhum hétero lá”.

Ele também mencionou estudos que especulam sobre a sexualidade de papas anteriores, como Paulo VI, embora tais afirmações não sejam comprovadas. “Se temos maioria de padres e bispos gays, é claro que já tivemos papa gay”, disse. A afirmação, no entanto, não é apoiada por fontes oficiais da Igreja.

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Ameaças

Brendo afirma que, após o lançamento do livro, recebeu ameaças. “Nenhum padre me disse que estou mentindo. Apenas dizem: ‘Não fale sobre isso’. Não negam; apenas pedem silêncio.” Segundo ele, a questão permanece como um tabu, mesmo entre os envolvidos.

Silva afirmou conhecer um padre famoso, com participação em programas de televisão, que seria homossexual. Segundo ele, há registros e documentos que comprovariam a informação, mas optou por não incluí-los no livro para evitar ações judiciais. “Conheço e vi com meus próprios olhos”, afirmou. “Ele defende discursos moralistas publicamente, o que é ainda mais triste”.

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