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Pastor dos EUA investigado: “Volto para terra da liberdade”
Polícia abriu inquérito para investigar pastor por sua posição bíblica.
O pastor norte-americano David Eldridge, que está sendo investigado por dizer que pessoas LGBT irão para o inferno durante um evento em Brasília, deixou o Brasil e postou uma crítica velada em seu Instagram.
Ele escreveu que estava de volta à “terra da liberdade” após uma “semana incrível na América do Sul”, acompanhado da bandeira dos Estados Unidos. A publicação foi feita um dia depois de a Polícia Civil do Distrito Federal abrir um inquérito para investigar o pastor por sua pregação bíblica.
Durante o evento da Assembleia de Deus, realizado no pavilhão do Parque da Cidade no feriado de Carnaval, David Eldridge listou o tipo de pessoa que a Bíblia diz que vai para o inferno.
Ele afirmou que a comunidade LGBTQI+ tem “uma reserva no inferno”, assim como prostitutas, pessoas que assistem “coisas sexuais” na TV, mulheres que usam saia curta e homens que gostam de calça apertada.
O pastor afirmou, em inglês, que quem usa calça apertada tem “o espírito de homossexual” e que mulheres que usam saia curta “têm uma reserva lá no inferno”. Em outro momento da pregação, ele disse que havia ouvido um chamado para salvar os brasileiros de irem para o inferno.
A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) será responsável pela investigação do caso. A pena prevista pode ser de 4 a 10 anos.
A Decrin recebeu uma representação da Aliança Nacional LGBTI+ e da Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas (ABRAFH) pedindo apuração do caso. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa também solicitou a investigação. O deputado distrital Fábio Felix (PSOL), presidente da comissão, entrou com representação no Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT).
No entanto, é importante lembrar que não há legislação que criminalize uma pregação e que a repressão penal não limita o exercício da liberdade religiosa, como estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019 durante discussão sobre a criminalização da homofobia e da transfobia.
Na época, os ministros enfatizaram que a incitação à discriminação, hostilidade ou violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero configura discurso de ódio, mas que isso não alcança o ambiente religioso.
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