estudos bíblicos
A salvação e o advento do Salvador
Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 3 do trimestre sobre “A obra da salvação”
“Em 20 de julho de 1969 aconteceu um feito extraordinário para a humanidade: o primeiro astronauta, enviado pelos Estados Unidos da América, pisa em solo lunar. Ao fazê-lo, proferiu uma frase que até hoje ecoa para muitos como símbolo da mais triunfal conquista humana de todos os tempos: ‘É um pequeno passo para o homem, mas um gigantesco salto para a Humanidade’. Orgulhoso pelo grande feito, o então presidente norte-americano Richard Nixon fez o seguinte discurso entusiasmado: ‘Esse é o dia mais importante para a Humanidade – o dia em que o homem pôs os seus pés na lua’.
Mas dentro da Casa Branca, acompanhando aquele feito tremendo e o discurso presidencial, estava o famoso evangelista Billy Graham, que atuou significativamente entre os grandes políticos do mundo, inclusive como conselheiro de muitos presidentes estadunidenses. O evangelista Graham pediu a palavra ao presidente e o corrigiu: ‘Presidente Nixon, o dia mais importante para a Humanidade não foi o dia em que o homem pôs os seus pés na lua, e sim, o dia em que Deus pôs os seus pés na Terra’. Certamente a Casa Branca tremeu com estas contundentes palavras do servo do Senhor!
A fé cristã está respaldada neste tripé histórico: nascimento (encarnação), morte e ressurreição de Jesus Cristo. Na verdade, não só a fé cristã, mas o mundo só está de pé dado esses grandiosos feitos, doutro modo há muito já teríamos perecido. A concepção milagrosa de Cristo no ventre da pobre jovem Maria, a morte expiatória de Cristo sob o clamor dos judeus e a injustiça do governo romano, e a sua ressurreição triunfal de entre os mortos, testemunhada pela guarda romana montada à entrada do túmulo, são indubitavelmente os fatos mais importantes que alteraram o curso da Humanidade e que até hoje repercutem como boas novas de Deus para todos os homens em todo mundo. A ida do homem à Lua não alterou muita coisa por aqui; mas a vinda de Jesus Cristo à terra foi a nossa salvação!”(1).
O trecho que você acabou de ler, o qual uso modestamente para a introdução do presente estudo, foi extraído do livro de minha autoria A mensagem da cruz: o amor que nos redimiu da ira (Leve, 2016), onde discorro sobre o maravilhoso plano de salvação para toda a humanidade e as sublimes mensagens que Deus está proclamando ao mundo através da cruz de Cristo Jesus.
Encarnação de Cristo: uma verdade inegociável
A Lição da EBD (A obra da salvação) desta semana é sobre um importante tema da fé cristã: a encarnação do Filho de Deus, nosso Salvador. Este tema tem tudo a ver com a proposta geral do trimestre que é um estudo da obra da salvação, e, sem dúvida, o esvaziamento temporário da majestade divina do Filho, a concepção virginal de Cristo no ventre da jovem virgem Maria, sua humilhação e identidade humana, são assuntos cruciais à nossa compreensão geral da maravilhosa obra de salvação.
Desde os tempos apostólicos, a crença na encarnação do Filho de Deus era vital à fé cristã, de tal modo que os que negassem esta convicção, a exemplo dos gnósticos emergentes ainda no primeiro século, eram contados entre os hereges e deveriam sofrer a ruptura de quaisquer relações com a igreja cristã: “…Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo…” (1Jo 4.2,3). Você pode achar que crer na encarnação do Filho de Deus seja algo muito elementar, o bê-a-bá da nossa fé. Está certo.
Mas existiam muitos doutores e sábios nos primeiros séculos, bem como em nossos dias, dispostos a “provar” o contrário (veja, por exemplo, o Docetismo, no segundo século); além do mais, debruçar-nos sobre este assunto produzirá em nós um profundo sentimento de gratidão ao nosso Salvador, que “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.6,7). O Filho encarnado é a maior dádiva que Deus poderia dar a humanidade!
A presente Lição terá três objetivos: I. Apresentar como se deu o anúncio do nascimento do Salvador; II. Explicar a respeito da concepção do Salvador; III. Mostrar que o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Capítulos bíblicos que considero muito importantes ao estudo desta semana são: Gênesis 3; Isaías 7 e 9; Miquéias 5; Mateus 1 e 2; Lucas 1 e 2; João 1; Filipenses 2 e 1João 4. Lê-los, acompanhado de bons comentários bíblicos será ainda mais enriquecedor para sua compreensão e aprendizado!
Um novo tabernáculo para Deus
Ainda mesmo no Éden, o próprio Deus fizera o primeiro prenúncio da encarnação do Salvador, quando, dirigindo-se à astuta serpente, disse: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). A semente da serpente apontava para todo império do mal, incluindo demônios e homens ímpios; ao passo que a semente da mulher apontava, a princípio, para Cristo, e consequentemente, para os salvos nele. Mas veja o que Deus está dizendo: aquele que feriria (esmagaria ou destruiria – que são traduções mais adequadas ao hebraico(2)) a cabeça da serpente viria da semente de Eva, numa referência ao mesmo tempo da humanidade de Jesus, como também uma possível referência a concepção milagrosa, sem semente ou gameta masculino, já que foi por obra miraculosa do Espírito Santo que a virgem engravidou (Lc 1.35). Ainda é importante notar: Jesus não “apareceu” em carne, ele não surgiu de repente em Jerusalém já uma criança ou homem adulto, como Adão, sem genealogia. Ele é homem perfeito e tem ascendência que remete ao primeiro casal. Jesus é perfeitamente nosso irmão, e disto não se envergonha (Hb 2.11).
Pode ser que nossos teólogos estejam certos ao dizer que o Filho de Deus já tinha aparecido aos homens antes, no Antigo Testamento, em manifestações teofânicas (ou cristofânicas), como a Abraão, a Josué, a Gideão, dentre outros. Entretanto, estas manifestações são aparecimentos repentinos e de curta duração numa aparência física que pudesse ser percebida por aqueles a quem Deus queria se revelar e numa medida que eles pudessem suportar, já que “homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Ex 33.20). Todavia, o corpo humano propriamente Cristo só o obteve na concepção em Maria. Na encarnação, Cristo não “aparece” e depois desaparece; não se “manifesta” e depois se oculta. Na encarnação, segundo nos diz o apóstolo João, o Filho “habitou entre nós” (Jo 1.14), ou como diz o texto grego traduzido ao pé da letra: tabernaculou entre nós (3). Ou seja, Cristo encarnado faz entre nós sua morada, por mais de trinta anos, já não manifestando-se mais no Santíssimo Lugar do Templo judeu, mas manifestando-se cotidianamente no pátio do Templo, nas ruas de Jerusalém, nas regiões pobres da Galiléia, às margens das praias, nos montes, nas sinagogas, nas casas, em volta de mesas, em festas de casamento, e mesmo em meio a cortejos fúnebres! Na encarnação, o Filho não tabernacula apenas no Templo, mas “entre nós” e “em nós” (Jo 14.23). Ele é verdadeiramente “Deus conosco” (Mt 1.23). Que bendito consolo temos daí para as labutas da vida!
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