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Pastor Geremias do Couto explica a proposta da Terceira Via na CGADB

Em entrevista exclusiva, o pastor Geremias do Couto fala sobre a proposta da Terceira Via nas eleições da CGADB

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Quando a proposta “Terceira Via CGADB” surgiu parecia apenas uma maneira de despolarizar a rotineira disputa entre o pastor José Wellington Bezerra da Costa, atual presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus do Brasil (CGADB) e o pastor Samuel Câmara, presidente da Igreja Assembleia de Deus do Pará – igreja mãe. Mas aos poucos a proposta ganhou proporções cada vez maiores e acendeu a curiosidade de muitos pastores.

Entre outras coisas, a proposta parece resolver alguns algozes da Assembleia de Deus no Brasil, como o desgastes entre a Igreja Mãe e a CGADB, além da relação cada vez mais distante com a CONAMAD, do Bispo Manuel Ferreira, recentemente criticado por seu envolvimento com o reverendo Moon. Além de regularizar o trabalho da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

Mas muitas das propostas do projeto “Terceira Via” levantaram dúvidas sobre o real interesse dos fundadores, principalmente pelo fato de não ter sido apresentado um possível terceiro nome a candidatura da CGADB, como também o fato de alguns pastores olharem com desconfiança para a proposta em questão.

Vários nomes são recomendados por membros e pastores da Assembleia de Deus, entre eles Antonio Gilberto, Elinaldo Renovato, Elienai Cabral, Joel Holder, Antonio Dionízio, Esequias Soares, Claudionor de Andrade, Nestor Henrique, Virgínio José de Carvalho Neto, Anísio do Nascimento, Perci Fontoura.

Na proposta, a Terceira Via vai receber o nome dos indicados e em hora oportuna se reunirá para escolher o representante que irá disputar a eleição com os outros candidatos. Durante a campanha ela também fiscalizará os comportamentos eleitorais de cada candidato e, caso seja necessário, irá denunciar nos fóruns competentes todo e qualquer abuso que se verificar na busca de votos, trazendo, inclusive, ao conhecimento público.

O correspondente Michael Caceres entrevistou o pastor Geremias do Couto, um dos fundadores deste projeto. Leia a entrevista na integra:

A proposta da Terceira Via é de se ter um terceiro nome para concorrer a presidência da CGADB. Como seria a seleção deste terceiro nome?

A terceira via é uma proposta, antes de ser um nome. Embora seja importante saber quem vai representá-la, é extremamente vital que os pastores associados à CGADB conheçam bem os pontos que a Terceira Via propõe e compreendam a sua viabilidade para que possamos sair dessa “camisa de força” imposta por duas candidaturas já polarizadas há duas eleições. O nome que virá encabeçá-la surgirá, no tempo certo, por um processo natural à medida que as conversas forem sendo aprofundadas e os nossos pastores estejam seguros de que a Terceira Via não é mais do mesmo. Temos até o dia 31 de outubro de 2012 para definir todos os procedimentos.

Muitos pastores da AD preferem não comentar o tema, enquanto outros tantos aprovam o projeto. Como tem sido a repercussão do projeto Terceira Via?

A recepção tem sido a mais propícia possível. A partir do momento em que uma convenção estadual aprova moção de apoio ao atual presidente e cita entre os seus argumentos a Terceira Via, isso demonstra que ela não é vista como bolha de sabão, mas como possibilidade viável e sólida de conquistar espaços por falta de alternativa à polarização existente. Embora muitos líderes prefiram não comentar o tema em público, eles têm sido muito abertos, simpáticos e mostram bastante interesse no fortalecimento da Terceira Via.

A disputa entre José Wellington e Samuel Câmara desgastou a relação entre a CGADB e a Igreja-Mãe. Acredita que o projeto Terceira Via solucionaria este desgaste?

A Terceira Via não resolverá nada da noite para o dia. No entanto, uma de suas cláusulas pétreas será não permitir que interesses pessoais, políticos ou eclesiásticos se sobreponham aos interesses do Reino. Ou seja, no que depender dela a Igreja-Mãe e sua liderança serão tratados com a distinção que merecem tanto quanto o atual presidente e o seu ministério. A Terceira Via nasceu com a missão de reconstruir os muros e não derribá-los.

Tiveram a oportunidade de conversar com o pastor José Wellington ou com o pastor Samuel Câmara sobre o tema?

Estamos sempre abertos ao diálogo, mas em relação à Terceira Via ainda não conversamos. Mas se houver qualquer conversa, não aceitaremos qualquer hipótese de cooptação, pois estaríamos negando todos os valores embutidos nas propostas que a Terceira Via apresenta. Uma coisa posso lhe afirmar com certa segurança: nas eleições de 2013 é muito provável que a eleição para presidente vá pela primeira vez para o segundo turno.

Nas propostas no blog Terceira Via, especificamente na quarta proposta, é citado um comportamento inadequado “de certos pastores”, nas assembleias. O texto está se referindo as discussões entre José Wellington e Samuel Câmara?

Essa frase, referindo-se a comportamento de “certos pastores” nas assembleias, precisa ser compreendida no contexto em que foi escrita. Em primeiro lugar, somos exemplo, modelo, para aqueles aos quais lideramos. Somos também responsáveis por ensiná-los e os conscientizamos para que tenham comportamento responsável em tudo, inclusive no trato cordial uns para com os outros.

O que ocorre, como lá está escrito, é que pregamos, mas nós mesmos muitas vezes não praticamos. Isso vale para todos nós, inclusive os líderes mencionados acima. Queiramos ou não, é desconfortável para os assembleianos assistir ao vídeo que foi espalhado pelo Brasil através do You Tube em que os dois se altercam e um deles afirma que foi criado com “leite de cabra”, com um sentido sem a menor necessidade.

O blog também menciona que há diferenças na administração eclesiástica em todo Brasil. Acredita que a CGADB poderia controlar o interesse de toda a AD?

Geremias Couto – Como está bem claro nas propostas, a primeira medida de Terceira Via, logrando êxito, será convidar os presidentes de convenções estaduais e outros líderes nos próximos 30 dias para a oração, palavra e discutir o programa de ação da nova gestão para os próximos quatro anos, com prazo de validade.

Quanto à estrutura assembleiana, temos um sistema híbrido, já arraigado, que não se muda de uma hora para a outra. Por outro lado, a Terceira Via não deseja desconstruir o que já está construído. Mas é preciso um mínimo de ordenamento, que começa com pequenas mudanças, às quais gerarão credibilidade para mudanças mais profundas. Portanto, é um projeto de curto, médio e longo prazo, o qual dependerá muito da coesão entre as lideranças, num processo contínuo, e da credibilidade da Mesa que estiver na liderança da CGADB.

Quanto a CPAD, houve acusações de que uma e outra parte estariam interessados nos recursos da editora. Qual a proposta do Terceira Via para regulamentar o órgão?

O que podemos afirmar, sem nenhuma sombra de dúvida, é que a CPAD não pode servir a nenhum sistema político-eclesiástico, no sentido de atender os interesses desse sistema e, por consequência, beneficiá-lo, seja ele qual for. Por outro lado, a editora existe para servir às Assembleias de Deus e não servir-se dela. Reconhecemos as conquistas da CPAD até o presente momento, mas percebemos alguns desvios em seus propósitos.

Sem dúvida a Terceira Via terá um compromisso muito forte de fazer com que a entidade volte a ser de fato das Assembleias de Deus até porque ela não tem fins lucrativos. Um dos nossos alvos será valorizar, para valer, o autor nacional, inclusive os comentaristas de Lições Bíblicas, para que tenhamos cada vez mais material de qualidade produzido entre nós.

No âmbito institucional, acredita que a CGADB não exerce uma função ativa?

A CGADB, hoje, é muito passiva, inclusive na hora de reagir às grandes questões nacionais. Ela é uma máquina muito pesada, que pouco funciona, com conselhos que não dispõem de estrutura e recursos para atender os seus objetivos. Por outro lado, o associado paga uma anuidade, mas a CGADB não lhe presta nenhum serviço que possa ajudá-lo no desempenho do seu ministério.

A Terceira Via acredita que pode começar com coisas bem básicas, às quais não convém comentar aqui, que certamente farão da CGADB uma organização ativa e trarão um novo ânimo aos seus associados.

Caso a proposta seja aceita pela maioria dos pastores, qual será o papel do blog a partir de então?

O blog, como propulsor da proposta da Terceira Via, também tem prazo de validade. Ele encerra as suas atividades no exato momento em que a candidatura que vier a representá-la for registrada na CGADB. A partir daí, já com os nomes da chapa oficializados, se terá uma estrutura própria, oficial, para chegar aos pastores com a mensagem da Terceira Via já oficializada, que poderá incluir também um blog.

Com base neste projeto e em uma visão espiritual do Reino de Deus, é possível que haja entendimento entre CGADB, Igreja Mãe e o Ministério de Madureira?

Embora eu seja uma pessoa frágil, com as ambiguidades naturais a todos os seres humanos, sou uma pessoa idealista. Não posso prever o futuro, mas posso afirmar uma coisa: a chapa que vier a representar a Terceira Via nunca se negará a que se tenha entendimento entre a CGADB, Igreja-Mãe e o Ministério de Madureira, tendo em vista os valores do Reino de Deus.

Confira mais informações em www.terceiraviacgadb.com.br

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