No Qatar, evangélicos buscam recursos para erguer templo

Em uma cerimônia realizada no dia 24 de janeiro, a Aliança Evangélica Mundial (WEA) se uniu à Aliança de Igrejas Evangélicas no Qatar (ECAQ) para inaugurar um centro de adoração para cristãos evangélicos na região próxima à capital do país. Este projeto, orçado em US$ 50 milhões, visa oferecer um espaço para até 10 mil fiéis simultaneamente.

O centro será erguido em um terreno arrendado gratuitamente pelo governo do Qatar, com a conclusão do projeto prevista para 2028, conforme estipulado pelas autoridades locais.

A construção do centro, que incluirá salões de culto, uma livraria, uma cafeteria e espaços para eventos, busca atender às necessidades de uma comunidade predominantemente composta por expatriados. O Qatar, com uma população de cerca de 2,7 milhões, possui uma grande maioria de trabalhadores estrangeiros (88%), com aproximadamente 15% da população se identificando como cristã.

Essas comunidades evangélicas, compostas em sua maioria por trabalhadores oriundos de países como Filipinas, Índia, e África, entre outros, historicamente enfrentaram restrições para a construção de igrejas, sendo obrigadas a se reunir em espaços privados.

O projeto foi possível graças a um acordo formalizado em 2005, que permitiu a construção de centros de adoração para grupos religiosos registrados no país, com a ECAQ recebendo uma concessão de terreno pelo governo para a construção da nova igreja. Contudo, devido à localização estratégica da primeira área designada, o governo recuperou o terreno em 2015, levando a aliança a buscar um novo espaço. Em novembro de 2023, o governo forneceu um terreno maior, embora o aumento da área tenha gerado custos adicionais para a construção.

O centro será um local multifuncional, com uma capacidade de até 1.700 pessoas por reunião, além de várias salas de culto menores para congregações de diferentes tamanhos. No entanto, a construção do edifício enfrenta um desafio significativo devido ao alto custo, e a ECAQ tem buscado apoio financeiro de organizações internacionais, incluindo a WEA e igrejas coreanas, para garantir a viabilidade do projeto.

Em uma declaração sobre o projeto, o Secretário Geral Adjunto da WEA, Rev. Samuel Chiang, enfatizou que a construção do centro de adoração representa mais do que uma estrutura física, sendo uma manifestação da fé e uma ação espiritual de adoração. O Rev. Chiang, junto ao Rev. Yeonjong Ju, pastor associado da Igreja Sarang de Seul, sugeriu que a colaboração com as igrejas coreanas pode ser uma importante fonte de apoio financeiro para o projeto.

Apesar das permissões concedidas para a construção das igrejas, o cenário de liberdade religiosa no Qatar permanece restrito. O país, de maioria muçulmana, impõe severas limitações, incluindo a proibição de evangelização e a conversão de muçulmanos a outras religiões.

De acordo com o relatório de 2023 do Departamento de Estado dos EUA, o proselitismo religioso fora do islamismo pode resultar em prisão, e a posse de materiais missionários pode acarretar em multas e detenção.

As dificuldades enfrentadas pelos cristãos no Qatar, incluindo discriminação e vigilância, continuam a ser um desafio, com cidadãos catarianos não tendo permissão para frequentar os centros de adoração, enquanto cristãos migrantes devem manter sua fé em segredo para evitar perseguições, segundo informações do The Christian Post.

A Missão Portas Abertas, organização que monitora a perseguição religiosa, coloca o Qatar em 41º lugar em sua lista de países onde os cristãos enfrentam mais pressão por sua fé, refletindo a complexidade do cenário religioso no país.

Este projeto de construção de um centro de adoração no Qatar serve como um símbolo da perseverança da comunidade cristã expatriada, que, apesar das adversidades, continua a buscar um local onde possa expressar sua fé em um contexto desafiador.